Taehyung mal se lembrava de sua infância, mas um dos pontos mais memoráveis era a falta de seu pai, Ye-Jun. Ele era um péssimo pai, um péssimo alfa e um péssimo marido para Hwa-Young. O alfa nunca esteve presente para Taehyung, seja em apresentações escolares, aniversários ou na formatura do ensino fundamental. O jovem aprendeu a conviver com isso, sabendo que seu pai tinha outra família em outro país, onde ele era um pai amoroso e atencioso. Apesar de tudo, Hwa-Young fez um ótimo trabalho criando Taehyung e ele a admirava por isso. Mãe e filho eram muito próximos, e ela sempre foi um grande exemplo de família para o alfa.
As perguntas sobre o pai eram frequentes e o coração de Hwa-Young sempre apertava. "Mamãe, por que o papai não veio na minha apresentação?", "Mamãe, por que o papai não está aqui? É o meu aniversário?", "Mamãe, por que o pai está com aquela outra mulher?", "Mamãe, por que o pai nos abandonou?". Com o tempo, o ódio de Taehyung pelo pai só cresceu. "Está tudo bem, mamãe. Eu já esperava que o Ye-Jun não viria. É só meu aniversário de 16 anos.", "Mamãe, o Ye-Jun já depositou minha mesada na conta com uma daquelas cartas idiotas. Quer que eu jogue fora?", "Mamãe? O alfa lá quer saber se você quer ir pro Japão? Posso mandá-lo pra casa do caralho?". Taehyung sempre prometeu a si mesmo nunca ser como o pai. Ele fazia de tudo por Mi-suk, sempre buscando estar o maior tempo possível com ela e dando a ela todo o amor que um dia não recebeu. Hoseok sabia disso e se orgulhava do namorado, que havia passado por um período difícil com a negação do pai. Era bom vê-lo aceitando bem a relação com a filha.
— Tae? Está tudo bem? — Yoongi perguntou, se aproximando do alfa que estava parado olhando para a pia. Eram 03h28 da madrugada e Hye-Jin estava no quarto do ômega dormindo. A alfa era gentil e sorridente, um verdadeiro amor.
— Hum? Eu estou sim, só pensando demais em tudo que tem acontecido. — Ele encarou o ômega e sorriu fraco.
— Quer conversar? — Yoongi perguntou gentilmente, pegando a mamadeira de Mi-suk para arrumar a mama da madrugada.
— Ah, você me acha um bom pai? — Taehyung perguntou e em seguida mordeu o lábio.
— Hum? Tae, você é o melhor pai que Mi-suk poderia ter. Vocês são incríveis para ela. Você vai errar, sim, mas eu também errei. O importante é estar aqui e corrigir os erros. — Yoongi sorriu fraco, fazendo carinho na bochecha do alfa. Taehyung sorriu bobo e encostou sua testa na do ômega, aproveitando para sentir o cheiro dele. Yoongi fechou os olhos, aproveitando a sensação de ter o Kim por perto. Indiferente de tudo o que aconteceu, ele tinha certeza de uma coisa: Kim Taehyung e Jung Hoseok sempre seriam seu primeiro amor. Hye-Jin observava um pouco afastada, encostada com Mi-suk no colo. A menor havia reinado por mama, então ela foi procurar o ômega. Ela suspirou fraco. Desde o começo, ela sabia que, apesar de o ômega gostar dela, ela jamais substituiria os alfas. Ela sabia o quão importante ambos eram para o Min e era alfa o suficiente para sair do caminho, se assim fosse solicitado pelo ômega.
...
Jungseok arrumava suas malas. Depois de tudo que Yoongi passou, ele teve uma conversa sincera com a alfa e ambos entraram em comum acordo sobre o divórcio. A retirada da marca logo seria feita. A alfa encarava o ômega e o ajudou a arrumar as coisas.
— Obrigado pela ajuda, Sooya. — Jungseok sorriu fraco, pegando suas malas.
— Seokie, em algum momento, nesses 20 anos, você me amou? — Sooya perguntou baixinho, olhando para o chão.
— Hum? Sooya, eu te amei. Eu realmente te amei, ok? Todos esses anos. Em algum momento, existe amor, mas nós nunca soubemos aproveitar quando jovens. Nos perdemos na rotina. — Jungseok mordeu o lábio e passou os dedos no rosto da alfa, fazendo carinho.
