VII | Preguiça

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"[...] Eles precisavam sentir a dor de serem incapazes, traindo sua própria luta e resistindo ao Inferno, e assim, Lúcifer teria poder sobre suas almas imundas. Seus membros foram partidos ao meio, o tronco foi tudo o que lhes restou. "Vocês não farão nada além de lamentar agora", gargalhou a Besta. "Dê isso a mim". Não tentariam lutar desta vez, dando origem a uma nação de almas acomodadas e lânguidas, se opondo a lutar por sua própria misericórdia."

[...]

Chaeyoung estava sentada em uma cadeira de madeira, a observar as imagens que se repetiam pouco a sua frente nas três telas do computador de Lee Chaeryeong. O laboratório estava frio, a legista ajusta a temperatura do ar condicionado ao notar os pelos de seu braço se arrepiarem. Ela se balançava na cadeira, mesmo que fosse a mais paciente entre as três naquela sala. Encostada na parede, Detetive Myoui dividia os olhares entre as análises de digitais e as costas de Son, que parecia ter os músculos tensos àquela altura. A segunda detetive podia sentir aqueles olhos sob si, gerando um certo desconforto em certo ponto. "Por que sempre que sinto você, você está com os olhos sob mim?", se pergunta.

— Vocês vão realmente ficar aqui? — indaga Chaeryeong — Eu já vi esse programa levar 3 dias para detectar uma digital.

— 3 dias? Não temos tudo isso! — se irrita a mais nova.

— É uma tecnologia obsoleta, mas é tudo o que temos.

— Son. — chama Mina — Venha, vamos deixá-la fazer seu trabalho.

A mais velha abre a porta enquanto assiste a de cabelos curtos se levantar e caminhar em direção a ela. Juntas, elas deixam o laboratório de Lee Chaeryeong, mantendo um silêncio desagradável até se acomodarem em um pequeno sofá no mesmo corredor. Havia um relógio vermelho acima delas, anunciando o final daquele dia em breve. A mais nova cogitou ir para casa, mas não, não deixaria tudo para trás, não quando o inferno havia se instalado dentro de si. As vidas perdidas, os enigmas amaldiçoados, as pistas que levavam a lugar algum. O assassino estava sempre um passo a frente. Todas aquelas noites sem dormir, nada daquilo poderia ser em vão. As digitais eram o único caminho a seguir a partir dali, e pela demora, poderiam não encontrar a próxima vítima com vida. Era frustrante.

— O desgraçado deve estar enfiado numa poltrona de couro agora com um sorriso no rosto e a mão no pênis. — murmura Chaeyoung.

— Avisou a sua irmã que você não voltará para casa hoje?

— Enviei uma mensagem de texto, ela lamentou porque já estava preparando o jantar.

— Sua irmã parece ser uma boa garota, Son, você tem sorte.

— Ela é, não posso reclamar sobre a Nayeon.

— E seus pais? Onde estão?

— Estão mortos. — a mais baixa se ajeita no sofá, tentando se manter afastada de Myoui — Mas prefiro não falar sobre isso, é passado.

— Eu sinto muito...

Mina se arrepende pela pergunta logo após fazê-la, deveria ter imaginado que eles não estavam mais entre elas. "Quando duas irmãs se dariam tão bem ao ponto de viverem juntas?", se perguntou em seus pensamentos. Não tinha irmãos ou irmãs, não sabia de fato qual era a sensação. Myoui desde muito nova se viu sozinha, tinha um pai alcoólatra que batia nela e em sua mãe, e a mesma, adoeceu de tanto sofrer. Quando a Sra. Myoui morreu, a garota de dezessete anos partiu, sem nunca olhar para trás. Tudo o que conseguiu foi graças a seu esforço, o mérito era todo e exclusivamente seu, nunca precisou de um tostão de seu pai — E mesmo que precisasse, o homem possuía mais dívidas em estabelecimentos do que tinha de dedos nas mãos. Sabia há pouco tempo que o velho estava doente e o colocou numa clínica para pessoas como ele, mas nunca sequer o fez uma visita. Mesmo após doze anos, tudo o que ela podia ver em sua cabeça era aquele homem, que deveria protegê-la, causando todos seus maiores medos e traumas. Talvez os pais de Chaeyoung fossem bons e a lembrança de tê-los perdido fosse dolorosa, ou talvez, fossem desgraçados como seu pai, e Son preferia nunca se lembrar que um dia existiram.

Seven | MiChaengOnde histórias criam vida. Descubra agora