Prólogo ― A vida em uma pequeno globo de neve.

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          Uma sensação constante de solidão assombrava esta cidade

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          Uma sensação constante de solidão assombrava esta cidade. O silêncio que consumia as ruas cobertas por uma fina camada de neve se encontrava perturbado somente pelos sinos da catedral. Em um inverno que parecia durar para sempre, fantasmas acompanhavam os ventos gélidos que procuravam residência entre os ossos daqueles que, por um motivo ou outro, escolheram viver naquele pequeno lugar, mergulhados em seus próprios sentimentos nublados e congelados — para os quais não eram capazes de encontrar palavras que correspondessem em totalidade.

           Mesmo com os momentâneos incêndios que atormentavam seus pulmões a cada inspiração de oxigênio, seus pés permaneciam a guiando na construção de trilhas errantes sob a neve. Sua esperança de que o poder implacável da natureza invernal seria o suficiente para sobrepor cada uma das preocupações que se escondiam entre sua desordem estava à se dissipar, em uma mímica tragicômica das expirações de neblina que deixavam seus lábios.

           Em meio ao confinamento glacial de uma existência pequena em um globo de neve há pouco a se aprender sobre as verdadeiras sensações de um mundo banhado pelos raios gentis de uma grande estrela; a própria visão do Sol, liberto das mãos em fortaleza das sensações do inverno, se torna uma memória distante, perdida no fundo das mentes daqueles que um dia tiveram a coragem de sonhar com o que significaria existir além da natureza silenciosa e secreta de vida que estabeleceram.

          ― Oh... Eu deveria visitar o túmulo dele em algum momento, e pedir um conselho.

           Em um murmúrio que se apresentou aos ouvidos de ninguém além dos próprios, [Nome] se encontrava piscando em rápida sucessão para desaparecer com as lágrimas que nublaram sua visão. Um poderia questionar se este pensamento expresso em voz alta teria um motivo, um significado que um monólogo interno não poderia construir. Talvez, esta buscava apenas convencer à si mesma de que deveria seguir adiante com aquele plano, esperando que os ventos e árvores testemunhariam suas palavras e a cobrariam que as cumprisse.

        Nas proximidades da única biblioteca da cidade, um lago congelado — de estabilidade questionável ao mero olhar — havia se transformado em um porto seguro nos momentos em que os gritos que ecoavam pela sua casa entravam em contraste com a quietude do restante do mundo. Ainda que o silêncio a oferecesse breve conforto, em sua tão rara companhia, lâminas afiadas de puro gelo perfuravam seu coração aos seus pensamentos se voltarem para sua irmã mais nova; será que ela vai conseguir dormir com aquela briga? Eu não deveria ter deixado ela sozinha com eles. Será que ela 'tá chorando? E se ela for me procurar e eu não estiver lá?

             Esta é a sensação da culpa? 

             Apodrecendo de tal maneira que ossos e coração passam à ser consumidos e corroídos, a culpa parece ser uma maldição que sempre acompanhará as irmãs mais velhas.

            Os flocos de neve cintilavam sob a luz do luar, inconscientes às questões e ansiedades mundanas. Não havia reflexo para ser visto na superfície congelada do lago, um espelho apenas para os sentimentos e nada mais. Em noites como aquela, havia um certo terror que se manifestava entre o farfalhar das folhas, ainda que falhasse em afligir sua mente; há de se imaginar que tal fosse a vida em um pequeno globo de neve — solitária e frágil, entre aromas terrosos e cores desbotadas, cercada, em sua essência, por uma apatia que desconhecia seus próprios limites.

            Entre as velhas casas no coração da cidade e sua inerente monotonia, uma figura se destacava das demais; um garoto com cabelos brancos como a neve que cercava o ambiente ao seu redor e de expressão indecifrável. Sua natureza não era detentora de menos segredos. Havia apenas uma característica especial para os olhos daquele garoto ― azuis como o oceano, como as profundezas de um lago congelado: a morte se encontrava em sua complexidade.

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⏰ Última atualização: May 06 ⏰

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𝐂𝐎𝐍𝐃𝐄𝐍𝐀𝐃𝐀 │Yandere KilluaOnde histórias criam vida. Descubra agora