CAPÍTULO 0: O NASCER DE SALÉM

18 0 0
                                    

Salém, 1970

Tudo ia bem na velha cidade das bruxas, a lenda local já tinha se dissipado, mas sempre tinha aqueles que faziam questão de manter viva as raízes. Já vimos essa história antes, nunca dá certo no final, mas vamos torcer na vida de quatro adolescentes, esse amor que não une e separa em plena década de setenta, um paraíso investido.

Já pela manhã Magnólia demonstrava preguiça, o verão se aproximava rápido, faltavam dois meses para tal, a escola não importava tanto, mesmo com jeito rebelde a mesma se mantinha com boas notas e zero faltas. É por isso que seus pais não apertavam tanto os cintos, ela logo abriu a janela do seu quarto e aquele vento frio da manhã bateu em seu rosto.

Em uma pequena caixinha onde guardava suas jóias ela tirou do fundo falso uma carteira de cigarros. Tirou um e bateu na caixinha e o acendeu, o cheiro mentolado em plena seis da manhã deixa o clima mais agradável para ela, um ascendente escritora de apenas dezessete anos, amava fazer aquela rotina, era algo costumeiro, não via por que não fazer...

Sempre fumava um cigarro pela manhã e escrevia sentada na varanda de seu quarto, era improvisada, mas dava para o gasto. Tal mania ela havia adquirido de seu pai, um artista que antes era mundialmente reconhecido pelo estilo igual Van Gogh, mas que tinha se aposentado e só vendia alguns quatros, sua mãe era dona de uma loja de materiais de construção.

De vez em quando Mag ia até lá descolar um dinheiro trabalhando nos finais de semana, a mãe dela insistia em dar. Mas a mesma queria conquistar o próprio dinheiro, logo após seu cigarro ela colocou uma bala de menta na boca e desceu, nem escovou os dentes, seu pai usava um hobby laranja com listras pretas, sua mãe estava com a típica camisa azul com aquele logo amarelo, como era feio, mas ela amava tal designer de seu marido.

Mag vestia apenas uma grande blusa velha que pertencia a seu pai, filha única do casal tinha tudo que queria. Mas ela tinha feito um acordo, ia conquistar tal herança, logo após tomar café e beijou a mãe foi correndo para o quarto tomar um banho, ela ainda tinha escola naquela manhã, era ensino médio, seu último ano de descobertas, ela era apaixonada por uma jovem chamada Lilian.

Essa menina amava desenhar, e por vez Mag aproveitava que ela procurava modelos e resolveu ser sua modelo fixa. Não queria saber de mais nada, só de ficar com a menina, mesmo que não pudesse namorar ou algo do tipo, a menina já era comprometida, Mag também era apaixonada por um garoto, estava no segundo ano, mas era seu crush.

Ela não se via naquela época, seu estilo de roupa era diferente dos demais, enquanto os meninos amavam usar regatas, as meninas usavam roupas chamativas demais. Ela só usava uma calça rasgada, seu cabelo liso penteado e uma blusa preta com sobretudo, seu estilo icônico sempre chamava atenção, nem parecia a nerd da escola, sempre muito respeitada por todos.

Era que nem político falava com todos quando chegava, ela ajudava a professora de português com a correção de provas. Isso lhe dava passe livre para a sala dos professores, mas ela só entrava e pegava um café, logo em seguida saia de fininho, sempre a primeira aula nas segundas era de matemática, algo que ela não gostava muito, só o professor valia a pena sua presença.

Um homem alto com cabelos brancos e um sorriso amarelado, isso a deixava louca, ele era todo musculoso para a idade. Só que era casado com a diretora da escola, então Magnólia sempre procurava manter o decoro, as segundas para ela sempre tinham um "quê" especial, sua gangue se reunia para as transmissões da rádio caveira, um projeto que se tornou aclamado pelos jovens.

Contava notícias e tudo mais, as fofocas de Salém, chamavam convidados ilustres para seu show, o amigo dela tinha um estúdio. Era algo improvisado com caixas de papelão e isopor, mesmo com a situação os meninos tinham conseguido algo para trabalhar, todas as segundas tinha o "viradão" caveira, transmitiam para todos, era sempre uma grande audiência, recebiam ligações e pessoas contavam suas histórias de forma anônima, a voz sempre era alterada.

AMOR 70 [ DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora