"As pessoas costumam dizer que uma maçã nunca cai muito longe da árvore. Mesmo que, no final do dia, não faça tanta diferença, sempre tive medo de ser verdade. Talvez seja por isso que, com o menor dos esforços, ele conseguiu me convencer a deixar o...
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– Sam!
Eu grito. De novo. É provavelmente a décima quinta vez em cinco minutos e ela continua me ignorando, mas eu não sou de desistir! Eu a vi muito bem entrando no quarto, então sem chances de eu sair daqui sem ela falar comigo.
Primeira e última vez que eu empresto meu laptop.
– Puta merda Samantha, abre a porta!
Bato desesperadamente até ouvir algo se mexendo na cama e passos vindo em direção a porta. Ouço os barulhos que sua fechadura faz ao ser destrancada e então o rosto da minha irmã parecendo irritada.
– Finalmente!
– Pelo amor de Deus, o que é que você quer?
– Como assim? Me devolve.
– Devolver o que, Anthony?
– Meu laptop. Você pegou emprestado.
'Emprestado', tá bom. Mais para 'pegou a força porque ela e o papai concordam que sou 'irresponsável e ela precisa mais'' ou coisa assim. Ela é muito ocupada para conseguir por o próprio para carregar, coitadinha.
– Ah, é mesmo. – ela para e faz uma expressão reflexiva por alguns segundos – Acho que deixei na concessionária.
Só pode ser brincadeira.
– Você o quê?!
– Que foi? Não precisa de tanto drama, não é como se eu tivesse perdido ou quebrado seu precioso.
'Não precisa ser dramático' mas se fosse ao contrário...
Resmungo e rolo os olhos. Não tem muito o que fazer.
– Você pode pelo menos me deixar lá? A culpa é sua.
Ela suspirou, mas acabou concordando. Saí da cara dela o mais rápido possível - antes que ela tivesse chance de mudar de ideia -, peguei uma jaqueta e encontrei Sam do lado de fora, já ligando o carro.
A gente não conversou muito no caminho. A não ser que o monólogo dela sobre como eu atrapalhei um dos momentos mais importantes da vida de Yasmine - ela fazendo as malas para voltar para os Estados Unidos - e como ela está parecendo uma péssima amiga seja considerado uma conversa.
É cada vez mais difícil falar com ela e com o pai desde que eles voltaram com o karatê. Amo minha irmã, mas seria muito bom ter umas férias dela e de todo o "drama-marcial" de vez em quando.
Pela primeira vez, a concessionária ser do lado de casa foi muito útil, já que a Sam não conseguiu estender o discurso por muito tempo.
– Vê se não demora! – ela disse ao parar o carro. Tirou o cinto, pegou o celular e voltou a oferecer "suporte emocional", como ela mesma disse.
– A gente nem estaria aqui se não fosse por você – respondo baixo, mas não tão baixo quanto imaginei.