Algumas pessoas mentem por diversão, ou para se livrar de alguma encrenca ou até mesmo porque é preciso. Mas não Julie, ela não mente porque quer, apesar de se sentir completamente culpada de suas mentiras, ela não pode evita-las, é como se elas saíssem tão facilmente, tão naturalmente quanto o canto de um pássaro pela manhã.
Cada palavra pronunciada, cada som que sai de boca são como facas sendo atiradas e ela não pode contra isso. É exatamente assim que ela se encontra no momento. Tao enrolada em suas mentiras que é quase sufocante. Julie tem tantas mentiras que nem sabe diferenciar a realidade do imaginário.
Estala ela, perdida em seus pensamentos no meio da aula de história.
- Julianne! – chamou o professor.
- Desculpe, estou prestando atenção agora. – provavelmente essa fora a primeira frase no seu dia que não era uma – completa – mentira.
- Você pode me responder o que Martinho Lutero fez na época do Protestantismo?
As 95 teses contra a igreja católica, pensou ela imediatamente, mas quando tentou dizer, acabou saindo algo como:
- Eu sei lá.
- Talvez devesse prestar mais atenção a partir de agora. – ele dirigiu-a uma feição desapontada e prosseguiu com a aula – O sinal já vai bater, quando levantarem para sair, passem pela minha mesa para pegarem a prova corrigida.
Assim que ele terminou sua fala, o sinal soou e todos saíram alvoroçados, menos Julie, que foi chamada pelo professor Ramirez.
- Julie, eu gostaria de falar com você.
A menina bufou, mas permaneceu ao lado da mesa. Ele a estendeu a prova com um A enorme escrito.
- Eu lhe fiz exatamente a mesma pergunta que caiu na prova, cuja você respondeu corretamente, mas não na frente da sala. Por quê? Você acha que isso vai te deixar mais descolada? Ser inteligente não é vergonha.
Julie olhou fundo em seus olhos.
- Professor Ramirez...
- Pode me chamar de Mark – disse ele, sorrindo.
Julie nunca havia percebido o belo sorriso que ele tinha, e como todos o seu rosto se iluminava quando ele sorria. Como fora possível que todo esse tempo ela nunca notara a beleza exuberante que ele tinha?
- Mark... – ela pronunciou o nome quase em um sussurro -Eu sinto muito, é algo que eu não posso controlar
- O que você não pode controlar Julie?
Ela fechou a cata no mesmo momento e, com a maior paciência e carinho do mundo, Mark segurou sua mão.
- Você pode confiar em mim.
- Eu não posso controlar minha boca de falar mentiras.
Foi então que as lágrimas caíram como uma cachoeira interminável
- Por que não?
- Eu não sei. Se eu soubesse eu tentaria controlar, mas nem isso eu sou capaz se saber. Eu sou completamente inútil.
Mark a abraçou e a amparou, era tudo o que Julie estava precisando no momento.
- Você não é inútil, Julie, você é muito competente.
- É, só que... Tudo o que eu faol, é impossível evitar mentir.
- Você não está mentindo agora, está?
- ...Não. – Julie parou um minuto para pensar – Não estou!
- Viu?
De fato, ela não estava mentindo naquele momento, era como se Julie sentisse que podia realmente confiar em Mark. E confiança é era última coisa que ela tinha nas pessoas.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Stigma [HIATUS]
RomanceAkanksha: uma garota delicada, indefesa e praticamente invisível. Sidney: um cara durão, seguro de si e conhecido por todos. Drew: Um babaca, galinha que consegue qualquer garota. Dave: Um garoto com sentimentos que variam com seu humor. Julie: Uma...