Sidney

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- Jay? - Felix chamou, mas a cabeça de Sidney estava em qualquer outro lugar, menos naquele. - Jay? - Felix tentou de novo, mas continuou sem respostas - SIDNEY! - dessa vez ele alterou a voz e começou a estralar os dedos.

- Oi?

- Você sequer escutou uma palavra do que eu disse.

- Claro, sim - respondeu ele, firme. Felix o fitou com o olhar que só ele fazia e que deixava qualquer um sem graça - Não. Foi mal cara.

- Tudo bem - Felix relaxou mais no banco do pátio da escola e Sid fechou os olhos

Alguns minutos antes daquela conversa, Sidney tinha esbarrado em uma garota loira incrivelmente linda, aos olhos dele. Ela tinha sido um tanto grossa com ele, mas ele não se preocupou com isso, estava absorto com a beleza que ela irradiava. Queria tanto descobrir o nome dela. Ele não conseguia parar de pensar na garota do corredor, não sabia por que, mas simplesmente não conseguia. Mesmo que ele começasse a pensar em algo totalmente fora do rumo como comida, ele iria pensar que comida é bom, e coisas boas fazem as pessoas felizes, e pessoas felizes o fazem pensar em coisas felizes, coisas felizes lembram arco-íris, que lembram unicórnios, que lembra a camiseta que a menina do corredor usava.

- JAY! - Felix chamou... de novo - eu desisto de conversar com você.

- Não não não, é só... as provas e tudo mais. Eu fico irritado - mentiu ele.

Bem, Felix não acreditaria de qualquer forma se Sidney Jay dissesse que estava pensando em uma garota e não era por causa de seus peitos. Era meio idiota dizer, mas ele pôde ver através de seus olhos azuis tão puros. Ele pôde ver o sofrimento, a agonia e a tristeza em que ela vivia, pôde perceber tudo isso só em uma troca de olhares de 5 segundos.

- Voltando ao o que eu estava dizendo... pela segunda vez - dessa vez ele estava prestando atenção de verdade - eu e Dave brigamos.

- Por quê?

- Ontem a noite, enquanto ele estava tomando banho, eu peguei o celular dele para ligar para a minha mãe e dizer que eu ia ficar por lá mesmo. Só que eu acidentalmente vi uma conversa dele com um carinha lá, e foi quando ele saiu do banheiro. Ele começou a gritar comigo porque eu peguei o celular dele para bisbilhotar e me sentir como se a culpa de tudo fosse minha. Ele que tem conversinhas secretas e eu que sou o errado? - ele desabou no banco.

- Bem... - Sid torceu o nariz.

- Bem o quê?

- Meio que você é o errado. Você não podia ter usado seu celular?

- Tava sem bateria.

- O Telefone da casa dele?

- A mãe dele tava conversando com o peguete dela.

- Que nojo - ele afastou a imagem horrível da senhora Turner falando coisas sujas pelo telefone - mesmo assim, parece que você acabou levando todos esses obstáculos como uma chance de saber o que Dave anda fazendo.

- Você acha? - ele ergueu uma sobrancelha.

- Sim.

Felix pulou em Sidney e o abraçou.

- Obrigada.

- Me solta, Felix.

O menino rapidamente desgrudou dele.

- Me desculpe, eu esqueço.

Sidney tinha sim problemas com raiva. Ele só gostava de ser tocado se fossem garotas, qualquer outro ser vivo existente no planeta terra que encostasse um único dedo nele, perdia o dedo. Ou a vida. Isso dependia do humor dele no dia.

Felix e Dave eram os melhores amigos de Sidney desde a quinta série. Sidney sempre andava com Dave e, um dia, um moleque idiota decidiu tirar sarro de Felix. Dave foi defende-lo, mas o menino o empurrou para longe, Sid explodiu de raiva e quase espancou o menino até a morte.

Depois desse dia Dave e Felix ficaram cada vez mais próximos até que BUM! Namorados.

Ele não era um valentão, não daquele tipo que sai batendo em pessoas inocentes sem motivo aparente. Ele é mais o tipo que bate naqueles que batem em pessoas inocentes sem motivo aparente, ou seja, ele tem motivos.

Mas todos tem medo dele, o que ajuda muito a vida de Dave e Felix, mas nem Sid pode salva-los das brigas frequentes.

- Eu vou procurar o Dave antes que o sinal toque e vou dizer que você sente muito. - disse ele se levantando.

- Mas eu não disse que...

- Felix, você sente muito.

Ele saiu correndo pelo corredor a fora. Tá, ele realmente iria conversar com Dave, depois que encontrasse a menina da blusa de unicórnio. Precisava saber mais sobre ela. Sidney corria como um louco, derrubando pessoas, materiais, comida e mais. Tudo por uma garota. Qualquer um que o conhecesse de verdade riria da cara dele neste momento.

Ele finalmente virou em um corredor e a viu de costas, pôde reconhecer o juba loira desgrenhada. Estava tão hipnotizado nas ondas irregulares que seu cabelo tinha, que quase não notou que a blusa de unicórnio já não estava mais em seu corpo. Ela a usava agora para cobrir os seios e a barriga, a alça do sutiã levemente caída fora levantada em uma menção rápida. A blusa foi colocada novamente e, do quartinho do zelador, saiu um garoto com um sorriso malicioso natural no rosto abotoando as calças.

A garota se encolheu toda quando o viu chegar perto.

- Valeu a pena, né? - ele sorriu para ela e apertou sua bunda. Ela parecia claramente incomodada com aquilo tudo. - Mais tarde nós terminaremos isso.

O babaca saiu andando deixando a frágil garota sozinha, ela começou a andar para o lado oposto dele e deu de cara com Sidney, que continuava imóvel no meio do corredor.

- Tá olhando o quê? Dá o fora.

E pela primeira vez na história, Sidney Jay Harper deu o fora, controlando a raiva o máximo que conseguia. Só o som da voz dela foi capaz de acalma-lo. Sidney tinha achado algo nesse mundo que pudesse controla-lo e ele faria de tudo para conquista-la.

Stigma [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora