03 | Papai que não é papai

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— Ruído branco — Karla, uma mulher negra, de uns trinta anos diz; ela está com o filho de dois anos em seu colo, adormecido como nunca — Sempre me ajuda — Sugere para uma mãe que comentou a dificuldade de fazer seu bebê dormir; apesar de vir todas as semanas, Taehyung não tinha conselhos como aquele. Quando Jihoon era um bebê, Minzy ainda estava saudável e ela sempre sabia lidar com todas as situações; ele aprendera depois quando ela se mudou efetivamente para o hospital.

— O que é ruído branco? — Jungkook se curvou para ele para perguntar, erguendo uma sobrancelha.

— Não faço ideia — Taehyung sussurrou de volta e os dois soltaram risadinhas baixas, aprumando a postura quando Taylor, uma garota consideravelmente jovem, começou a falar. Taehyung sabia que o filho dela tinha três anos e ela tinha se divorciado recentemente.

— Bem... Eu liguei para o Henry hoje — Ela confessou e as demais mães suspiraram. Ela e o marido viviam uma relação ioiô que claramente a fazia mal, mas ela nunca conseguia dar um fim de fato — Eu pedi a ele para voltar para casa.

— Taylor, já não ficou claro o tipo de homem que ele é? — Uma outra mãe comentou. Elas comumente detestavam homens, porque todas tinham tido experiências péssimas com os pais de seus filhos; os únicos que pareciam agradá-las eram Taehyung e Jimin — e agora Jungkook.

— Eu sei, eu não quero voltar com ele — Ela admitiu — Mas John — ela citou o filho e os olhos marejaram — ele tem estado tão triste. Me pergunta todos os dias quando o pai dele volta e eu não consigo dizer a ele que o Henry está namorando uma garota com metade da idade dele — Henry era um cinquentão que já tinha tido três divórcios e cinco filhos; ele sempre trocava a esposa quando ela atingia uma certa idade e, aparentemente, Taylor tinha chegado ao prazo de vencimento — Eu queria que ele voltasse e fizesse companhia ao John, porque eles faziam tudo juntos, mas agora ele nem sequer atende as ligações. Eu não consigo ser o que ele era pro John — E emendou um choro copioso. Um silêncio doloroso se estendeu por todo o clube, até que:

— Quem te disse isso? — Taehyung se virou para Jungkook, em choque pelo seu tom. As mães o acompanharam, os olhos curiosos e julgadores. Ele estava prestes a perder seu posto recém adquirido de papai popularidade: — Olha, não dá pra você obrigar alguém a ser pai. Tipo, a lei pode forçá-lo a pagar uma pensão, a aparecer a cada quinze dias e levar o filho para tomar um sorvete, mas é o que vai ser pra ele: uma obrigação. Só ele pode decidir se quer ser pai de verdade, se quer ser presente e algo bom para o filho dele — Ponderou — Você já escolheu ser mãe, mesmo nesta situação difícil, então... um dia, seu filho vai perceber isso — E se calou, dando de ombros — É como eu penso, pelo menos.

Taylor fungou, o encarando e então, chorou mais, mas não parecia tão triste. Parecia um choro de alívio, como se Jungkook tivesse arrancado um peso de seus ombros.

— E você, Jungkook? — Karla perguntou — Qual é a história da sua filha?

— Ah... É complicada — Admitiu dando uma risadinha — Eu nunca planejei ser pai. Eu estava morando com meu ex-namorado quando minha irmã engravidou e eu sabia que ela não ficaria com a Minji, então eu... peguei ela. Tipo, não que a Tara, minha irmã, tenha se oposto a algo; foi tudo dentro da lei. Mas não acho que eu fui um bom pai por um tempo; justamente porque eu nunca planejei, eu não era tão presente. Nem eu, nem Namjoon... Ele principalmente. A gente tinha uma banda na época, mas chegou um tempo que eu, sei lá, eu olhava pra ela e pensava que não estava sendo diferente de como meu pai me criou e eu não queria que ela crescesse igual a mim ou à Tara — Taehyung o olhou com os olhos brilhando de curiosidade.

Não que estivesse interessado, obviamente. Só queria saber mais da história dele.

— Então você é músico? — Karla perguntou, sorrindo animada. Diferente das outras mães que suspiravam desapontadas com a informação do "ex-namorado", ela parecia realmente interessada em entendê-lo — Já tem um emprego? Tem uma vaga para professor de música na escola. Você devia se candidatar!

— Sério? Eu não sabia disso — Jungkook pontua, surpreso — Obrigado por me avisar, vou me candidatar

— Por nada! — Karla voltou os olhos para o próprio relógio, erguendo uma sobrancelha:

— Meninas! Olha a hora! — Soltou, surpresa — Acho melhor encerrarmos! Na mesma hora semana que vem? — Um burburinho de concordâncias encheu a sala e Jimin se levantou num salto, parando diante de Jungkook e Taehyung, animado.

— O que é que você está fazendo aqui, Jimin? — Taehyung soltou e ele sorriu, piscando inocentemente: — Esse é o Jimin, Jungkook. É meu amigo e dá aula lá na escola das crianças

— Ah! Muito prazer — Ele estica a mão, educadamente — Jeon Jungkook.

— O prazer é meu, Jungkook — Jimin concorda apertando a mão dele e então, dirige um olhar de canto para Taehyung, sorrindo de forma curiosa. Taehyung sabia que ele estava aprontando, até que por fim ele soltou: — Taehyung mora do seu lado. Eu acho que você devia jantar com a gente hoje, o que acha?

— Uh? — Ele parece surpreso pelo convite: — Sério? Eu adoraria... cozinhar não é meu forte. Minji está quase me expulsando pra ter que fazer a própria comida — Ele riu da própria piada e Taehyung encarou Jimin, apertando os lábios um contra o outro, numa mistura de surpresa e raiva.

— Então tá combinado. Você vem jantar com a gente, as crianças se divertem, a gente se conhece melhor e você descansa dessa coisa de mudança. A casa do Taehyung é um mimo! — Soltou, divertindo-se ao olhá-lo.

Quando Jungkook assentiu ao passo que caminhavam para o lado de fora do encontro, ele acenou ao ir para a própria motocicleta, despedindo-se de forma educada. Então, quando estavam apenas Jimin e Taehyung na calçada, o Kim se virou para o amigo, erguendo uma sobrancelha: — Eu vou te matar, Jimin!

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⏰ Última atualização: May 24, 2023 ⏰

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