02 | Papai Popularidade

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          — Então... — Ele abre um sorriso, parecendo constrangido por meu súbito silêncio enquanto observo o rosto mais bonito que já caminhou na face da terra. Piscando algumas vezes, me forço a voltar para meus sentidos, apertando a mão dele em retorno.

Que aperto forte da desgraça.

— Você ainda não disse seu nome — Ele comentou, rindo baixinho e engulo em seco o encarando. É mais alto que eu, com os ombros largos e apesar de usar jaqueta de couro e uma camisa do Metallica por baixo, consigo ver a extremidade de uma tatuagem em seu pescoço se escondendo sob suas roupas.

— Taehyung. Kim Taehyung. — Ressalto, assim como ele fez, porque também quero parecer imponente e não um pai solteiro idiota do interior. — Pai do Jihoon.

— Ele é um fofo — Comentou e então, olhou para a própria mão. Olhei também e percebi que eu não a havia soltado, mesmo depois de tanto tempo.

Constrangido, largo de uma vez e ele ri, antes de continuar: — Um menino bem educado — Acrescentou e sorrio orgulhoso, porque ele é mesmo.

— Eu quem fiz — Solto, sem pensar e ele se engasga por um segundo, gargalhando.

— Bom trabalho — Ele concorda e ergue uma sobrancelha tombando a cabeça para o lado quando Minji aparece sobre o muro da escola, acenando animada. Abro a boca em choque; aquilo deve ter uns três metros. — Toma cuidado — Ele diz mais alto e ela concorda, ainda acenando animada.

Toma cuidado?

Ela está há três metros de altura, pelo amor de deus!

— Ela decidiu que quer ser uma dessas garotas que gravam vídeos de parkour por aí quando crescer — Diz simplesmente, ainda acenando com um sorrisinho e uno as sobrancelhas, boquiaberto, sem saber exatamente o que dizer. — Melhor eu ir, enquanto eu estiver aqui ela vai ficar ali

— Ah... É verdade... — Concordo, ainda em completo estado de choque. Como é que as pessoas criam os filhos em Nova Iorque?! — Hm... você conhece a cidade?

— Tem muito pra conhecer? — Ele pergunta, se colocando ao meu lado na calçada e então, me agarra pelo ombro por um segundo e inverte nossas posições. Uno as sobrancelhas, o encarando.

Ele me colocou do lado de dentro da caçada, enquanto caminha do lado da rua.

Abrindo um sorrisinho acanhado, eu concluo que preciso falar sobre isso com Jimin.

E que eu não o respondi, de novo. Ele deve me achar estúpido, por isso me colocou para dentro da calçada. Pessoas imbecis tem mais chances de serem atropeladas.

— Ah... Na verdade não... — Sorrio de volta. — É uma cidade bem pequena, mas é bonita. Vem, eu te pago um café — Sugeriu enquanto caminhamos em direção à uma cafeteria miúda e desgastada, como tudo naquela cidade.

— Que receptivo — Solta, mas tudo em seu tom parece brincadeira.

— E a sua esposa vem pra cá em breve? — Pergunto, o encarando com curiosidade.

Mas é porque sou fofoqueiro, ok? Não porque quero saber se ele é casado ou alguma coisa do tipo.

— Esposa? — Ele ergue uma sobrancelha, segurando a porta para que eu entre na cafeteria.

— A... mãe da Minji — Digo, constrangido.

— Hm... não tem mãe — Ele diz, rindo baixinho enquanto nos sentamos — É outro pai. E ele ficou em Nova Iorque; estamos nos divorciando.

Ok, eu realmente poderia cavar um buraco no chão com as minhas próprias mãos e sair na China de constrangimento, mas acho que disfarço bem quando sorrio e solto: — Não se davam bem?

— Foi meu primeiro namorado — Ele diz simplesmente — Ainda trabalhamos juntos e a gente até que se dava bem, mas precisava de um lugar mais calmo e de um tempo dele... Sabe como é com términos, né? Nem sempre você quer ficar olhando pra cara da pessoa...

— Na verdade — Meu rosto enrubesce e pego o cardápio tentando aliviar toda a vergonha — Eu não sei muito sobre términos.

— Como assim? Nunca terminou com alguém? — Seu polegar alcança o cardápio e ele o puxa para baixo, me encarando com um sorrisinho: — Fala sério.

— É sério. Eu me casei com a minha primeira namorada e só fiquei com ela! — Digo, o olhando e mais uma vez, ele ergue a sobrancelha em descrença.

— E ela...

— Ela... — Suspiro, fechando os olhos, mas então o sinto se afastar e quando abro os olhos, ele tem os olhos gentis e uma expressão suave no rosto com os braços cruzados na frente do peito.

— Não precisa dizer — Disse baixinho — Eu sinto muito.

É a primeira vez que tudo em sua voz e expressão corporal me diz que ele não está brincando ou debochando. Esse homem, que mal me conhece, está me oferecendo sentimentos sinceros.

[...]

— Que bom que você pôde vir — Digo, enquanto estico o tecido de minha calça, aproveitando para secar minhas mãos que estão incomodamente suadas.

Não que realmente tenha sido difícil convencer Jungkook a vir à reunião do clube das mães solteiras da cidade, mas uma marte miúda do meu interior insistia que ele me acharia um idiota.

— Que isso... foi bem legal você me convidar — Ele comentou; ainda está enfiado em sua jaqueta de couro, apesar de agora usar uma camisa branca por baixo. — Eu nem sabia que clubes assim existiam... — E riu baixinho ao passo que chegamos ao salão da igreja. Ele olha ao redor, parando por um segundo para observar o jardim.

— É bem legal — Comento, sorrindo animado. — A gente troca receitas, fala sobre as coisas que estão difíceis e tudo mais. É divertido até...

— Isso é... maneiro — Ele comenta com um tom de incerteza enquanto entramos. Como de praxe, ao centro da sala, há uma mesa com biscoitos, tortas e sucos e dessa vez não tive tempo para preparar nada, mas elas superam. — Uau... Vocês levam isso bem a sério — Ele comenta, abrindo um sorrisinho vendo a placa feita de EVA com glitter.

— Aposto que é bem diferente do que fazia em Nova Iorque — Provoco, tocando os ombros dele com os meus e ele ri, fechando os olhos por um segundo concordando com a cabeça.

— Acho que meus "clubes" tinham mais álcool e drogas em Nova Iorque — Ergo uma sobrancelha, porque acho que não estava pronta para a parte das drogas — Que foi? É Nova Iorque. Todo mundo usa droga lá...

— E como era pra cuidar da Minji assim? — Pergunto, chocado e ele encolhe os ombros.

— Eu não era lá o melhor pai do mundo lá... Digamos que agora eu tô... Tentando fazer as coisas certas — Ele parece envergonhado de dizer isso e então toco o ombro dele sorrindo, preparado para dizer que aqui é o lugar certo para isso.

— Taehyung! Quem é esse? — Uma voz feminina me impede de falar e é seguida por uma voz que conheço muito bem.

— Uau! É seu novo vizinho, Taehyung? — Jimin diz, se escondendo atrás de uma das mães de meia-idade. Ele nem é pai! O que é que faz aqui?!

Fofoqueiro miserável.

É, acho que temos o papai popularidade no clube.

O clube dos pais solteiros • taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora