1. Trigêmeo absorvido

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A vida é feita de escolhas.

A única forma de progredir em sua jornada é tomando decisões. Todos os dias as tomamos, mesmo que passem despercebidas. Algumas são tão simples quanto usar um tênis azul ou um vermelho, e outras... nem tanto.

Algumas são difíceis, do tipo que tomam nossa mente por dias e meses, do tipo que não nos deixa pregar os olhos a noite. As decisões que mexem com nossos sentidos, alteram nossa fisiologia, fazem nosso coração acelerar e nosso estômago revirar. São essas que importam.

Harry, em seus vinte e tantos anos, tinha vivido apenas pelos outros. Ele tinha seus motivos, ou achava que tinha. Uma pessoa como ele era rara, e todos desejavam o ter por perto, mas não era quem ele precisava ser para si mesmo. A primeira decisão verdadeiramente egoísta que ele tinha tomado foi a de deixar seu país para trás. Em seu intercâmbio ele iria mudar para o Brasil, estudar o que mais amava - sua fotografia - e tentaria ser feliz. Pela primeira vez, ele acreditava que estava disposto a deixar tudo que o prendia para trás, mas infelizmente suas correntes eram soldadas ao seu coração.

Sua síndrome de Estocolmo o mantinha em Londres, onde ele sabia que não conseguiria ser feliz, mas onde vivia a sua felicidade.

Gemma - sua irmã gêmea - era sua pessoa preferida no mundo inteiro. Desde pequena ela dependia dele, e ele sempre amou cuidar dela. Porém, essa acabou sendo a sua corrente, essa era sua prisão.

Mas Gemma também queria que ele fosse feliz.

Sua festa de despedida - de acordo com Zayn, seu melhor amigo e futuro colega de profissão - foi a mais legendária que o pequeno distrito de Holmes Chapel já tinha presenciado.

Zayn era a personificação da diversão, e sabia como viver. Sim, ele sabia, e justamente por isso ele sabia que Harry nunca havia vivido de verdade. Ele não apenas incentivou o intercâmbio do amigo, mas também foi ele quem comprou as passagens. Se não fosse por ele, Harry nunca seria capaz de ir embora. E além de tudo, ele ainda era o melhor amigo de Gemma, e tinha prometido que iria cuidar da menina na ausência de seu protetor.

A festa continuava acontecendo nos andares de baixo enquanto Harry se escondia em um quarto mais silencioso. Aquele ambiente caótico de comemoração nunca tinha sido compatível com sua personalidade. Talvez, isso se dê ao fato de que seu pai jamais permitiu a presença de amigos em sua casa. Não, para ele a felicidade não cabia mais entre as quatro paredes em que viviam, e de certa forma - Harry pensava - ele estava certo.

- Harry! Cade você porra?! - A voz bêbada de Zayn gritava pelos corredores.

Harry rapidamente secou uma tímida lágrima que escorria por sua bochecha, e guardou a pequena foto que tinha de sua mãe e Gemma em sua mala. Finalmente tudo estava guardado, e não havia mais volta. Dali, ele iria direto para o aeroporto, direto para sua nova vida.

- Harry! - Zayn voltou a gritar, aparentemente esbarrando em alguma coisa.

Antes que ele se machucasse - ou quebrasse todos os móveis de Niall, seu segundo melhor amigo e host da despedida - Harry abriu a porta do quarto.

- Estou aqui seu cachaceiro!

- Harry! Meu amor, meu lindo, gostoso - Zayn se pendurou no pescoço do amigo enquanto beijava seu rosto. Ele ficava um pouco mais amigável que o normal quando estava alcoolizado. - Você está perdendo sua festa! A Gemma já virou o quinto shot de Tequila... Ou sexto?... Talvez sejam mais de seis.

- Fico tão tranquilo sabendo que você vai cuidar dela enquanto eu estiver fora, meu amigo - Harry ironizou, tirando a garrafa de vodka da mão de Zayn e virando um gole.

𝑯𝒐𝒔𝒕 𝒍𝒐𝒗𝒆 - Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora