𝐈. 𝐑𝐮𝐧𝐚𝐰𝐚𝐲

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As pessoas costumam dizer que uma maçã nunca cai muito longe da árvore

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As pessoas costumam dizer que uma maçã nunca cai muito longe da árvore. Mesmo que, no final do dia, não faça tanta diferença, sempre tive medo de ser verdade. Talvez seja por isso que, com o menor dos esforços, ele conseguiu me convencer a deixar o que eu chamava de vida para trás.

Sempre pensei em ir embora para conhecer o mundo, só não imaginei que aconteceria dessa maneira. Em uma caminhonete caindo aos pedaços, fedendo a cigarro, álcool e seja lá o que mais infesta esse carro e Max no volante. Destino? All Valley, Califórnia.

Conheci Max por volta dos oito. Ele devia ter uns doze ou treze. Era nosso vizinho, morava com a avó. Sempre andou com a galera errada, mas tudo foi por água abaixo mesmo quando ela morreu. Ele nunca mais foi o mesmo. Acho que foi quando comecei a detestá-lo pra valer.

De qualquer forma, qualquer coisa seria melhor que continuar naquele inferno que minha mãe chama de casa. E como meu pai não dá a mínima para mim, foi uma proposta tentadora demais para recusar.

Saímos cedo, bem cedo. Muito antes dela acordar. Tinha feito as malas no dia anterior - algumas roupas, escova de dentes e um dinheiro que vinha juntando - e as escondi embaixo da cama. Fui para a cama mais cedo que de costume e coloquei um alarme para três horas da manhã, não sou estúpida o suficiente para dormir em uma viagem de carro com aquele cretino. Quando ele chegou minha mãe já estava totalmente apagada, então peguei minha mochila e caímos na estrada.

As próximas duas horas passaram terrivelmente devagar, mas sinceramente? Agradeço aos céus se isso significa que não precisaremos conversar. Ele tentou puxar papo algumas vezes, mas eu cortava todas as tentativas dizendo que estava cansada. O sol já estava alto no céu quando chegamos em All Valley, então não deve demorar para chegarmos na casa dos amigos dele.

– Temos que deixar algumas coisas claras, – ele disse – ou está muito cansada para isso também?

Ajeitei a postura no banco e disse:

– Não, não. Pode falar.

– Certo – ele pigarreou – Primeiro, não quero você amiguinha do pessoal. Só vai foder com tudo tentando "ser legal". Só fica na sua, como sempre – reviro os olhos, ainda observando a paisagem pela janela – Segundo, cuida do que é seu. Ninguém ali vai ficar te mimando.

Como se eu não soubesse. Ele acha que eu sou idiota?

– Terceiro, não quero nem saber de você me trocar por algum playboyzinho mimado de All Valley. – ele disse com acidez – E quarto, se não estiver afim de passar fome, é melhor ajudar nos trampos. 

– Já acabou? Ou Vossa Majestade tem outras exigências?

– Só mais uma coisa – ele disse, parando o carro a luz vermelha do farol e se virando para me encarar – , é melhor ter modos ou você não dura nada, ouviu bem?

Balanço a cabeça em concordância e volto a olhar pela janela.

Até parece. Quem ele pensa que engana? Ele só fala.

𝐅 𝐈 𝐑 𝐄 𝐏 𝐑 𝐎 𝐎 𝐅 - Anthony LarussoOnde histórias criam vida. Descubra agora