Nós já vivemos juntos há três anos, mas nessas últimas duas semanas Chongyun têm estado diferente comigo.
Não sei explicar bem o que pode ter acontecido. Ele sempre voltava correndo do trabalho para que passássemos o máximo de tempo possível juntos e eu fazia o mesmo. Mesmo quando não tínhamos nenhum plano, mesmo que fosse para ficarmos em silêncio no quarto afundados em nossos livros, desde que ficássemos perto um do outro.
De repente ele começou a ficar mais distante, chega tarde do trabalho, desvia do assunto quando eu tento pressionar de alguma forma e diz que está um pouco ocupado quando eu pergunto se pode chegar mais cedo para passarmos mais tempo juntos.
Nossa vida sexual não mudou, entretanto, o que me leva a pensar que ele ainda me ama, embora eu não consiga deixar de imaginar que ele pode estar tendo um caso.
Odeio me sentir dessa forma, pois o amo muito e isso me faz sofrer com a insegurança. Será que essa outra pessoa é mais bonita que eu? Será que é alguém que eu conheço? Será que começou há pouco tempo ou só eu que demorei a notar que há algo errado pairando no ar? Sinto que vou enlouquecer, e ainda assim não tenho a coragem necessária para questioná-lo diretamente a respeito do que pode estar acontecendo entre nós. Só de imaginar, meu coração parece bater na minha garganta e eu sinto uma imensa vontade de chorar. Não quero perdê-lo, mas não sei se seria capaz de perdoar genuinamente uma traição, se for verdade.
No ápice de meu desconforto resolvi tentar perguntar a alguns amigos discretamente se eles notaram algo de diferente no Yun ou se sabem me dizer se ele anda se encontrando com alguém. Xiangling negou muitas vezes, chegou a soar suspeito, logo em seguida mudou bruscamente de assunto. Shenhe, tia dele, disse que se era pra eu suspeitar do sobrinho dela eu deveria largá-lo e deixá-lo voltar pra casa de uma vez - rude! Hu Tao disse que todas as pessoas têm segredos, mas eu não deveria me preocupar pois ela tem certeza de que ele me ama mais do que tudo no mundo e nunca teria outro - as palavras mais gentis entre todos. Aether não me respondeu, deixou que Paimon falasse por ele e a pequena disse muitas vezes, tossindo de um jeito estranho e com uma voz pra lá de esquisita, que ele definitivamente não estava fazendo nada suspeito, nem um pouco suspeito, e eu deveria procurar mais livros novos pra ler enquanto isso, porque tudo logo ficaria bem. Eu estava me perguntando mesmo se ficaria. No fim todos pareceram bastante suspeitos, como se soubessem de algo que apenas eu não sabia e isso estava me matando por dentro.
Fiz o meu melhor para tentar obter alguma pista de Chongyun, mas me faltava coragem. Eu realmente quero saber o que está acontecendo? Estou pronto para a resposta que vou ouvir? Vou acreditar na resposta que ele me der? Minha cabeça chega a doer, pois não consigo parar de pensar nisso mesmo quando estamos só nós dois, mesmo quando ele me aninha em seus braços eu só consigo pensar se ele também faz isso com o outro.
Respiro fundo e tomo coragem para finalmente falar alguma coisa.
-Yun, esses últimos dias nós temos ficado tão distantes... Você sempre fica até tarde no trabalho e quase não fazemos nada juntos. Eu estou sentindo sua falta. -Eu mordo o lábio inferior e desvio o olhar com medo de ver a reação dele, mas sinto-o segurar minhas mãos e atrair minha atenção dessa forma para si. Sua expressão é de preocupação e culpa, seus olhos claros parecem esconder algum fato oculto de mim e eu tenho a certeza de que há algo errado, mas ele não me diz o que é.
-Amanhã eu vou estar de folga, então nós vamos sair, ok? Estava pensando em tomarmos um café da manhã fora, o que você acha? Nós dois, sua cafeteria preferida,...? -Ele está mudando de assunto? Eu não quero que ele fuja, mas não consigo pressioná-lo a voltar, pois não sei se estou pronto para a resposta final.
