Talvez eu esteja procurando por algo
que não posso ter
- Mulher maluca. - eu digo em voz alta efetivando de uma vez por todas o que eu gritava sem parar dentro da minha cabeça enquanto a porta do elevador se fechava atrás de mim.
- Falou comigo? - Luiz se vira para olhar em minha direção.
- Há, não meu amigo, eu só pensei alto. - dei um toque na mão dele que estava no ar esperando o meu cumprimento.
Luiz balança a cabeça dando um sorriso. Ele assim como as outras pessoas da unidade estão mais que a par do meu estado de humor desde que aquela bruxa ruiva e maluca foi para Roma e me deixou completamente fora da sua vida.
Quer dizer, não que eu estivesse presente de uma forma ou de outra, mas pelo menos com ela por perto, bem ou mal eu sabia o que estava acontecendo. Agora completamente bloqueado das suas redes sociais e celular e distante dela por pouco mais de quinhentos e setenta quilômetros, o meu domínio e conhecimento passa a zero.
- Lucca, só estava esperando você chegar para começar a reunião. - Luiz fala enquanto eu deixo as minhas coisas em cima da mesa e depois pressiono o botão multifuncional do fones de ouvido TWS que ainda toca baixinho a música do Justin Timberlake, Say Something.
Essa letra é formidável e diz a verdade, eu acho que talvez eu esteja mesmo procurando por algo que não posso ter. É triste mas é verdade.
- Você vem? - pergunto.
- Sim, só vim pegar uns documentos.
Pelo caminho eu cumprimento as outras pessoas que trabalham comigo, entre elas as amigas fiéis da Hebe: Abigail, Ellen e Raquel.
Abi e Ellen são peritas criminais e Raquel assim como Luiz faz parte da inteligência da Polícia Federal e a única diferença entre eles é que Raquel fica mais no escritório fazendo as investigações pela internet e as ferramentas super modernas que dispomos e Luiz sai a campo conosco.
As meninas sorriem para mim, mas depois olham umas para as outras como se fossem cúmplices de algum segredo. E claro que são mesmo. Sei que pelo menos uma delas fala com Hebe todos os dias.
Mulheres!
Pelo vidro eu vejo Lucca sentado na cadeira à cabeceira da mesa. Ele está com os seus óculos de grau recém adquiridos e lê com atenção alguma coisa no papel à sua frente.
- Sabia que você já está com cara de pai? - eu o cumprimento quando ele levanta a mão.
- Será porque eu estou me sentindo um homem exausto que precisa de horas ininterruptas de sono profundo e tranquilo para se sentir uma pessoa normal de novo?
Me sento na cadeira ao seu lado e solto o ar com força - Bem, pensa que pelo menos você tem um bom motivo.
Acho eu que o complemento da frase não se faz necessário. Lucca me conhece bem demais para saber o que está acontecendo comigo.
- Ok e você também não está com a cara nada boa. Tenho certeza de que ficou ruminando muita coisa. Suas olheiras e seu mau humor te denunciam. - Lucca vira a cadeira na minha direção.
- Hebe. - digo somente o nome dela e sei que já é auto explicativo.
- Entendo. - ele tira os óculos e os coloca em cima da mesa - Sai de casa e deixei Selene falando com ela ao telefone.
- Pelo menos ela pode fazer isso, já eu estou completamente bloqueado. - balanço a cabeça me sentindo frustrado.
- Como se isso fosse obstáculo para você. Seus celulares descartáveis estão na segunda gaveta do seu escritório no andar de cima do seu loft. - Lucca dá ombros como se fosse completamente normal ele saber de tudo da minha vida. E acho que é mesmo, nunca escondemos nada um do outro.
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Indelével
RomanceHebe e Alessandro, dois agentes da Policia Federal italiana que irá deliciar a todos com suas intensas e maravilhosas cenas.