Deux

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RainbowTU: De volta :3

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Doze dias de emprego e Namjoon se sentia bastante surpreso com o quanto as coisas podiam ser diversas do que ele imaginava. Dar aulas para crianças era um pouco mais complicado do que supôs inicialmente. Muitos pontos contavam em seu desfavor; tinha sido criança numa cultura e num tempo completamente diferente dos seus alunos. Em seus tempos de menino na Coreia do Sul, não tinha tanta liberdade quanto crianças ocidentais podiam experimentar — mesmo eles sendo crianças de origem coreana, eram mais ocidentais que outra coisa. No seu tempo não viviam sob uma democracia como ocorria no Canadá e não havia sequer metade da tecnologia que existia na atualidade. Isso sem contar a condição financeira, que não era miserável, mas estava bem distante da que os pequenos moradores do Château Paradis dispunham. Comunicar-se com elas e se colocar numa posição hierarquicamente superior requeria mais do que supunha. E para completar a equação, estava lidando com crianças muito diferentes entre si, e isso piorava tudo.

Yoongi era um garoto muito comunicativo, mas extremamente formal em seu modo de falar, que destoava demais de seus irmãos. Gostava bastante de moda, estava sempre folheando revistas sobre alta costura e tinha uma coleção considerável delas. Era possível fazer qualquer pergunta a ele sobre História da Moda e ele teria a resposta na ponta da língua. Era popular na escola, e gostava de ficar ao telefone com os amigos. Hoseok era o oposto disso. Não falava muito, e quando falava, declamava uma porção de gírias que nem sempre Namjoon entendia. Parecia estar sempre vestindo a mesma camisa, variando apenas as calças e bermudas. Seus cabelos, ou estavam bagunçados, ou puxados para cima, e dificilmente era visto sem os fones de ouvido ou sem o skate. Gostava de escutar um novo estilo de rock que para Namjoon era um mistério, mas que o levava a fazer uma maquiagem escura ao redor dos olhos. Dia sim e no outro também Yoongi e Hoseok brigavam, mas havia algo no jeito do mais velho falar que fazia o mais novo se calar e parar. Desde a primeira briga que presenciou, Namjoon nunca mais precisou os apartar e isso, para ele, era como uma trégua muito bem-vinda no turbilhão em que se sentia metido.

Os gêmeos eram curiosamente diferentes, mas ao mesmo tempo muito semelhantes. Jimin era muito apegado a Hoseok, e Taehyung a Yoongi. Os dois eram como uma versão suavizada dos mais velhos, bem mais tranquilos e bem menos briguentos. Gostavam de implicar um com o outro, mas não passavam de pequenas provocações que se esqueciam tão logo emendavam uma conversa qualquer em seguida à discussão. Jimin gostava de atuação, e Taehyung se encontrava na dança. Gostavam de ver musicais juntos quando não estavam seguindo Yoongi e Hoseok por todos os lados, e adoravam tentar reproduzir algumas cenas do que viam. Namjoon achava que eles tinham bastante talento, mas talvez fosse apenas pelo fato de serem crianças. Não seria capaz de julgar tão severamente dois meninos de oito anos, ainda mais dois meninos com carinhas tão fofas quanto as deles.

Jungkook era a unanimidade entre os irmãos, todos a amavam e mimavam incondicionalmente, a tratavam como a verdadeira princesinha da casa. Era possível reconhecer nela um pouquinho de cada um deles. Ela adorava os penteados que Yoongi lhe fazia, e amava fingir que estava numa Fashion Week usando combinações que ele criava a partir do que era tendência nas grifes que admirava. Sabia cantar todas as músicas que Hoseok mais gostava, e era a única que lhe tirava sorrisos fáceis, especialmente quando tentava andar de skate. Tinha aprendido a sapatear e cantar como as atrizes mirins da Old Hollywood — ou quase como —, e aprendia muito rápido seus papéis e canções dados a ela pelos gêmeos. Mas ela não se limitava a ser um compilado deles. Jungkook tinha uma imaginação muito fértil, e escrevia histórias tão criativas que Namjoon às vezes duvidava que a garota tivesse apenas sete anos. Era bastante introspectiva, mas também falava bastante. Esbanjava muita segurança e força para uma menininha, ainda mais para uma garotinha em sua condição, que tão nova já precisava enfrentar um mundo nem sempre carinhoso com ela — e talvez fosse das dificuldades que vinha sua força. Não era difícil para Namjoon entender por que ela era tão adorada naquela casa. Não havia como não a amar e admirar.

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