— Mesmo? Eu sinto muito, mas eu nunca... — Sooya mordeu o lábio e apertou as mãos.
— Eu sei, Sooya. Você nunca me amou. Talvez possa ter gostado de mim, mas nunca me amou de verdade. Você o ama. Deveria ir atrás dele. — Jungseok riu fraco, levantando e pegando as bolsas.
— Eu sinto muito, ômega. Além disso, ele é casado. — Sooya encarou os olhos do mesmo que riu.
— Nunca é tarde demais para o amor. — Jungseok beijou a bochecha da alfa e saiu da casa sem olhar para trás. Finalmente, ambos haviam tomado coragem para terminarem e seguirem seu rumo. Sooya estava em um bar, bebendo um pouco, perdida em pensamentos, lembrando de tudo que havia acontecido nos últimos meses. Fazia quatro meses que estava divorciada.
— Excuse me, are you alone? Want company? (licença, você está sozinha? Quer companhia?) — uma ômega se aproximou de si, sorriu fofo.
— Hmm? Sorry, but I don't like ômegas (Hum? Desculpa, mas eu não gosto de ômegas) — falou sincera e sorriu, era tão bom poder dizer aquilo, seu coração batia aliviado, a ômega concordou pedindo desculpas e saiu do local rapidamente, Sooya pode ver ela falar com um garoto, esse que lhe olhou e sorriu indo até si.
— Hi, be afraid to approach me and you freak out because I'm alpha, you know how it is (fiquei com medo de me aproximar e você surtar por eu ser alfa, sabe como é) — falou envergonhado com um inglês embolado fazendo Sooya rir.
— Hello, don't worry, I understand you Perfectly, pleasure, Sooya (Olá, não se preocupe, eu entendo você perfeitamente, prazer Sooya) — estendeu a mão ao alfa que sorriu arrumando seus cabelos, a alfa podia notar que o garoto não era coreano.
— Thank you, I'm Thierry (Obrigada, eu sou Thierry) — sorriu comprimento a alfa.
— American? (Americano?) — Perguntou curiosa.
— No no, I'm French (Não, eu sou francês) — explicou sentado junto a alfa.
— Je m'en doutais à ton accent (Eu suspeitei pelo seu sotaque) — falou fazendo o garoto sorrir pelo sotaque francês da coreana.
— Oh, j'ai enfin trouvé quelqu'un à qui parler, permettez— moi d'être votre compagnie ce soir? (Oh, finalmente alguém para conversar, me permite ser sua companhia essa noite?) — Sorriu gentil fazendo a alfa sorrir e concordar.
...
Jungseok não queria mais relacionamentos. Depois de 20 anos casado, nunca pôde fazer nada que realmente gostasse. Então, ele dedicaria seus próximos anos ao filho, à neta e a si mesmo. Depois de se arrumar na nova casa, ele começou a procurar alguns cursos online. Ele queria trabalhar em casa, porque Jungseok era um ótimo costureiro e amava fazer roupas. Fazendo algumas roupas e vendendo online, talvez se achasse alguém, mas definitivamente não estava nos seus planos. Quando se deu conta, quatro meses haviam se passado e ele não podia mentir em dizer que não sentia falta da alfa - até por que tinha um carinho enorme por Sooya - mas ele tentava focar ao máximo nas peças. Ele tinha, em média, umas 15 encomendas por semana. Como tudo era feito à mão e por medida, ele evitava grandes quantidades.
— O que achou, alfa? — Jungseok perguntou, terminando de arrumar o blazer sob medida que fez para um adolescente que estava prestes a se formar.
— Ficou incrível. Seu trabalho é realmente incrível. — O adolescente sorriu grande, fazendo o ômega sorrir também. Ele amava quando elogiavam seu trabalho.
— Que bom que gostou. Vou terminar as mangas e te entrego pronto na sexta. — Jungseok falou calmamente, anotando o resto das medidas.
— Ótimo. Te trago o resto do dinheiro daí. — O adolescente falou gentilmente, indo tirar o blazer. Já Jungseok não poderia estar mais feliz, fazendo o que realmente amava.
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[Taeyoonseok] Nosso não clichê ABO
Fiksi PenggemarYoongi foi criado com o estereotipo do ômega caseiro que serve seu alfa, preso em um relacionamento arranjado com um destino já decidido não se considerava o tipo sonhador, isso até um casal de alfas caírem de cabeça na sua vida, mas afinal, que mal...