XXXI.

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[...] mas não gastes o coração, que há maiores surpresas na vida...

Machado de Assis

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Domingo, 23/12/2018 - 7:18 PM
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P.O.V de Jake

"Eu vou atender à porta, Él.", a aviso, puxando ela para cima para que se levante e levando ela até a cama da mesma.

"Desde quando você me chama de Él?", pergunta Élpis, e eu apenas sorrio para a referida, conseguindo um sorriso tímido de seus lábios.

Em seguida, eu me afasto até a porta do quarto, saindo do cômodo e indo até as escadas. Pippin então entra correndo no quarto da morena, me fazendo lembrar do mesmo; eu o deixei no corredor do primeiro andar. Espero que ele não esteja fugindo de uma 'cena de um crime' envolvendo pertences de Élpis ou ela vai me matar.

Indo até o corredor, eu sigo para a porta da frente, a abrindo e encontrando um homem poucos centímetros mais baixo do que eu, os seus cabelos são castanho-escuros e os seus olhos, azul-esverdeados.

"É... Boa noite.", me cumprimenta o desconhecido, nervoso. "Élpis de Almeida Cesarini?"

"E você é?", respondo, com outra pergunta, achando-o suspeito.

O que ele quer de minha preciosa. Okay... Eu preciso parar de bancar Gollum.

"William," responde o referido, "William Garcia Alves."

"E o que você quer de Cesarini?", pergunto, analisando o tal Alves.

"Bem, ela é...", começa ele, fitando o chão e então me encarando. "Você é o namorado de Cesarini ou o quê?"

"É... Amigo.", respondo, meio contrariado, pois o fazedor de perguntas sou eu.

"Friendzone?", pigarreia o outro, me fazendo quase fechar a porta em sua cara.

"Ei, eu não quis ofender você!", ri ele, colocando uma mão sobre a dita-cuja e me impedindo de fechar a porta da frente. "Eu estou atrás de Cesarini há anos porque ela é a minha..."

"Ela é a sua o quê?", pergunto, começando a me estressar. "Não há parentes vivos de Élpis, então..."

"E eu sou o quê?", me 'corta' Alves, arqueando uma sobrancelha.

"Jake?", me chama Élpis, segurando Pippin em seus braços.

Quando ela olha para o homem, o último a encara, absorto na primeira. Ele então sorri na direção da morena e eu foco a minha atenção em Cesarini.

"Eu conheço o senhor?", pergunta ela, confusa.

"Não, você não me conhece...", responde Alves, me confundindo tanto quanto a Élpis. "Você é igual a ele... Ele não era baixo..."

"Eu não estou compreendendo o senhor.", diz Cesarini, abraçando o cão e fazendo o mesmo lamber o seu queixo.

"Vá direto ao ponto.", bufo, pois a falta de sentido na fala do outro me irrita. "Nos diga o que você quer dizer."

"Bem... Élpis é um nome exótico... Okay...", se enrola ele, me fazendo revirar os olhos. "Alexandre..."

Alves mal termina a sua resposta enigmática e a morena arregala os olhos castanhos, engolindo em seco.

"Alexandre Batista Alves.", continua o homem, imitando ela na segunda ação.

Élpis fica pálida e eu decido ampará-la antes de Cesarini cair do nada. No entanto, a morena me faz soltar o seu corpo, direcionando o seu olhar melancólico para ele.

"O que você é de Alves?", pergunta ela, e a sua voz está embargada.

"Ele era o meu pai.", responde o outro, carrancudo.

Eu não sei se entendi o desconhecido, porém, eu acho que o tal Alexandre faleceu... O que Alves quer de Élpis, então, meu Zeus?

Enquanto eu 'frito' os meus miolos em cima da resposta de mais um dos enigmas de um estranho, o homem desfaz a sua carranca e um sorriso substitui esta. Em seguida, Cesarini me entrega Pippin enquanto a morena tenta não soluçar, andando para o de olhos azul-esverdeados, e ele abre os seus braços, e os dois se abraçam, e o meu queixo 'cai', pois eu acabei de me dar conta de que eles são meios-irmãos.

P.O.V de Élpis

Eu acreditando que estou sozinha quando um meio-irmão meu está me procurando. Milhões de desgraças me fazendo desistir de minha esperança de alguém que possua o meu sangue em suas veias continuar respirando e o filho de meu pai biológico bate à minha porta.

Enquanto eu abraço o meu meio-irmão, me sinto mais do que viva.

"Eu sempre imaginei você alta.", murmura ele, em meu ouvido direito, me fazendo rir em meio às minhas lágrimas. "Eu acertei no linda."

"Eu nem sabia que não era a primeira filha de meu pai.", sorrio, quando o outro me solta.

"O nosso pai não prestava.", dá de ombros ele, me enchendo de curiosidade, pois eu não sei quase nada sobre o dito-cujo. "Você é um dos poucos acertos do falecido Alves... Se é que você me entende."

"Então, eu não sei o seu nome.", comento, desajeitada, enquanto o seu elogio me faz corar de vergonha.

"William, William Garcia Alves.", replica William, gentil. "Will para a minha mana."

"Él?", me chama Jake, mal-humorado, e eu me lembro do castanho. "Você vai confiar em um homem que nem conhece?"

"O quê?", pergunta o de olhos azul-esverdeados, descrente.

"Ei, eu confio em Willi...", começo, e o olhar divertido do referido me faz voltar a rir enquanto Michaels o encara, sério. "Eu confio em Will, Jake."

Jake balbucia em resposta à minha afirmação e eu reviro os olhos.

"É impressão minha ou...é...Jake, ou o seu amigo na friendzone, está enciumado?", pergunta William, debochando do castanho e fazendo Michaels abrir um sorriso de canto, o que eu sei que vai 'dar em merda'.

"Ei, qual é? Não briguem!", exclamo, tomando o filhote de pastor-alemão de Jake. "Jake, eu nunca contei ao meu pai...é...adotivo que descobri o nome do meu biológico. E eu jamais vou me esquecer de seu nome porque... Bem, as pessoas não se esquecem dos nomes de seus pais."

"Você acha que eu vou roubar ela?", pergunta o de olhos azul-esverdeados, em um tom mais seco. "Eu sei que ela é dona de um banco. Eu investiguei a vida de Élpis porque queria encontrar ela... O nosso pai me deu pistas de minha meia-irmã..."

"Pistas?", repito, perdida. "Ele faleceu há 18 anos atrás..."

"Mana, nós precisamos conversar.", pigarreia William, e o castanho se escora no batente da porta, fechando os olhos azuis e me fazendo rir uma terceira vez.

Élpis: A Esperança é a Última Que MorreOnde histórias criam vida. Descubra agora