-Certo... Por favor, fique mais comigo, tá? Eu sinto saudades quando você fica longe. -Minha voz soa triste mesmo quando tento esconder e ele parece perceber, então beija meu rosto e afaga meus cabelos, me tomando em um abraço reconfortante, mas minha mente aflita não me permite apreciar completamente o contato.
-Me desculpa, eu prometo que vou ficar mais tempo com você, Qiu. Eu te amo muito, viu? Não duvide disso nem por um segundo sequer. -Ele beija minha testa e depois meus lábios com carinho e me dá um sorriso preocupado. Eu não consigo saber exatamente o que fazer ou como reagir, então ele me beija novamente em seguida, dessa vez aprofundando um pouco mais o contato.
Fazemos amor como de costume e dormimos abraçados, ou melhor, ele dorme. Eu não consigo pregar os olhos pois me pergunto se aquelas palavras são mesmo verdade ou se ele apenas está tentando me confortar e tirar minha atenção desse problema para guardar seus segredos.
No dia seguinte quando ele acorda eu já estou no sofá lendo meu livro e tentando me distrair como de costume. Ele se senta ao meu lado e beija meu rosto, encostando sua cabeça ao meu ombro e esfregando os olhos sonolentos de um jeito fofo.
-Bom dia, Yun. Dormiu bem? -Pergunto gentilmente e ele me responde sem pestanejar.
-Bom dia, Qiu. Eu dormi sim. Você acordou cedo... Vem tomar um banho comigo? -Ele me pergunta e dirige o olhar para mim, eu sorrio e fecho meu livro, afirmando com a cabeça. Não sei se quero saber a verdade, mas definitivamente quero aproveitar meu tempo com ele se esses forem nossos últimos dias juntos.
Vamos juntos para o banho e ele me trata com muito amor todo o tempo e eu o correspondo; por mais que eu esteja com medo do futuro, Chongyun é o amor da minha vida e tudo de mais precioso que tenho. Eu o adoro com tudo o que tenho, talvez por isso tenha tanto medo de perdê-lo, de perder o que temos.
Por fim escovamos nossos dentes e nos arrumamos para ir à cafeteria, pois já eram quase dez horas da manhã. Estou distraído durante o caminho, pois não consigo evitar que minha mente volte ao assunto não resolvido, por mais que eu tente. Meu coração está apertado e confuso, temo pelo futuro de nós dois.
Chegamos ao nosso destino e ele me pergunta o que eu pretendo pedir, mas antes que eu responda ouço um estalo e confeti é jogado sobre mim enquanto um coro de vozes canta "parabéns pra você" e eu tento focar minha mente, olhando todos os nossos amigos reunidos ali, aplaudindo e cantando. Yun parece respirar aliviado e ri, começando também a aplaudir e cantar. Eu estava tão aflito que tinha esquecido do meu próprio aniversário, mas todas aquelas pessoas estão aqui reunidas por causa de mim. Relaxo um pouco e me permito sorrir ao ser inundado pelos bons sentimentos.
-A gente até pensou em desistir da surpresa por que você ficou tão triste que o Yun estava arrumando os planos depois do trabalho! -Xianglin junta as mãos num pedido silencioso de desculpas e ri em seguida. -Ele nunca trocaria você por ninguém no mundo, Qiu!
-Eu falei que você não devia se preocupar com isso, menino! Ele te ama! -Hu Tao ri ao me entregar um embrulho de presente e eu não sei nem como reagir, fico rindo de mim mesmo e da minha tolice enquanto meus olhos se enchem de lágrimas de alívio.
-Desculpa te afligir desse jeito, meu amor, mas eu realmente queria te surpreender dessa vez! -Chongyun me abraça por trás e beija meu rosto em seguida escondendo seu rosto na curva de meu pescoço.
-Que droga! Eu mato vocês! -Eu reclamo em tom de brincadeira. Meus amigos são os melhores do mundo e meu noivo a pessoa mais preciosa de todo o universo. -Nunca mais me assustem desse jeito ou eu realmente mato!
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Suspeição (ChongQiu)
FanfictionOnde Xingqiu está aflito com a ausência estranha de seu noivo Chongyun nas últimas semanas e começa a se perguntar se ele está tendo um caso.