Capítulo 27

1.4K 164 36
                                    

Taehyung mal se lembrava de sua infância, mas um dos pontos mais memoráveis era a falta de seu pai, Ye-Jun. Ele era um péssimo pai, um péssimo alfa e um péssimo marido para Hwa-Young. O alfa nunca esteve presente para Taehyung, seja em apresentações escolares, aniversários ou na formatura do ensino fundamental. O jovem aprendeu a conviver com isso, sabendo que seu pai tinha outra família em outro país, onde ele era um pai amoroso e atencioso. Apesar de tudo, Hwa-Young fez um ótimo trabalho criando Taehyung e ele a admirava por isso. Mãe e filho eram muito próximos, e ela sempre foi um grande exemplo de família para o alfa.

As perguntas sobre o pai eram frequentes e o coração de Hwa-Young sempre apertava. "Mamãe, por que o papai não veio na minha apresentação?", "Mamãe, por que o papai não está aqui? É o meu aniversário?", "Mamãe, por que o pai está com aquela outra mulher?", "Mamãe, por que o pai nos abandonou?". Com o tempo, o ódio de Taehyung pelo pai só cresceu. "Está tudo bem, mamãe. Eu já esperava que o Ye-Jun não viria. É só meu aniversário de 16 anos.", "Mamãe, o Ye-Jun já depositou minha mesada na conta com uma daquelas cartas idiotas. Quer que eu jogue fora?", "Mamãe? O alfa lá quer saber se você quer ir pro Japão? Posso mandá-lo pra casa do caralho?". Taehyung sempre prometeu a si mesmo nunca ser como o pai. Ele fazia de tudo por Mi-suk, sempre buscando estar o maior tempo possível com ela e dando a ela todo o amor que um dia não recebeu. Hoseok sabia disso e se orgulhava do namorado, que havia passado por um período difícil com a negação do pai. Era bom vê-lo aceitando bem a relação com a filha.

— Tae? Está tudo bem? — Yoongi perguntou, se aproximando do alfa que estava parado olhando para a pia. Eram 03h28 da madrugada e Hye-Jin estava no quarto do ômega dormindo. A alfa era gentil e sorridente, um verdadeiro amor.

— Hum? Eu estou sim, só pensando demais em tudo que tem acontecido. — Ele encarou o ômega e sorriu fraco.

— Quer conversar? — Yoongi perguntou gentilmente, pegando a mamadeira de Mi-suk para arrumar a mama da madrugada.

— Ah, você me acha um bom pai? — Taehyung perguntou e em seguida mordeu o lábio.

— Hum? Tae, você é o melhor pai que Mi-suk poderia ter. Vocês são incríveis para ela. Você vai errar, sim, mas eu também errei. O importante é estar aqui e corrigir os erros. — Yoongi sorriu fraco, fazendo carinho na bochecha do alfa. Taehyung sorriu bobo e encostou sua testa na do ômega, aproveitando para sentir o cheiro dele. Yoongi fechou os olhos, aproveitando a sensação de ter o Kim por perto. Indiferente de tudo o que aconteceu, ele tinha certeza de uma coisa: Kim Taehyung e Jung Hoseok sempre seriam seu primeiro amor. Hye-Jin observava um pouco afastada, encostada com Mi-suk no colo. A menor havia reinado por mama, então ela foi procurar o ômega. Ela suspirou fraco. Desde o começo, ela sabia que, apesar de o ômega gostar dela, ela jamais substituiria os alfas. Ela sabia o quão importante ambos eram para o Min e era alfa o suficiente para sair do caminho, se assim fosse solicitado pelo ômega.

...

Jungseok arrumava suas malas. Depois de tudo que Yoongi passou, ele teve uma conversa sincera com a alfa e ambos entraram em comum acordo sobre o divórcio. A retirada da marca logo seria feita. A alfa encarava o ômega e o ajudou a arrumar as coisas.

— Obrigado pela ajuda, Sooya. — Jungseok sorriu fraco, pegando suas malas.

— Seokie, em algum momento, nesses 20 anos, você me amou? — Sooya perguntou baixinho, olhando para o chão.

— Hum? Sooya, eu te amei. Eu realmente te amei, ok? Todos esses anos. Em algum momento, existe amor, mas nós nunca soubemos aproveitar quando jovens. Nos perdemos na rotina. — Jungseok mordeu o lábio e passou os dedos no rosto da alfa, fazendo carinho.

