PRÓLOGO

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Caça;

"Homens de preto, qual é sua missão?", gritaram no final do túnel de esgoto.

Ergui minha cabeça cabeça o máximo que consegui, essa porra de água do esgoto cheirando mal pra caralho. Meus olhos lacrimejando com o cheiro ruim, a água batendo no meu queixo, pertinho da minha boca. As armas penduradas por todo meu corpo pesam muito, me impedindo de andar rápido.. mas eu cheguei até aqui e nada vai me parar pô!

Sargento: Homens de preto, qual é sua missão? - Gritei o mais alto que deu.

"Entrar pela favela e deixar corpos no chão!". As vozes ficaram mais altas enquanto eu andava mais para frente.

Sargento: Entrar pela favela e deixar corpos no chão! - Gritei repetindo sentindo a porra da água suja molhar minha boca, cuspi no mesmo instante. Um gosto podre pra caralho.

Recuperei minha postura mermo sentindo vontade de vomitar, inclinei mais para cima minha cabeça ouvindo eles gritarem, cada vez mais alto e mais perto, essa merda toda que eles chamam de música.. Odeio cada uma dessas músicas pô, odeio mermo.

"Homens de preto, o que é que você faz?!".

Sorri aliviado observando a escada no fundo do túnel, iluminada por um pouco de luz, finalmente caralho! Estiquei o braço sentindo meu corpo pesado e segurei nela. Subi no primeiro degrau colado na parede, chacoalhando minha cabeça pra tirar toda água do rosto.

Sargento: Homens de preto, o que é que você faz?! - Gritei pisando no segundo e logo no terceiro degrau. Um atrás do outro e o mais rápido que consegui.

"Eu faço coisas que assustam o Satanás!".

Subi os últimos degraus em segundos, mermo com o peso dos armamentos e me pendurei na beira da saída pegando impulso nos pés para subir e sair dali de uma vez por todas.

Sargento: Eu faço coisas que assustam o Satanás! - Gritei e usei todo o impulso subindo, rolei pelo chão e me levantei rápido gritando e completando o resto.

Enquanto eles riam e batiam palmas, me olhando.. geral a minha volta me olhando como se eu fosse um deles. Mermo que eu não quisesse, agora pô, eu sou um deles.

Sargento: Cachorro latindo, criança chorando, vagabundo vazando! É BOPE chegando!

"BOPE vai te pegar! BOPE vai te pegar!".

Gritaram e eu comecei a tirar todo o armamento do meu corpo, ouvindo eles cantarem outras músicas do batalhão e fui na onda. Dançando e rindo, mermo com todo o desgaste físico, porra eu consegui. Eu tô honrando minha família e tô orgulhoso pra caralho disso, tô honrando meu pai..

"Fui subir o morro e levei um tiro. Parei no hospital mas quem morreu foi o bandido.
Dentro do meu leito sofri uma emboscada, tinham dois traficantes com uma Uzi engatilhada".

Tenente Antônio: Sargento Santana, seja bem vindo ao Batalhão de Operações Especiais do Rio de Janeiro. - Se aproximou com um sorriso de merda do caralho, o emblema de caveira na mão.

Agora não tem mais volta.. Eu tô dentro.

Sorri tirando o colete e minha camisa jogando pra longe de mim, ele segurou o emblema e posicionou no meu peito esquerdo, na altura do coração. Afastou a mão e voltou batendo em cima do emblema com força. De primeira o bagulho já prendeu na minha pele, não doeu não, aqui eu vivi coisas piores que isso. Então ele bateu mais uma, duas, três, quatro e outra vezes.

Tenente Antônio: Caveira?! - Gritou ainda batendo no emblema.

Não vacilei em tirar os olhos dele, a cada segundo dessa porra eu encarei ele.. Olho no olho. Esse cara pô, nunca mais na vida de merda dele vai esquecer quem eu sou.

Sargento: Caveira! - Gritei com ódio disfarçado de orgulho.. - Caveira! Caveira, porra!

Ele se afastou ainda sorrindo e todos ficaram em volta de mim, voltando a cantar e esperando eu completar a música.

"No meio do tiroteio.."

Sargento: O caveira assim surgiu. Matou os dois traficantes com três tiros e sumiu! - Gritei com as mãos ao lado do corpo. - Estou agradecido pois ele me salvou..

Eles pararam de cantar e me olharam esperando a última parte. Passei meses esperando por isso, me preparando para essa porra. Sorri por dentro e gritei cantando mais alto do que eu podia.

Sargento: Agora sou do BOPE, serei o seu sucessor!

- Em breve: Impérvios. -

"Se os meus inimigos se escondem, hoje é dia de sair a Caça..".

Impérvios - MOnde histórias criam vida. Descubra agora