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{Fase 0 ➟ O Início do Fim}


C a p í t u l o 1 E tudo isso é verdade.


24 de Maio de 2024.


- Já a seguir vamos receber a nossa convidada especial, Rosemary Shaw. Ela vai falar-nos um pouco sobre as suas teorias relacionadas com o tão falado fim do mundo e responderá às questões do nosso público de hoje. Os nossos caros espetadores também poderão participar desta conversa, ligando para o número que está neste momento a aparecer no rodapé. Voltamos dentro de cinco minutos, não saiam daí! - As várias pessoas que se encontravam sentadas batiam palmas e sorriam para as câmaras, mas os seus sorrisos não eram maiores do que o da apresentadora. Ela era incrivelmente bonita, e eu já desejei ser ela muitas vezes.

Ultimamente não se falava de outra coisa. Todos os assuntos iam dar ao famoso livro da tal Rosemary e às suas teorias, supostamente malucas. A mulher tinha começado por espalhá-las no seu blogue, onde afirmava que andava a ter visões sobre o fim do mundo. Ela já era de certa forma conhecida por causa do seu dom, mas no que tocava ao "fim do mundo" as pessoas nunca acreditavam. Por muito que os tais adivinhos ou até historiadores se explicassem e até exemplificassem com acontecimentos muito concretos, acabavam por ser poucos aqueles que acreditavam a cem por cento.

Afinal, também existiram muitas teorias sobre o fim do mundo no ano de 2000 e outras no ano de 2012 e no entanto nada aconteceu. Por muito que falassem, as pessoas simplesmente não acreditavam. Estavam cansadas daqueles malucos que de tempos a tempos apareciam para apoquentar os mais frágeis e sensíveis.

Pessoalmente não conhecia bem as teorias de Shaw sobre o suposto fim do mundo. Já tinha ouvido falar da senhora, como a maior parte dos seres humanos do planeta Terra, mas não me tinha dado ao trabalho de pesquisar ou ver uma entrevista com atenção.

- Queres que ponha a gravar, mãe? - Ela estava na cozinha a preparar o lanche para nós as duas, e estava a tentar despachar-se para poder ver a entrevista comigo. Não que fosse muito do meu agrado ou que não tivesse mais nada para fazer... Mas já tínhamos combinado no dia anterior que iríamos dar uma hipótese e ouvir as teorias de Rosemary.

- Não, Cass, eu estou quase a terminar. Vem só buscar o teu tabuleiro, por favor, porque eu não consigo levar os dois. - A gargalhada da minha mãe era a coisa mais querida e doce que eu conhecia. Conseguia compreender perfeitamente o meu pai quando ele dizia que era capaz de ouvir aquela gargalhada para todo o sempre. Por vezes era muito difícil de imaginá-la como uma militar completamente séria, daquelas pessoas que tínhamos medo só de olhar. Porque, quando a minha mãe tinha de encarnar esse papel, acreditem que ela o fazia demasiado bem.

Tal como me pediu, eu pousei os comandos que tinha no colo no sofá, levantei-me com algum custo devido à preguiça e fui então ter com ela à cozinha. Havia dois tabuleiros sobre a bancada central da cozinha, a qual a minha mãe teimava que se chamava Ilha, e ambos estavam bem recheados. A minha mãe conhecia-me demasiado bem, e sabia exatamente o que me apetecia comer naquele momento. Havia, no tabuleiro, dos mais variados snacks.

Primeiro tinha um croissant misto, pois ela faz questão que eu coma algo decente antes de comer as ditas lambarices. Depois tinha uma pequena garrafa, fresca, de Sprite, que é o meu refrigerante favorito desde sempre. E para me entreter com o resto da visualização da secante entrevista, tinha ainda batatas fritas mais concretamente, Pringles. Ninguém entendia como é que eu não engordava a comer tanta caloria. Nem mesmo eu. É claro que faço exercício físico regularmente, mas ainda assim...

SALUTEOnde histórias criam vida. Descubra agora