— Mesmo? Eu sinto muito, mas eu nunca... — Sooya mordeu o lábio e apertou as mãos.

— Eu sei, Sooya. Você nunca me amou. Talvez possa ter gostado de mim, mas nunca me amou de verdade. Você o ama. Deveria ir atrás dele. — Jungseok riu fraco, levantando e pegando as bolsas.

— Eu sinto muito, ômega. Além disso, ele é casado. — Sooya encarou os olhos do mesmo que riu.

— Nunca é tarde demais para o amor. — Jungseok beijou a bochecha da alfa e saiu da casa sem olhar para trás. Finalmente, ambos haviam tomado coragem para terminarem e seguirem seu rumo. Sooya estava em um bar, bebendo um pouco, perdida em pensamentos, lembrando de tudo que havia acontecido nos últimos meses. Fazia quatro meses que estava divorciada.

Excuse me, are you alone? Want company? (licença, você está sozinha? Quer companhia?) — uma ômega se aproximou de si, sorriu fofo.

Hmm? Sorry, but I don't like ômegas (Hum? Desculpa, mas eu não gosto de ômegas) — falou sincera e sorriu, era tão bom poder dizer aquilo, seu coração batia aliviado, a ômega concordou pedindo desculpas e saiu do local rapidamente, Sooya pode ver ela falar com um garoto, esse que lhe olhou e sorriu indo até si.

Hi, be afraid to approach me and you freak out because I'm alpha, you know how it is (fiquei com medo de me aproximar e você surtar por eu ser alfa, sabe como é) — falou envergonhado com um inglês embolado fazendo Sooya rir.

Hello, don't worry, I understand you Perfectly, pleasure, Sooya (Olá, não se preocupe, eu entendo você perfeitamente, prazer Sooya) — estendeu a mão ao alfa que sorriu arrumando seus cabelos, a alfa podia notar que o garoto não era coreano.

Thank you, I'm Thierry (Obrigada, eu sou Thierry) — sorriu comprimento a alfa.

American? (Americano?) — Perguntou curiosa.

No no, I'm French (Não, eu sou francês) — explicou sentado junto a alfa.

Je m'en doutais à ton accent (Eu suspeitei pelo seu sotaque) — falou fazendo o garoto sorrir pelo sotaque francês da coreana.

Oh, j'ai enfin trouvé quelqu'un à qui parler, permettez— moi d'être votre compagnie ce soir? (Oh, finalmente alguém para conversar, me permite ser sua companhia essa noite?) — Sorriu gentil fazendo a alfa sorrir e concordar.

...

Jungseok não queria mais relacionamentos. Depois de 20 anos casado, nunca pôde fazer nada que realmente gostasse. Então, ele dedicaria seus próximos anos ao filho, à neta e a si mesmo. Depois de se arrumar na nova casa, ele começou a procurar alguns cursos online. Ele queria trabalhar em casa, porque Jungseok era um ótimo costureiro e amava fazer roupas. Fazendo algumas roupas e vendendo online, talvez se achasse alguém, mas definitivamente não estava nos seus planos. Quando se deu conta, quatro meses haviam se passado e ele não podia mentir em dizer que não sentia falta da alfa - até por que tinha um carinho enorme por Sooya - mas ele tentava focar ao máximo nas peças. Ele tinha, em média, umas 15 encomendas por semana. Como tudo era feito à mão e por medida, ele evitava grandes quantidades.

— O que achou, alfa? — Jungseok perguntou, terminando de arrumar o blazer sob medida que fez para um adolescente que estava prestes a se formar.

— Ficou incrível. Seu trabalho é realmente incrível. — O adolescente sorriu grande, fazendo o ômega sorrir também. Ele amava quando elogiavam seu trabalho.

— Que bom que gostou. Vou terminar as mangas e te entrego pronto na sexta. — Jungseok falou calmamente, anotando o resto das medidas.

— Ótimo. Te trago o resto do dinheiro daí. — O adolescente falou gentilmente, indo tirar o blazer. Já Jungseok não poderia estar mais feliz, fazendo o que realmente amava.

[Taeyoonseok] Nosso não clichê ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora