CAP 11

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O avião que Steven havia mandado, já estava esperando a gente na pista de pouso.

- Se cuida em?! - Falou Bryan enquanto me abraçava.

- Sempre me cuido. - Respondi enquanto abraçava ele. Era difícil me despedir dos dois, Bryan era como um irmão que eu nunca tive e talvez nunca tivesse.

Soltei ele e em seguida fui abraçar meu tio. O que era mais difícil ainda... Eu nunca tive um tio ou uma tia presente na minha vida, e quando me aproximei do Sam, logo em seguida descubro que eu não faço parte daquela família.

- Sei que seu coraçãozinho tá uma bagunça, que está muito machucado também. Mais quero que saiba que nós sempre será sua família, independente de qualquer coisa, pode contar com a gente pro que precisar. - Falou tio Sam enquanto me abraçava forte.

- Obrigada... - Sussurrei tentando segurar o choro, eu não queria chorar. Eu odiava despedidas por conta disso!

- Sei que meu irmão errou muito com você e sua mãe, mais também sei que ele se tornou uma pessoa boa graças a você. Ele ama muito você Hannah, espero que um dia consiga perdoá-lo.

- Não quero falar dele. - Falei enquanto ele me soltava. - Não agora...

- Eu sei... Tá tudo bem! - Respondeu ele sorrindo enquanto pegava minhas mãos. - Quero que mande notícias sempre. Sei que o Steven vai cuidar muito bem de você! E não se feche pra ele entendeu?

Concordei com a cabeça.

- Ele também perdeu muito tempo longe de você e sua mãe, sei que agora será um momento difícil novamente pra você. Mais dê uma chance pro seu pai, e quando se sentir bem, seria bom ter uma conversa com o Dilan.

- Tudo bem tio... Eu tenho que ir agora. - Falei enquanto abraçava ele novamente. Eu ia sentir falta dos dois.

No caminho da viagem, passava tantas coisas na minha cabeça.
Como meu pai teve coragem de obrigar minha mãe a conviver com ele a vida toda. Minha mãe era mesmo apaixonada pelo Steven?!
Como ela conseguiu sustentar isso durante tantos anos? Será que eu era uma péssima filha... Que não percebia o que acontecia ao meu redor...?

Havia várias ligações do meu pai... O Dilan, acho que eu não ia conseguir falar com ele nem tão cedo. Ele não tinha nada pra me explicar.

Assim que chegamos ao hotel, Bruno me acompanhou até a entrada.

- Queria poder ir direto pro quarto. - Falei enquanto entrávamos no hotel.

- Seu pai está te esperando lá em cima, quer que eu te acompanhe até lá?

- Não precisa, você está cansado também. - Falei enquanto olhava minhas mãos. Eu tinha tirado os curativos, não queria chamar tanta atenção até chegar na cobertura.

Me despedi de Bruno e fui até o elevador. Pra minha alegria, estava havendo algum evento na recepção, ou talvez no salão de festas. Havia muitas pessoas e estava uma correria de gente.

Consegui chegar até a cobertura, sem precisar falar com ninguém. Mais o pior ainda estava por vim... Eu ia ficar cara a cara com o Dilan. Depois de tudo que ele havia me contado, e eu duvidado de cada palavra.

Apertei a campanhia, e alguns segundos ele abriu a porta.

Steven ainda tava com o fardamento do FBI. Certamente estava me esperando desde a hora que havia voltado do trabalho.
Meus olhos certamente ainda estavam inchados de chorar, mais não desviei meu olhar do seu...
Tudo passava na minha cabeça, aquele homem bem ali na minha frente, era o verdadeiro amor da minha mãe... O meu verdadeiro pai. E nós três tivemos sido vítima de uma mesma pessoa.
Tantos anos e eu vivendo uma farsa, vivendo uma mentira. A minha vida tinha sido uma mentira desde o meu nascimento.
Steven jamais ia imaginar como teria sido os meus primeiros passos, o meu primeiro dente caído, ou meu primeiro namorado. Ele tinha perdido todas as fases da minha vida.

