EPÍLOGO 2 - Cores Invisíveis

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-PoV Kara-

Quanto mais perto Lena chegava dos nove meses de gestação, menos trabalho eu aceitava pra conseguir ficar mais tempo com ela. A parte boa de ter minha própria produtora é que eu posso delegar certas funções e trabalhar de casa sempre que possível.

Estávamos quase em contagem regressiva pra chegada da nossa garotinha e Lena já tinha até recebido a licença maternidade do FBI. Por isso, tudo o que eu podia fazer pra estar em casa com ela, eu fazia.

Apesar dos enjoos fortes que ela teve nas primeiras semanas de gestação, até agora tem sido meses bem tranquilos. Lena sempre foi muito ativa e continuou sendo até receber a recomendação médica pra desacelerar um pouco.

No início, eu achei que esses dias em casa a deixariam ansiosa por conta da espera do parto. Mas não, ela estava aproveitando bastante pra ler, ouvir música, arrumar o quarto da nossa filha e até me ajudou na escolha de um possível elenco pra uma nova peça.

Todo dia eu tentava distraí-la com alguma coisa diferente, mas muitas vezes eu mesma quem terminava sendo distraída por ela. Lena tem uma tranquilidade invejável e eu sempre termino sendo a pessoa dentre nós duas que precisa ser tranquilizada.

Chegar em casa e ver minha esposa com aquele barrigão enorme me deixa inebriada de felicidade. Ela consegue curtir todos os momentos da gestação, que não devem ser nada fáceis, e ainda parece ser a mulher mais linda e mais feliz desse mundo.

Lena passou muito tempo triste depois que perdeu o pai, mas desde que nossa bebê mexeu pela primeira vez, nunca mais vi seus olhos tristes de novo.

Agora eu passo todo o meu tempo livre paparicando ela de todas as formas possíveis e conversando com a nossa filha mesmo na barriga, pra quando ela nascer, reconhecer minha voz com facilidade.

Hoje em especial, foi um dia que não pude deixar de sair pra trabalhar, precisei assistir alguns testes de elenco e depois fui direto pra uma reunião com a equipe. Pelos meus cálculos, eu não iria demorar muito, mas na prática, até passei um pouco da hora, quando entrei no carro pra voltar pra casa, já eram mais de seis horas da noite.

No caminho de volta, passei num restaurante chinês pra comprar o jantar e torci pra que a Lena ainda não estivesse com muita fome. Eu não acho que ela esteja tendo alterações hormonais muito fortes por conta da gestação, mas sentir fome é uma coisa que a deixa extremamente estressada. Só não é pior do que dizer que ela "não pode ou não deve" comer certos tipos de alimentos, como por exemplo, fast food.

Entrei em casa na ponta dos pés com medo de encontrar minha esposa igual uma fera, mas na verdade, eu a encontrei dormindo no sofá igual um gatinho que se encolhe todo dentro de uma caixa.

Nós temos dois sofás na nossa sala, um enorme que fica de frente pra TV e um pequeno perto da janela que só tem dois lugares. Ela poderia facilmente deitar no sofá grande pra ficar mais confortável, mas ela sempre termina dormindo toda encolhidinha no sofá menor.

-Oi, amor. Você não acha melhor deitar na cama? -perguntei baixinho enquanto fazia carinho em seu rosto.

Lena se mexeu um pouco no sofá e sorriu com meu toque, mas continuou com os olhos fechados.

-Você demorou. -ela disse deixando um bocejo escapar.

-Desculpa. Eu perdi a hora. Mas trouxe comida chinesa. Tá com fome?

-Morrendo. -ela respondeu ainda abrindo os olhos e eu sorri agradecendo por aquele sono que a deixou tranquilíssima mesmo com fome.

Enquanto ela sentava no sofá e prendia os cabelos que anteriormente estavam soltos, aproveitei pra tocar em sua barriga e até parece que a bebê sabe quando eu estou ali, porque ela sempre termina se mexendo.

A Cor do Amor (Karlena)Onde histórias criam vida. Descubra agora