Capítulo 8

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    Confesso que fiquei um pouco tímida no início da conversa com o Igor. Como eu já tinha dito, eu não considerava ele um "amigo" que eu poderia sentar em uma sorveteria e, tranquilamente, conversar sobre assuntos banais do dia a dia.

    Porém, incrivelmente, era exatamente isso que estava acontecendo. Estávamos tendo uma conversa super agradável e divertida, falando de coisas que eu nem imaginava conversar com ele. Eram assuntos diversos desde coisas banais da infância, como algo que aconteceu a dias atrás. 

     – Foi quando eu falei: Vou animar essa festa! Então simplesmente peguei um violão que tinha lá na casa dele, todo empoeirado e faltando uma corda, e  comecei a cantar.

     – Você canta? – perguntei surpresa ao ouvir o que ele me dizia.

     – Gosto! – ele respondeu modestamente. – Naquele momento eu precisava. Então tive que usar a minha voz ao meu favor.

     – Ah! Mas então um dia você vai ter que cantar para mim! – eu disse tão natural que eu nem imaginei que ele poderia ver segundas intenções na minha ideia.

     –  Uma serenata? – perguntou com aquele sorriso que eu ainda não sabia como, mexia tanto comigo. 

     Eu senti um arrepio interno e desejei muito que ele não tivesse percebido.

     – N- não! – gaguejei ao falar e me senti ridícula por isso.

     – De qual música você gosta? – ele me perguntou.

    – Não, não tem nenhuma música em especial! – falei olhando para baixo, tentando voltar ao equilíbrio. Ainda não conseguia entender o porquê de ele ter me desconcertado tanto.

     – Vou pensar em algo...

     Eu franzi a testa e achei estranho o que ele havia dito. Eu precisava mudar de assunto urgentemente. Ele me olhava com aquele sorriso tendencioso e não estava me deixando nada confortável.  Poxa, a conversa estava tão boa. Por que ele tinha que estragar?

      No desespero, olhei para o celular e apertei o botão lateral para que a hora parecesse no visor. 

    – Já está tarde! Eu tenho que ir!

    Ele deu uma leve risada. Sabia muito bem que eu estava fugindo da situação.

   – Eu te acompanho até a sua casa! – ele disse rapidamente.

   – Estou de bicicleta, lembra?

    – Ah, verdade...

   Ele pensou por alguns segundos e me olhou.

    – Posso pedalar e te levar!

   – Estou com a mochila, com o patins...

   –eu coloco nas costas e te levo. Vamos? Assim você poupa o seu esforço para a competição. - ele riu novamente.

      Internamente? Eu tinha a vontade de fugir!

    Por que? Não sei!

    Estava tudo muito estranho dentro de mim.

    Estranhamente, eu não queria estar mais perto dele e sentia que deveria evitá-lo.  Bom, depois do seu jeito que lidou comigo, eu podia levantar a suspeita que ele gostava de mim. Isso parecia até fazer sentido. Mas... e o Lucas?

     Sei que ele ainda não tinha aparecido, mas eu não queria "perdê-lo" tão rapidamente já que agora estava "tão perto".

   – E aí? aceita? – ele estendeu a mão para pegar a minha mochila. – Sei que a carona na bicicleta é meio desconfortável...

Por trás das Máscaras - Adaptada SophigorOnde histórias criam vida. Descubra agora