A PRINCESINHA DO PAPAI

1°

𝐆𝐀𝐁𝐑𝐈𝐄𝐋𝐀

Eu estava deitada no sofá apoiada em algumas almofadas, apenas pensando em minha vida e como queria que ela fosse diferente, enquanto isso assistia a um programa chato na enorme televisão da sala.

Do nada sinto meu celular vibrar em meu colo, curiosa me ajeitei no sofá e o peguei, achando ser alguma mensagem do meu pai ou de Laís, já que essas são as únicas pessoas que poderiam me mandar mensagem agora. Mas quando olho a notificação de mensagem me surpreendo com algum desconhecido no whatsapp.

[...]

Minha expressão muda totalmente quando vejo essa mensagem, não me lembro de ter passado meu contato pra ninguém e como eu sou filha da pessoa mais conhecida da cidade, fiquei aliviada e assustada ao mesmo tempo por ele não saber quem eu sou.

Levanto do sofá e vou correndo até o meu quarto, onde terei mais privacidade e sossego pra conversar sem ter câmeras me vigiando.

As pessoas meio que se afastam de mim quando sabem da verdade, por isso não tenho muitos amigos e tô quase sempre andando sozinha , nem pra escola eu ia porque meu pai achava que podem tentar fazer alguma coisa comigo pra atingirem ele ou coisa parecida, então eu estudava em casa com uma professora particular que meu pai contratou. No começo era divertido não ter que ir pra escola mas a cada dia que passava ia ficando mais entediante e estressante, e tudo que eu queria era ter mais alguém pra conversar.

Eu até pensei em apenas bloquear o número para evitar decepções depois que ele souber do meu pai, mais eu estava tanto tempo sem falar com alguém diferente que decidi continuar com a conversa.

Logo meu celular vibra novamente em cima da cama, outra mensagem dele...

Não da pra ver quase nada na foto de perfil dele, e isso me deixa curiosa sobre sua aparência também, ele não me disse quase nada sobre ele, então não sei se posso confiar em suas palavras.

Estou confusa, começo a imaginar mil coisas em minha cabeça enquanto estou deitada na cama.

Melhor eu pensar antes de falar qualquer coisa pra ele, se acontece alguma coisa com papai por minha culpa, eu vou estar correndo um grande risco de nunca mais sair do meu quarto, ele mal deixa eu sair com os seguranças dele.

— Gabriela, vem comer, as cozinheiras já prepararam o jantar - grita papai lá da cozinha.

Eu saí da cama coloquei meu celular no bolso, calcei minhas pantufas e fui pra cozinha.

Chegando lá estava papai sentado na mesa me esperando pra comer, eu então me sentei de frente pra ele como todos os dias, naquela enorme mesa que tinha comida de sobra mais mesmo assim parecia vazia, as refeições não são mais divertidas como eram antes, quando mamãe ainda estava aqui.

— Filha , você sabe que só falta um ano pro seu casamento né? - Pergunta ele tentando puxar assunto, enquanto corta comida em seu prato.

— Sim pai, você tá contando os dias desde ano passado - pelo tom da minha voz , esperava que ele parasse de falar sobre esse assunto.

Acho que funcionou. Passamos o jantar inteiro sem conversar depois disso.

Depois de comer, fui para o meu quarto, onde eu passava a maioria do meu tempo, assistindo, lendo, jogando e etc. As vezes eu pulava a janela pra tomar um ar , mais a maioria das vezes era pega pelos seguranças do meu pai.

Ele é um homem bem respeitado aqui nessa região, tá sempre muito ocupado com os "negócios de família".

Se víamos apenas na horas das refeições, e olhe lá ainda, as vezes ele nem estava presente nesses momentos também.

Mais eu já me acostumei com isso, de vez em quando paro pra lembrar das noites em que eu , papai e mamãe deitávamos na cama e assistíamos ao nosso filme preferido "a culpa é das estrelas". Era tão bom, a gente ria das partes engraçadas, mamãe não conseguia segurar o choro ao ver o filme, sinto falta disso...