Quando ele atravessa a porta, sua aparência muda para sua versão mais jovem. Parecia que Cubas iria me insultar, mas parou assim que percebeu em que lugar estava:
—O bordel da Marcela— ele subiu as escadas em disparada.
— Espera... o quanto você gastou aqui para ser um arrependimento?— Brás não me via, provavelmente não me ouvia também.
Ele parou em frente a uma porta, encarando e apreensivo em abri-la. Estava quase o empurrando, novamente, quando o mesmo abriu a porta e correu para dentro:
— Brás, o que faz aqui?— havia uma mulher de longos cabelos negros, sentada em um divã— Não faz nem uma semana que esteve aqui a última vez— ele se ajoelhou na sua frente e deitou a cabeça em seu colo.
— Marcela, senti tanto a sua falta— agora entendo seu arrependimento, ele se apaixonou por uma mulher da vida. Não me lembro de ter lido isso no livro, acho que pulei essa parte.
— Você está bêbado?— ela riu ao falar e começou a acariciar os cabelos de Cubas.
— Não, não estou.
— Então tem ciência de que tudo tem um preço, mesmo uma conversa — ele olhou para Marcela com olhar de cachorro pidão, mas ela ficou totalmente indiferente — não me olha assim, dinheiro não é problema para você.
— Tenho certeza que passamos da fase de cliente e... prestadora de serviços.
— Brás, é o meu trabalho— ela se levanta, sem se importar que a cabeça de Brás quase caiu no chão— Eu preciso de dinheiro para viver.
— 11 contos de réis nem se compara com o valor das jóias que lhe dei, durante meses— Cubas se levanta irritado.
— Está insinuando que, eu deva vender as minhas joias...— Marcela se vira apontando o dedo para o rosto dele— Pois não quer míseros 11 CONTOS DE RÉIS!— ela gritou, o que até me assustou.
— Falou que me ama durante mais de um ano, mas a ideia de uma pequena quantia de dinheiro, te faz esquecer isso— a mulher ficou estatística por poucos segundos e logo começou a rir.
— Te amar?! Pelo amor de Deus, Brás! Eu sou uma prostituta, eu falo o que querem ouvir— ela senta no divã— Tenho que explicar para um marmanjo, como funciona o trabalho no bordel— Marcela se deitou e continuou a rir alto.
— Se faz tanta questão— ele pegou as notas no bolso e jogou na mulher— não me espere mais.
Brás bateu na porta dos aposentados de Marcela e saiu pisando forte. Decide apenas acompanhá-lo, sem me materializar e dizer nada. Ele saiu do bordel e andou sem rumo, virando em ruas aleatórias, até parar em um beco:
— Cansei— me materializei atrás dele e abri uma porta na sua frente— não tem nada de interessante para fazer aqui— o empurrei para dentro da porta.
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Memórias vivas de Brás Cubas
FanfictionA história de Brás Cubas já é conhecida pelo público, assim como sua morte com muitos arrependimentos e solidão. E caso ele receba uma espécie de segunda chance, dada por alguma entidade cósmica ou algo do tipo? A chance de vislumbrar uma vida em qu...