Lembranças de Você.

Capítulo Trinta e Quatro

Melissa

Minhas roupas e algumas coisas pessoais couberam em uma mala media. A Vic teve que colocar tudo em uma mala grande, ela e seus exageros. Colocamos nossos causados em uma maletinha pequena, onde coube o meu All Star branco, um salto alto e minha rasteria. A Vic coloco uma sapatilha, dois saltos e uma sandália.

- Vic, pra que dois saltos ? Vamos pra praia!.

- Eu li na internet que tem festas no salão desse hotel quase todos os dias e você sabe como eu gosto de festas né.

Reviro os olhos.

Acabo de verificar tudo e vou tomar um banho, me arrumo colocando um short jeans, uma blusa regata preta, minha blusa xadrez de manga azul claro e meu all star preto.
Arrumo meu cabelo deixando ele solto e passo um pouco de batom.

- To pronta Vic.

- Eu também.

Vic estava de short preto e uma blusa regata branca, acompanhada de uma sapatilha rosinha claro.

Dim dom

- Os meninos chegaram! - grito.

Subo as escadas para pegar a minha mala e meu celular.

- Hey meninas! vamos ? - giz Gusta entrando no meu quarto.

- Oi Gusta - digo pegando a mala.

- Deixa eu levar pra você - diz ele pegando a mala.

Desso as escadas e Vic já estava colocando a sua mala no carro do Felippe.
Olho a casa para ver se ta tudo fechado e em seguida fecho a porta da frente e vou direto pro carro.

Vic e Gusta já estavam no banco de trás, Felippe no bando do motorista e eu iria sentar ao lado.

- Tudo okay ? - pergunta Felippe.

- Sim ! - dizemos eu e Vic juntas.

- Então ... pé na estrada - grita Gusta e Felippe da a partida.

Estávamos em uma estrada bem movimentada, o transito tava tranquilo e o sol estava de castigar mas até que aliviava com o ar condicionado do carro. Gusta e Felippe combinaram que na hora do almoço trocariam de lugar.

Vic e Gusta estavam dormindo abraçados no bando atrás de mim. Falta poucos minutos para chegamos em um restaurante onde iriamos abastecer o carro e almoçar.

- Esmeralda ?

- Já falei pra você não me chamar assim! - digo e ele me olha assutado com a minha ignorância. - To brincando.

Ele suspira aliviado.

- Depois do seu acidente, lembrou de algo mais ?

- Não - digo e baixo a cabeça - Vic me contou, a umas três noites atrás, que tem uma pessoa muito chateada por eu ter esquecido dela.

- Ela te falou quem é ?

- Não, ela quer que eu descubra sozinha. Eu tenho essa sensação sabe ? Tipo eu me sinto meio culpada por não poder reconhecer essa pessoa.

- Tem ideia de quem seja ? - pergunta ele desfiando o olhar da estrada.

- Não. Eu vi na internet que pessoas que perdem a memória em acidentes podem recurar aos poucos as suas lembranças. - digo e encosto minha cabeça no vidro da janela do carro - e eu não quero força a barra sabe.

- Entendo. Mas olha, saiba que se essa pessoa gosta realmente de você, vai te esperar, não importa o tempo que demore.

- Espero que sim. - fico observando os carros ultrapassarem o carro do Felippe - mas eu tenho medo de não poder lembrar dessa pessoa e ela ficar esperançosa demais.

- Hey - diz ele tirando uma mão do volante para segurar a minha - fica tranquila okay ? Não precisa se preocupar com isso. Ele vai tentar se aproximar o maximo que poder de você, só para poder ficar ao seu lado e te ajudar, de algum modo, se lembrar de tudo.

- Obrigado Felippe. - digo agradecida.

- Olha, já estamos chegando no restaurante.

- Vamos acordar eles então. - digo e olho para trás - Vic, a gente já vai parar pra abastecer e almoçar. - nenhuma reação - Gusta acorda! - eles nem se mexem.

- O que acha de acordamos eles de um jeito diferente - diz Felippe levantando uma sobrancelha e com um sorriso malicioso de lado.

- Gostei da ideia.

Ele liga o rádio onde passava músicas antigas, estava tocando "Pelados em santos" do mamonas assassinas.

Felippe aumenta mais um pouco o som deixando bastante alto, olho para trás e Vic mexeu um pouco a cabeça mas nada de acorda.

Então eu e o Felippe cantamos bem alto:

- Music is very good
(Oxente ai, ai, ai!)
Mas comigo ela não quer se casar
(Oxente ai, ai, ai!)
Na Brasília amarela com roda gaúcha
Ela não quer entrar
(Oxente ai, ai, ai!)

- Calem a boca duas Taguara rachada. - grita Vic.

Ignoramos ela e voltamos a canta e Gusta resolve cantar junto :

- É feijão com jabá
A desgraçada num quer compartilhar
Mas ela é lindia
Mutcho mar do que lindia
Very, very beautiful

Você me deixa doidião
Oh, yes! Oh, no!
Meu docinho de coco

- Calem a boca! - grita Vic e pula pra frente e abaixa o som.

- Estraga prazeres - diz Gusta fazendo bico de choro.

Chegamos depois de uns cinco minutos no tal restaurante.

Almoçamos e depois pegamos a estrada de novo, mas dessa vez o Gusta foi dirigindo e a Vic no banco da frente e eu e o Felippe ficamos no banco de trás.

*=*=*=*

- Ta tão quetinha. O que foi ? - pergunta Felippe sussurrando no meu ouvido.

Até me asustei quando ele fez isso, pois só o Gusta e a Vic estavam conversando.

- To pensando na minha mãe. Faz tempo que ela não da notícias. - digo bem baixinho encostando minha cabeça em seu ombro.

- Nossa! Depois do seu acidente ela sumiu.

- É que ela viajou à trabalho para o Japão, ela ia passar só quatro meses lá mas, já faz nove meses que ela ta lá e até agora ela não deu nenhuma notícia. - digo ainda em um sussurro para que só ele escute.

- Você não tinha me contado isso.

- Esqueci. Desculpa.

- Tudo bem. Mas depois ela vai dá um sinal de vida.

- Espero que sim.

Minha mãe recebeu um convite para ir trabalhar no Japão por quatro meses. Todos os dias ela me ligava, mas depois que se passou os quatro meses ela não retornou para o Brasil e nem deu mais notícias. Já fui na empresa onde ela trabalha mas dizem que ela esta bem e que no lugar onde ela esta trabalhando não tem areia para telefone e nem para internet.