Enquanto eu pensava em tudo olhando pra ele ali na minha frente, não tinha percebido que as lágrimas já estavam descendo pelo meu rosto.

Steven abriu os braços para mim, e sem pensar duas vezes eu me joguei nos seus braços, e abracei meu verdadeiro pai.

Ficamos um momento abraçados sem falar uma palavra, mais não precisava. Ele sabia o que eu tava sentindo naquele momento, e eu também sabia o que ele sentia.

- Vai ficar tudo bem, estou aqui agora. - Foi o que ele falou.

O dia seguinte tudo parecia mais complicado pra mim. Eu não queria descer e nem ver ninguém.
Steven preparou o café da manhã, mais eu não estava com fome. Ele me entendia em algumas partes, mais me obrigou a comer um pouco. Nós ainda não tínhamos parado pra conversar de verdade desde o dia anterior quando eu havia chegado.

- Achei esse remédio aqui. É pra cortes, é cicatrizante. Já já suas mãos estarão normais de novo. - Falou ele me entregando um fraco de vidro pequeno.

- Obrigada. - Respondi enquanto pegava.
Nós estávamos sentados a mesa de jantar. Ele havia preparado um café da manhã com direito a tudo, e melhor... Tudo feito por ele mesmo.

- Não quero te forçar a nada Hannah. - Falou ele enquanto me servia. - Mais quando quiser conversar eu vou esta aqui, irei responder qualquer pergunta que puder.

Ele colocou um pedaço de torta salgada no meu prato, mais eu não estava com vontade de comer.

- Porque acha que ela nunca me contou a verdade? - Perguntei olhando pra ele.

- Medo talvez... Porquê ela te amava. Eu não sei do que ele era capaz, ou como ameaçava ela.

"Ameaçava," ouvir aquela palavra, e saber que estava sendo referida a um homem que me criou, que demonstrou amor por mim... Era tudo muito estranho, nada fazia sentido pra mim na cabeça.

- Eu não queria que você passasse por isso agora. - Falou ele me olhando. - Desde que sua mãe se foi, que sua vida mudou completamente... Sei que um dia a verdade viria, mais você não merecia isso.

- Ela nunca confiou em mim.

- Ela não queria que você passasse pelo que ela passou, ninguém sabe o que realmente aconteceu pra sua mãe tomar essa decisão.

- Eu nunca desconfiei de nada... Fui uma péssima filha. - Falei enquanto meus olhos enchiam de lágrimas novamente.

- Não fala isso filha. - Falou ele se levantando da cadeira e indo até mim. - Olha, você está aqui agora, estamos juntos. E temos a vida toda pela frente pra conhecer um ao outro.

Steven se abaixou ao meu lado enquanto enxugava uma lágrima minha que caía.

- Tem razão... - Falei olhando pra ele. - Não tem como mudar o passado.

- Olha, sua mãe era a mulher mais forte e incrível que eu já conheci na vida, e você não é diferente. Ela te criou e te educou com todo o amor que tinha, e valeu a pena, já parou pra pensar nisso?

Dei de ombros.

- Por alguns segundos, acho que eu queria que minha vida fosse um pouco normal. Nem me lembro da última vez que fiz coisas "normais" - Falei rindo. - De que adianta ser forte e chorona?

Steven riu enquanto se levantava e ia sentar novamente na cadeira.

- Suponho que essa parte você puxou a mim. - Falou ele rindo.

- Você é chorão?

- Sim, infelizmente sim. Não me coloque pra assistir um filme triste ou ler um livro de romance.

Aquilo me fez rir um pouco alto. Era difícil imaginar o Steven chorando.

- É assim que ela queria te ver. Com esse sorriso no rosto.

- Vou sentir saudades dela.

- Eu também. - Falou ele sorrindo, mais um sorriso triste.

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⏰ Última atualização: Nov 10, 2022 ⏰

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