08.

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vance.

A porta da sala de química havia sido aberta.
O diretor chamara meu nome.
Os olhares caíram sobre mim.
E eu acompanhei o mais velho até a sua sala.

Eu me sentei naquela poltrona. Ela fedia e não era pouco, faz um tempo que eu não estivera ali e, pela sua cara, era uma coisa terrível que estava por vir:

─ Suas notas despencaram, Vance. ─ iniciou o diretor, com cautela. ─ Você está correndo risco de reprovar de ano.

Eu não era um garoto que sentia medo. Quando eu tinha seis anos, meu único medo era de escuro, pois parecia que toda vez que meu pai apagava a luz, os monstros que eu pensava que existiam caminhavam pelo quarto.

Mas naquele momento, o pavor tomou conta de mim. Se eu reprovasse, não sei qual seria o meu fim. Doloroso ou rápido? Essa era a questão que passava na minha mente.

─ E o que eu posso fazer com essa informação? ─ perguntei, tentando mostrar a minha pose de foda-se a escola, eu sou Vance Hopper para o diretor. Mas ele sabia o que eu sentira, pois me conhecia muito bem, já que era um antigo amigo de meu pai.

─ Que tal pegar as matérias no qual você está com nota vermelha e estudar maid um pouco? ─ rebateu, entregando-me uma folha. Meu boletim, com quatro notas vermelhas.

Pensei em cinco xingamentos diferentes naquele momento.

─ Nessa sexta-feira eu lhe darei a chance de recuperar essas notas. Mas eu preciso que você estude, Vance, senão eu não vou poder ajudá-lo esse ano.

Assinto, levantando da poltrona fedida e pedindo licença antes de sair da direção. Meu nível de nervosismo não era nítido em meu rosto, mas minhas mãos suavam enquanto eu segurava aquele papel. No meio do caminho encontrei Griffin, um garoto cujo estudava na mesma sala de Gwen, e se eu não me engano era um dos amigos de Billy.

O cutuquei com o dedo em seu ombro, chamando a atenção do menor e o assustando. Griffin ecoou um grito que deu para escutar até fora da escola, eu acho.

─ E-eu não fiz nada, Vance, eu jur-

─ Cadê o Billy? ─ o cortei, forçando-me a não revirar os olhos naquele instante. ─ Eu preciso falar com ele, agora.

─ Ele foi no banheiro com Donna.

Franzi o cenho, não querendo nem pensar o que podia estar acontecendo entre eles, e o pior, se estiver acontecendo, Billy não me contar.

─ E Robin?

─ Victoria o chamou para conversar.

─ Finney Blake?

─ Na quadra com Bruce.

Ótimo. Bruce e Finney no mesmo lugar.

Me afastei do garoto, quase que correndo para a quadra e encontrando o ruivo com um taco na mão, e Bruce com outro. Eles pareciam estar treinando para o próximo jogo que seria amanhã, e ambos pareciam animados com aquilo.

Dei um sorriso com o sorriso de Bruce após ele ter visto que eu estava presente no local. O garoto acenou, mas eu ignorei, direcionando-me até eles.

─ Espero que um de vocês saibam essas matérias. ─ mostrei meu boletim.

Bruce e Finney largaram os tacos no gramado e deram uma olhada em meu boletim. Comecei a sentir vergonha por pedir ajuda à eles, pela expressão de pavor em seus rostos.

─ Bem, eu sou ótimo em matemática ─ disse Finn, dando de ombros. ─ Posso te ajudar nessa matéria.

─ Você sabe as outras, Bruce? ─ questionei, esperançoso.

─ Bem, espanhol não é tão difícil quando você gosta de ler línguas estrangeiras. Biologia é para curiosos e.... educação física, Vance? Sério isso?

Bufei.

─ Sou melhor com socos do que com corridas.

─ Que seja, eu posso te ajudar.

Um alívio tomou conta de meu corpo, e eu pude sentir meus pulmões, pela primeira vez desde a sala do diretor, dando o sinal de que eu estava respirando.

─ Que horas e onde eu os encontro hoje?

─ Pode ser às cinco da tarde, na lancheria perto do centro. ─ murmurou o menor, olhando para Bruce para ver se ele concordava, e, graças a Deus, concordou. ─ Beleza, às cinco, e sem atraso.

Vance suspirou. Estava irritado e precisava logo bater em algo ou em alguém. Também corria risco de reprovar e ter maid marcas de socos e pontapés em seu corpo. Ele estava tão cansado disso, que não pensou duas vezes antes de aceitar.

─ Estarei lá uma hora antes.

comoção oportuna ☆ ʙʀᴜᴄᴇ × ᴠᴀɴᴄᴇOnde histórias criam vida. Descubra agora