¹one

667 47 63
                                    

Quarta-feira

Com esforço, peguei uma caixa de maçãs dentro do caminhão e a levei para a cozinha do Canterlot Beach Club pela porta dos fundos. O cheiro estava adocicado e fresco, o que me tirou um sorriso animado e satisfeito.
Eu parecia tranquila por fora, mas - por dentro - me encontrava em pura euforia. Mal podia conter todo meu entusiasmo para reencontrar minhas amigas e, finalmente, poder ver as Rainbooms reunidas outra vez.

Devido a alta temporada do turismo, a demanda para o rancho da minha família era imensa e intensa, já que éramos nós quem fornecíamos os alimentos, especialmente os orgânicos, para as refeições do restaurante do resort. Vovó Smith, a matriarca e a gestora do negócio da família, tinha um longevo currículo de parceria com o CBC, que antecedia até mesmo o meu próprio nascimento. Então, durante esse momento do ano, as donas do resort permitiam que vovó e seus familiares usufruíssem da infraestrutura do clube nos horários vagos.

Foi em um desses períodos, há anos atrás, que conheci a afilhada de uma das donas do parque. O que eu achei o máximo, já que sempre que queríamos picolés ou qualquer besteira colocávamos na conta da madrinha dela. Tínhamos apenas sete anos e, desde então, eu e Twilight nunca mais nos desgrudamos.

Naquele mesmo verão, conhecemos Pinkie Pie e a adotamos, formando um trio e tanto. Lembrava-me bem daquele dia. Ela estava sentada em um dos bancos altos do bar à beira da piscina e, repentinamente, estourou um bastão de confetes acidentalmente. A bartender deu um grito tão alto que todos que estavam ao redor a olharam assustados, foi engraçado à beça e aquilo foi a prova de que a amizade da Pinkie valeria a pena.

Deixei as maçãs na bancada e fui em busca do meu celular no quarto. Atravessei o restaurante do resort ziguezagueando pelas mesas. Depois que saí do estabelecimento, segui para o prédio Leste em passos nada apressados. O Canterlot Beach Club era quase deserto pelas manhãs, principalmente por volta das 06h00. Passei pela piscina de águas termais, pela de ondas artificiais e a infantil, dobrei numa esquina e segui em direção ao Sonic Tobogã sem encontrar uma alma viva a não ser os próprios funcionários.

Subi para o primeiro andar pulando alguns degraus da escada e saquei o keycard do bolso, que não tardei em usar para abrir a porta do quarto 103.

Logo de cara, senti um frio repentino e vi minha irmãzinha encolhida e desaparecida nos lençóis brancos da cama de casal que dividíamos. Tensionei as sobrancelhas e revirei os olhos.

O quarto era imenso, muito maior do que aquele que eu tinha em casa. Havia duas camas de casal, uma para vovó e outra para mim e Apple Bloom. Uma porta corrediça discreta levava ao banheiro, que era bem iluminado e vasto. O chuveiro tinha tantas funções que eu sempre acabava tomando banho no frio por não conseguir o configurar. Também tinha uma pequena varanda que nos permitia ter uma ampla e privilegiada visão do parque, mas naquele momento as cortinas grossas que pendiam sobre a vidraça divisória estavam a escondendo e privando a luminosidade de tomar conta do cômodo.

Nosso irmão mais velho ficava no quarto ao lado. Eu achava aquilo o maior absurdo; ele tinha um quarto só para si e essa ideia sempre me deixava um pouco enciumada.

— Não sei porque você coloca o ar-condicionado no mínimo, Bloom. -busquei o controle e desliguei o aparelho. Abracei meu corpo para me prevenir do ar gélido.

— Gosto de deixar bem frio pra poder dormir com coberta. -com a voz arrastada, ela murmurou entre os tecidos.

— Você é estranha.

Peguei o celular que estava carregando em cima da cômoda ao lado da cama. Desbloqueei-o e entrei no chat das minhas amigas. Contei a elas sobre a inauguração de um novo brinquedo, falei sobre minha estadia prolongada naquele ano e me informei sobre suas datas de check-in no Canterlot Beach Club.

All at Once [Rarijack]Onde histórias criam vida. Descubra agora