Capítulo 4: Memórias do Passado

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– Lisa é um bom companheiro, Lisa é um bom companheiro, Lisa é um bom companheiroooo, ninguém pode negar!

– Pare com essa droga.

O jipe quatro por quatro de Diana era dirigido de maneira rabugenta por Lalisa. A chuva começava a engrossar à medida que seguíamos pela estrada. Nossa nova companhia de viajem era um tanto hiperativa, se é que demônios podem ser hiperativos. Nos últimos quatro minutos, Diana conseguiu encontrar cinco assuntos diferentes nos quais falar, fazendo uma artéria de Lalisa saltar cada vez que ela abria a boca.

– Estou com frio. – Comentei, para que houvesse outro som além da voz dela.

– Lisa, ofereça seu casaco para ela.

A anjo preferiu ignora-la e ligar o aquecedor.

Assustadora.

Minha curiosidade saltitava tanto quanto o mal humor de Lalisa. Eu gostaria muito de saber o motivo pelo qual ela estava tão desconfortável em ir até o local guiado por Diana. Também era claro que eu não gostava de vê-la assim. A garota havia me ajudado muito, então me sentia um cocô por ter que coloca-la nessa saia justa. Fala sério, por que de todas as pessoas do mundo justo eu estou sendo perseguida? Por que não a Sofia Berfan, que fazia bullying comigo na sétima série ou o Dylan Estropício, que fez questão de me humilhar quando confessei meus sentimentos por ele no ensino médio, poderia mesmo até ser a madame Beth, a professora de artes da terceira série do fundamental que jogou fora a florzinha que colhi para ela. Sim, guardei rancor por conta de uma florzinha de matagal, eu era uma criança muito sensível. Entretanto, entre uma garota que praticava bullying, um macho sem sentimentos e uma velha mal agradecida, a escolhida para ser perseguida foi uma órfã com problemas de socialização. Acho que o roteirista da minha vida andou escrevendo as novelas das nove coisa do tipo.

– Sabe, Manoban, essa sua carinha aborrecida me lembra da primeira vez em que nos falamos. – Diana estava falando outra vez, porém agora com uma expressão sonhadora – Ah, os velhos tempos!

– Por qual motivo ela estava aborrecida? – Eu quis saber, mesmo recebendo um bico de Lalisa como reação.

– Fico feliz de ter perguntado! – Diana sorriu – Bem, Lalisa é uma caçadora e eu sou um demônio, não é difícil de entender. Digamos que na época eu era um tanto...diferente.

– Um tanto assassina, você quis dizer. – Era a primeira vez que escutava a voz de Lalisa naquele dia.

Engoli em seco.

– Eu prefiro o termo justiceira. – Diana diz, ainda de bom humor.

– E quem você... Sabe? – Perguntei, apesar do medo da resposta.

– Estupradores, machistas, pedófilos... Nossa, esses últimos eram os meus favoritos.

– Diana os seduzia, em seguida dava um fim neles. – Lalisa explica.

– Imagino que a energia sexual desse tipo de gente deveria ser enorme. Você se alimentava deles? – Pergunto, curiosa.

Diana fez cara feia.

– Oh, não. Caras desse tipo tem a energia tão podre, que eu não me alimentaria deles nem se me prometessem a energia de uma mulher no período fértil.

– Energias sexuais tem gostos diferentes?

– Mas é claro que tem, quanto mais o puro desejo, melhor o sabor. Estupradores e cia não sentem desejos puros, eles sentem uma coisa suja por aquilo que não é consentido. Bem, eu sou um demônio e ainda assim estou a vários degraus acima de seres como esses.

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⏰ Última atualização: Oct 22, 2022 ⏰

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Hunter Angel | JENLISAOnde histórias criam vida. Descubra agora