Hora de Tomar decisões
Sempre me achei a mais sensata, controlada, invulnerável e autoconfiante das mulheres, aquela que nunca hesitava na hora de se colocar, e nunca permitiu que alguém, principalmente um homem qualquer, ditasse as regras de qualquer tipo de jogo, ainda mais em questão de sentimentos que me tocam tão fundo.
Sim, essa minha ideologia não veio do nada. Eu sei o que acontece quando a mente sucumbe, deixa o coração falar mais alto e tomar as decisões mais idiotas que uma pessoa é capaz.
Sou filha de pais divorciados que amam a mim e ao meu irmão intensamente, mas que nunca conseguiram e ainda não conseguem trocar duas frases completas sem se agredirem como dois inimigos. E tudo isso por conta de um amor que começou errado, teve um meio conturbado e estressante e acabou por terminar deixando duas pessoas aos frangalhos.
Eu e Dante fomos criados no meio dessa balbúrdia toda e o que hoje se chama de alienação parental e pode ser até considerado um crime dependendo da intensidade, na nossa época se chamava apenas e simplesmente de picuinha boba entre os pais.
Eu e o meu irmão sobrevivemos, e ele até que é feliz no seu casamento com Rosanna, mas eu no entanto continuo me mantendo firme na ideia de não colocar o meu coração, algo que me é de tão grande valor, nas mãos de qualquer pessoa que não saiba o que fazer com ele, quando vier a se ver de saco cheio de um relacionamento que já não lhe satisfaz.
Aliás os meus pais também superaram as suas primeiras bodas, agora eles estão felizes e realizados nas suas relações bem mais saudáveis e amigáveis. Irônico, não é mesmo eu ser a única no meio de tudo isso que ficou com a sensação de perda?
Acho que as brigas, choros e melodramas que presenciei me deixaram traumatizada. Eu era apenas uma criança e depois uma pré adolescente, e isso bastou para me abalar. Tanto que quando entrei de fato na adolescência e minha mãe ficou sabendo que a minha amiga Felicite já tinha o seu primeiro namorado, ao qual era um babaca que ficava mais tempo jogando vídeo game e vendo revista de mulher de pelada do que qualquer outra coisa, ela logo me perguntou: E aí filha, quando você vai trazer um namoradinho para eu conhecer? E a minha resposta sem nem ao menos parar para pensar foi: Vou te trazer um diploma mamma, vai por mim, é melhor assim.
E assim eu fiz e nunca me arrependi. Me formei no colégio, depois na faculdade de Relações Internacionais e mais tarde fiz questão de imprimir o número que eu fiquei na lista de aprovação para agente da Polícia Federal, 09.
Bem, se estiverem curiosos sobre os meus namorados, a resposta é não. Mas ficantes e casos eventuais isso sim, determinada muito, mas nunca fiz questão de ser santa. Apenas gosto de evitar riscos desnecessários.
Fazer o que, cada um tem as suas neuras e os seus motivos para fazer terapia.
Relacionamentos amorosos para mim é algo superestimado e eu já conversei várias vezes sobre isso com a minha terapeuta, a dra. Juliane. Tentei explicar para ela que eu cresci vendo duas pessoas que deveriam se amar, se odiando e espezinhando ao outro sem dó. Era como se fosse uma tortura mútua combinada entre eles. Podiam dar um basta naquilo, era só se separarem e tudo acabava, mas essa situação perdurou até os meus doze anos, quando finalmente o meu pai saiu de casa.
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Indelével
RomanceHebe e Alessandro, dois agentes da Policia Federal italiana que irá deliciar a todos com suas intensas e maravilhosas cenas.