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Matheus

Minha risada ecoa pelo quarto do hotel.

Sofia não tá gostando nem um pouco da minha risadagem mas eu não ligo.

— Para Matheus. — Pede.

— Tu devia me agradecer, não reclamar comigo.

— Eu não tô reclamando, eu só não gostei. Não combina comigo. — Aponta para a camisa.

Ela insiste em dizer que minha camisa não fica bem nela.

A mala dela foi extraviada e eu sou um ótimo amigo, por isso ofereci uma das minhas camisas para ela usar.

— Vai dormir menina! Amanhã a gente vai buscar tua mala.

Ela revira os olhos e se deita na cama.

Sorrio e me deito no sofá.

[...]

Acordo com a luz do sol iluminando todo o quarto.

Penso em acordar Sofia pra irmos ao aeroporto, mas ela estava dormindo tão profundamente que logo mudei de ideia e saí sozinho.

Depois de algumas horas consegui a mala dela de volta e a levei para o hotel. Sofia já estava acordada quando eu cheguei.

— Eu trouxe tua mala. — Puxo a mala para dentro do carro.

— Ok. — Respondeu seca.

Paro em frente a cama com minhas mãos na cintura e olho fixamente para ela.

— O que foi? — Levantou seu olhar para mim.

— O que foi? — Grito. — Minha filha, eu fiz um favor para você e é assim que tu me agradece?

Ela revira os olhos.

— Muito obrigada. — Força um sorriso. — Você é íncrivel, maravilhoso.

Pergunto a ela se gostaria de sair mas ela respondeu afirmando que iria mais tarde.

Eu não estava muito animado com essa viagem e admito que ainda penso assim, mas já que estou aqui prefiro aproveitar e fazer com que valha a pena todo o dinheiro que gastei.

Estar proximo a Sofia novamente depois de tanto tempo, me estressa bastante. Costumo procurar locais para me "consolar" quando estou assim.

Decidi ir ao Parque Ibirapuera já que lá tem árvores, rio e é claro, nada de Sofia.

Depois de chegar no parque acomodei minhas costas na primeira árvore que encontrei.

Passei longas horas encostado naquela árvore apenas observando quem ia e vinha.

Depois de várias horas ali, comecei a notar os pequenos detalhes como, as folhas que caiam no chão, as árvores que balançavam ao vento, as crianças dando suas primeiras pedaladas.

Eu poderia morar aqui!

Com certeza, se eu morasse aqui viria todo dia, mesmo que ficasse por apenas alguns minutos.

Corro de volta para o hotel logo depois de ver que o sol já não estava mais no céu.

Sofia parecia falar com alguma amiga quando cheguei, então não quis a incomodar.

Depois do banho, eu praticamente me jogo no sofá.

— Não dói ficar nesse sofá? — Sofia pergunta.

Não entendo o motivo da pergunta. Tenho certeza que ela apenas a fez por educação.

— Eu podia ficar o dia inteiro nele. — Respondo. — É mais confortável que a minha cama.

Ela parece se satisfazer com minha resposta. Porém, aparenta ter algo a mais lhe preocupando. Se ainda estivéssemos juntos, eu já teria perguntado o que está acontecendo, mas acho que não sou a melhor pessoa para fazer isso.

— Para onde você foi hoje? — Perguntei.

— Eu passei o dia inteiro deitada.

O dia inteiro deitada?

— Sofia, Sofia, Sofia. — Balanço a cabeça em tom de negação. — Só estamos aqui por causa de você. O sonho de viajar para São Paulo é teu. E tu estraga o teu primeiro dia passando ele deitada?

Ela não me respondeu, mas não parecia decepcionada ou pensativa, provavelmente apenas preferiu não responder.

— Eu encontrei um lugar no Google Maps. Eu odiei, então sei que tu vai amar.

Doeu bastante dizer essa última frase em voz alta. Esse foi um dos motivos do nosso termino: Temos gostos totalmente diferentes. Ela queria a uma balada, eu queria ir a uma biblioteca. Ela queria ir ao shopping, enquanto eu queria ir ao museu.

— Tudo bem, eu vou contigo amanhã. — Disse relutante. — Espero que seja bom.

★★★

𝕾𝖊𝖒𝖕𝖗𝖊 𝖋𝖔𝖎 𝖛𝖔𝖈𝖊Onde histórias criam vida. Descubra agora