838palavras
● New York, West Village, 02 de maio de 2000
-23:50 p.m.
Estava deitada na cama de casal do quarto de hospedes, que era bastante confortável. Vestia seu pijama com blusa e calças de moletom.
Observava o quarto que era bem confortável e clean, e mesmo o relógio marcando dez para a meia-noite não conseguia dormir.
Seu cérebro trabalhava a mil, recordando de todos os acontecimentos ao longo do dia e, principalmente, do agradável jantar que compartilhara com John.
Tinha sido um momento reconfortante. E isso servia para aguçar ainda mais seus desejos, se sentindo cada vez mais atraída.
Mas, o que poderia fazer?
É claro que estava na casa dele e em nenhum momento sentiu que não deveria tentar se aproximar.
Ao contrário!
Mesmo sem ter expressado em palavras, parecia nítido o interesse de ambos.
Mesmo assim, não se sentia confortável.
Fazia tempos que não ficava com alguém, e sentia que ainda não estava pronta para engajar em um relacionamento, mesmo que fosse apenas um caso de uma noite.
Pensar nisso a deixava ainda mais desconfortável. Não queria correr o risco de perder uma grande amizade. Tinha medo que se relacionassem, as coisas não seriam mais como antes.
E isso a frustrava.
Inspirou resignada se remexendo na cama.
Era melhor ir tomar um copo d'água para se refrescar e mudar os pensamentos.
Decidida, se pôs de pé, abrindo a porta apressada quase trombou com John no corredor, que passava naquele momento.
Se assustou. Não esperava por sua presença, ficando envergonhada de imediato. Ele também parecia estar surpreso por vê-la.
-Aconteceu alguma coisa? - a questionou preocupado.
-Não - disse receosa, olhando a sua volta à procura de novas palavras.
Naquele momento se sentiu uma adolescente tímida que tinha acabado de ser pega em flagrante.
-Ah, então porque está levantada a essa hora? - inqueriu parando a sua frente, cruzando os braços que se destacavam por baixo da blusa regata.
-Não estava conseguindo dormir e queria apenas um pouco de água - falou concisa, o olhando com maior precisão, deixando seus sentimentos conturbados de lado. - E você? - disparou analítica.
-Diria que o mesmo - respondeu um pouco desorientado, sorrindo de canto.
-Então, vamos a procura dessa tão desejada água - disparou começando a andar pelo corredor.
Ele a seguiu de perto até alcançarem a sala parcamente iluminada.
Parou de andar, esperando que o mesmo a ultrapassasse e acendesse a luz. Não era a sua casa e não podia agir como uma intrometida que ia invadindo todos os cômodos.
John não hesitou em ir até o interruptor, o acendendo, irritando momentaneamente seus olhos. Logo depois percebendo que estavam bem próximos. Se desse um único passo, trombaria nele.
E, parecia que ele também tinha percebido isso, porque ficou a olhando sem jeito, parecendo a espera de algo.
Sentiu a pele do rosto queimar com a nítida vergonha, mas sentiu mais do que isso. Sentiu comichões no ventre e um desejo louco de acabar com o pequeno espaço que os separavam.
Sua respiração ficou descompassada e o coração acelerado. Nada mais passava em sua mente, estava presa apenas aquele momento e, por mais estranho que parecesse, não queria sair dele.
-Liz... - sussurrou rouco, parecendo tão preso quanto ela naquele momento.
Sem ao menos dar conta, diminuiu o último espaço que os separava, selando seus lábios em um beijo urgente e luxuriante.
Provava o sabor de seus lábios com voracidade, não se importando com necessidades básicas como respirar.
Se beijavam com euforia e desejo crescente, seus corpos estavam colados um no outro e suas mãos passeavam a explorar o corpo um do outro por enquanto que suas bocas dançavam em um ritmo inebriante e sufocante.
Estavam a se beijar por longos minutos efervescentes, e a única coisa que os fez se separarem foi o do repentino toque do telefone que começou a tocar incansavelmente.
-Preciso.... Preciso atender - John murmurou desgostoso, sendo evidente o seu desagrado em parar com o ato. - Pode ser importante - concluiu se afastando para atender.
Perdida em um turbilhão de pensamentos e sentimentos, nem se quer fez questão de prestar atenção a conversa do moreno, indo até a geladeira para se servir de um generoso copo de água para poder se refrescar e desanuviar os pensamentos.
A única coisa que conseguia pensar naquele momento era o que iria acontecer dali para frente.
Não demorou muito para o ver surgindo em seu campo de visão, mas diferente de antes, agora era nítido seu olhar de preocupação, o que a deixou em alerta de imediato.
-Aconteceu alguma coisa? - questionou preocupada.
-Bem, sim. Acabaram de encontra uma nova vítima - por fim ele disse desgostoso, não dando mais detalhes, pois sabia muito bem que ela o compreendera.
-Agora?
-Sim. E me chamaram para ir até o lugar recolher informações.
Pensou em dizer um milhão de coisas e perguntar mais sobre o ocorrido, mas sabia que o mesmo não teria muitos detalhes.
E, mesmo que angustiada e ávida por mais informações, se lembrou do que prometera mais cedo e mesmo que a contragosto murmurou:
- Entendo. Então, acho melhor você ir.
-Na verdade, nós dois vamos. Eles chamaram por você.
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As princesas da morte
Mystery / ThrillerNova York é uma cidade pulsante, mas sombria. Eliza, uma dedicada delegada da divisão de homicídios, se vê diante de um caso que a atormenta. Uma série de assassinatos brutais de jovens moças choca a cidade, e os sinais de um padrão perturbador come...