pincelados por vermelho

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Um incêndio tende a ocorrer em áreas secas em grandes proporções, um fogo tão intenso que é quase impossível de apagar. Carson era uma floresta seca incendiando por Greta, pelos momentos semanais a qual elas passavam juntas, pelo perfume doce, quase enjoativo da ruiva.

Carson tinha ganhado uma rotina, todas as quartas Carson e Greta exploravam juntas a cidade, Carson mostrava seus lugares favoritos a Greta e também lugares que Carson sabia que ela gostaria, afinal como uma boa vizinha, ela era uma boa observadora, Greta gostava de cozinhar, ler e pelo que elas conversavam, Greta gostava de ter segredos, era a mulher mais misteriosa que Carson conheceu em toda sua vida, todas as outras eram tagarelas e falavam muito de si mesmas, ao ponto de ser até irritante, mas pela primeira vez Carson gostaria que Greta falasse muito, falasse de tudo, até das manchas estranhas que surgiriam em sua pele, Carson não sabia por quê, mas ela gostaria de ouvir Greta falar de si por horas.

Uma nova quarta amanhece e  Carson se sente diferente, ela não quer sair pela cidade, ela quer ficar na casa com Greta, ler com ela talvez, um tempo de lazer, conversas de amigas, conhecer Greta, Carson tinha uma curiosidade extrema por Greta, ela ansiava pelas poucas horas nas quartas-feiras, ansiava pelos toques tímidos, contidos que elas emitiam uma a outra, mas Carson era ambiciosa, Greta a deixava ambiciosa, ela queria mais, um simples beijo na bochecha fazia Carson imaginar um beijo em outra parte de seu rosto, um simples olhar a fazia se sentir tão quente que ela incendiava por dentro, ela se permitia alastrar as chamas contidas em si, sem nunca ter coragem o suficiente para jogar álcool no fogo que ardia tão intensamente que era possível ver algo nos olhos de Carson queimar.

– Mamãe, para onde você vai? – Benjamin pergunta parado em frente a porta da mãe, esperando seu pai chegar para levá-lo a escola. Embora fosse apenas uma criança, Ben via a forma como sua mãe se preparava de forma alegre, para um evento onde ele não estaria presente, Ben via a forma como a vizinha nova sempre o cumprimentava  mais alegre quando Carson o levava, como sua mãe sempre se alegrava ao falar da vizinha, ele sabia ou melhor ela sentia oque sua mãe estava preste a aprontar e ele gostava da forma como sua mãe se sentia alegre depois de Greta.

– Não vou a lugar algum pequeno, apenas um chá com a Sra. Gill – O sorriso com covinhas era evidente, Carson evitava falar o nome de Greta em casa, ela não sabia bem ao certo a razão para isso, mas ela evitava a todo custo, era sempre 'Sra. Gill', a vizinha, por vezes até "a moça ruiva da vizinhança", uma tentativa de esconder que ela já sabia sobre Greta, não o bastante, mas o suficiente para que seu marido revira-se os olhos apenas com a menção a pela mulher.

Bem observa os dois lados do corredor, por uma razão que Carson não entendeu bem, as escadas também foram checadas antes de se virar para sua mãe e puxar a bainha de sua saia para que ela o visse, ali tão baixo em meio aos devaneios de vermelho da mãe.

– Mamãe – Ele pausa por apenas alguns segundos até que Carson o olhasse com curiosidade  – Você gosta da Greta? – As sombrancelha se erguer e Carson paralisa, se prendendo as suas pernas para não cair, como ela diria ao filho algo que ela se quer sabia, ela sentia, não tinha certeza do que, mas ela não tinha uma certeza ali.

– Sim... Ela é uma boa amiga – Ben nega com a cabeça, puxa mais uma vez a bainha, agora sua mãe se abaixa, ficando de uma altura semelhante a ele.

– Não mamãe, você gosta dela como gosta do papai? Não dá mesma forma que você gosta da tia May ou da tia Max, você gosta dela? – Carson abre e fecha os olhos repetidas vezes, uma tentativa de processar a pergunta, talvez até processar o suficiente para obter uma resposta, mesmo que apenas para si, por talvez sorte, a porta é aberta e Charlie entra na casa, chamando Ben, que agarra sua mochila e corre pelas escadas, em menos de um segundo que ele está na parte de baixo das escadas ele volta, correndo com a mesma pressa, ele deposita um beijo na testa da mãe e a olha – Depois me fala mamãe, eu não conto, promessa de dedinho – Carson sorri e aperta seu dedo ao da pequena criança.

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