Não havia acontecido o "encontro romântico" que elas achavam que tinha acontecido. E por mais que eu estivesse feliz por ter recuperado as minhas amigas de volta, eu me preocupava. Eu estava saindo com o Lucas e, provavelmente, logo nos veríamos de novo.
O que elas iriam pensar? Que eu estava traindo o Igor?
Deixei isso para ser resolvido depois. Naquele momento, estava bem por ter as minhas amigas de volta. Sem elas, eu ficaria bem perdida por ali, já que não sou muito de interagir com as outras pessoas por causa da timidez. É, eu sei! Totalmente diferente da Niniti.
Às vezes eu fico imaginando, a Niniti ali, naquela faculdade, seria uma das mais festeiras que alguém poderia conhecer. A amiga de todo mundo, que todo mundo gosta.
Ao invés disso, eu era reservada e na minha. Não era convidada para as festas e só falava com as minhas amigas Bela e Duda em modo condicional: só se eu saísse com quem elas queriam.
Entretanto, eu precisava delas. Estava precisando desabafar sobre a situação de casa e elas estavam ali para me ouvir.
Contei sobre a demissão da minha mãe e o fracasso de vendas da loja do meu pai.
– Você tem algum talento especial? – Duda me perguntou empolgada. – Sabe cozinhar? Talvez pudéssemos fazer algo. Um bolo de pote, brownie...
Torci o rosto em uma careta.
– Sou uma negação na cozinha. Posso até me arriscar em fazer, mas não sei quem se arriscaria em comprar e muito menos comer.
– Você não tem nenhum talento especial? - perguntou Bela.
Tenho talento em fazer vídeos. Criar, editar e postar. Mas isso eu não falaria para elas.
– TEM! - Duda disse alto, em uma animação tão grande que por um momento eu achei que a Niniti seria revelada.
– Qual? - perguntei, estranhando aquela alegria. – Agora estou curiosa. É um talento que nem eu mesma conhecia...
– Com licença! – Duda disse, pegando o meu caderno que estava nas minhas mãos e folheando. – Isso aqui é um talento!
Dei uma leve risada. Elas sabiam que durante as aulas, em meus momentos de distração, eu tinha o costume de desenhar roupas. Fazia figurinos que eu imaginava, roupas de festa ou casual. Simplesmente vinha na minha cabeça e eu deixava o lápis fluir enquanto eu ouvia a explicação do professor ou quando a minha mente viajava longe.
Quando eu era criança, eu falava que queria ser uma estilista famosa. Daquelas que faz modelitos exclusivos para o São Paulo Fashion Week e que um dia eu pudesse ter a minha própria marca. Eu desenhava umas roupas e para satisfazer a minha fértil imaginação, minha mãe fazia as roupas que eu criava, para as minhas bonecas.
– Você é uma estilista, amiga! – Duda disse. – Por que você não faz roupas para vender?
– Porque isso são "desenhos de criança". Eu fazia só para me entreter e agora o costume não saiu das minhas mãos.
– Você tem talento, amiga! E sua mãe sabe costurar. Acho que vocês iriam longe!
– Meninas, vocês estão surtando! – balancei a cabeça em sinal negativo, com uma leve risada. – Se meu pai não está conseguindo vender roupas feitas em fábricas, como ele conseguiria vender roupas de alguém que só costurava para bonecas?
– É... – Duda suspirou desanimada. – Sabe, hoje em dia algo só faz sucesso se tem uma propaganda boa na internet... Se conhecêssemos algum Influencer que topasse fazer propaganda de graça na loja do seu pai. Com certeza as vendas iriam bombar...
Arregalei o olho e sorri em um estalo.
Sim! aquilo sim era uma ótima ideia.
Elas, porém, estranharam a minha reação. Por que eu ficaria tão feliz em ouvir isso, não é mesmo?
– Você conhece algum Influencer? - arqueando uma sobrancelha e analisando o meu comportamento através de seu olhar, Bela me perguntou.
Nessa hora fiquei pensando. Deveria contar para elas?
Por um lado eu estava com vergonha. Tinha medo de ser julgada pela Bela e medo da Duda achar que eu fui uma má amiga por não ter confiado nela desde o início. Já não bastava a situação do Lucas que me deixou afastada delas (por um dia).
Por outro lado, elas eram minhas amigas e eu precisava, mais uma vez, de pessoas para confiar e ter a liberdade de ser quem eu sou. Ainda que essa minha outra personalidade fosse apenas virtual.
Meus segundos de dilema foram quebrados por Igor e João que se aproximavam da gente. Assim que o meu olhar passou por Igor, eu voltei rapidamente a olhar para as meninas. Porém, esse movimento para evitá-lo não me ajudou, muito pelo contrário. As duas sorriam maliciosamente deixando claro que algum clima romântico havia se instaurado naquele momento.
- Olá, meninas! - João disse, olhando para nós e depois foi em direção a Bela, dando um beijo breve em seus lábios.
Sabe o que passou na minha cabeça? Que o Igor iria fazer o mesmo comigo! Não!!! Eu não estava querendo isso! De jeito nenhum!
Apenas passou na minha cabeça! Só isso!
Eu fiquei bem sem graça pela situação que só se passou pela minha cabeça.
OBSERVAÇÃO: ESSA FANFIC NÃO É MINHA. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS A AUTORA: ALINE CRISTINA @meumundodeescolhas
**Adaptação autorizada pela autora!!!
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Por trás das Máscaras - Adaptada Sophigor
PoesíaNinitye pode ser considerada uma das revelações no Tik Tok durante a pandemia. Alegre e desenvolta, seu vídeos fazem sucesso entre os milhares que seguidores que a acompanham. Carregando a máscara de proteção (elemento essencial na época de pandemia...