ADEUS.

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DUAS SEMANAS DEPOIS
YURI ALBERTO.

- Então é essa a resposta final?
- Infelizmente sim Yuri, tentamos o acordo por diversas vezes mas não foi possível.

Suspirei derrotado, eu teria que voltar a jogar pelo Zenit e com isso voltar a Rússia, mesmo eu deixando claro que não era minha vontade não adiantou de nada, quando você é um atleta e você tem um vínculo com um clube você precisa obedecer, esse era meu caso, apenas terminaria os jogos pelo brasileirão e assim voltaria para São Petersburgo.

E como eu contaria para a minha família, como eu contaria para a minha filha? Que já estava tão inteligente e já sabia entender o que era uma distância tão grande, o que um pai presente podia ser, puta merda, como eu contaria para Julie?

Não eu não contei nada para ela, por mais que os veículos de mídia tivessem falado no assunto eu sempre negava, falava que os meus empresários e a comissão técnica do Corinthians estavam resolvendo que eu não precisaria voltar para a Rússia, eu sempre negava ou trocava o assunto, por que eu não sabia como contar isso a ela, eu não sabia mesmo.

Na verdade eu tinha medo.

Eu não poderia de forma alguma pedir para ela me acompanhar, viver a minha vida, largar sua vida, sua faculdade, seu emprego, amigos e família por minha causa, por mais que essa fosse a opção mais óbvia, era a opção que eu mais abominava, eu jamais faria isso com ela, eu jamais pediria para ela parar sua vida.

Eu estava estressado, estava puto com a situação e confuso, muito confuso, e se eu não poderia pedir para ela viver a minha vida, eu teria que tirar ela.

Já estava em nosso apartamento, tinha voltado antes dela, já que ela tinha aula na faculdade, fiquei andando pela casa e vi sua presença por todos os cantos, desde o travesseiro jogado no sofá que ela sempre abraçava ou deixava no seu colo, ou dentro da geladeira com seu vício em refrigerante, em nosso banheiro com os produtos de cabelo, a toalha cor de rosa, em nosso quarto com as suas roupas, e o seu perfume impregnado, sentei na cama e passei minhas mãos pelo rosto, eu estava nervoso, me sentia estranho, e foi pior quando ouvi sua voz me chamando dizendo que enfim tinha chegado em casa, suspirei forte e vesti meu melhor personagem.

- Amor, você está aí - ela disse vindo me beijar, mas eu desviei, já causando um estranhamento, me afastei e cruzei os braços no peito.
-?Precisamos conversar - disse, vi seu olhar vacilar, a tristeza e a dúvida vir a tona.
- Yuri você está estranho.

Claro que eu estava estranho, é claro que ela notaria, continuei afastado mesmo ela tentando ter algum contato físico comigo, se ela me beijasse, se ela me tocasse eu desistiria do que estava prestes a fazer.

- Eu quero terminar.
- Como assim?
- Quero terminar esse namoro, não dá mais, sabe?
- Não eu não sei, ontem você disse que me amava, hoje quer terminar, o que aconteceu?
- Aconteceu que você esteve sempre certa, eu tenho qualquer mulher aos meus pés, posso conseguir qualquer uma, e eu estou no auge, não posso me prender dessa forma, e cara você nem é tudo o que eu quero ou espero de uma mulher ou relacionamento, eu quero terminar com você.

Eu vi seus olhos encherem de água, sabia que ali eu tinha quebrado seu coração, e a minha vontade era de a abraçar e dizer que tudo não passava de uma mentira, que eu era um fraco, um idiota, que não tinha a decência de te dizer o que realmente estava acontecendo.

- Você não pode fazer isso ... - disse em um fio de voz.
- Não posso? Eu já fiz, eu vou sair desse apartamento, fica quanto tempo você precisar, eu vou para um hotel ou para a casa da minha mãe, quando você sair daqui deixa a chave na portaria, já arrumei minhas coisas, a partir de hoje eu não sou mais nada seu.

Virei as costas e peguei uma mala e mochila com roupas e algumas coisas, não ousei olhar para trás, se eu olhasse eu desistiria, comecei a andar pelo corredor, ela não tinha me seguido, ainda bem.

- Yuri por favor - senti sua mão segurando meu pulso, tratei de logo tirar sua pele da minha.
- Me solta porra, sai da minha vida.

Eu nunca, jamais tinha sido mal educado com ela, nunca a tinha tratado mal, e agora eu tinha que ser a minha pior versão.

- Você prometeu não ser igual aos outros, mas você fez pior, me fez acreditar que seria diferente - ela disse chorando.

Não tive coragem de responder, apenas sai do apartamento o mais rápido possível a deixando sozinha, apertei tanto o botão do elevador que podia ter afundado, meu celular vibrava com mensagens, quando cheguei perto do meu carro apenas joguei minhas coisas para dentro, entrei no lado do motorista dando a partida e acelerando para fora do prédio, eu não percebia que estava chorando até sentir o gosto salgado das minhas lágrimas.

Você é um merda Yuri.

JULIE.

Sentia meu peito arder, sentia meus olhos ficarem embaçados de tantas lágrimas, sentia que meu mundo ia desabar novamente e que eu iria junto com ele.

Por que?
Por que?
Por que?

O que eu fiz de errado? O que eu fiz para isso acontecer? Será que eu sou o problema, eu tive a culpa?

"cara você nem é tudo o que eu quero ou espero de uma mulher ou relacionamento, eu quero terminar com você"

E as palavras me atingiram como se fossem faças, eu estava sangrando, sangrando de dor, sangrando de dúvida.

E novamente eu me perguntava o por que? Minhas mãos tremiam mas eu não conseguia parar de ligar para ele, mesmo que a ligação não completasse, mesmo que seu contato tivesse sumido, mesmo que ele tivesse me magoado como ninguém, eu precisava entender o por que disso.

Meu corpo tremia de tanto soluço e choro, eu sentia como se nada tivesse algum sentido, disquei um outro número familiar, na esperança de tentar reverter essa situação.

- Oi amiga.
- Bianca vem pra cá.
- Que é isso está chorando?
- Bianca, o Yuri, ele terminou comigo.
- Chego em meia hora.

Jogo o celular longe, não via sentido em ter o aparelho em mãos se ele não me atendia, se eu não podia mais mandar uma mensagem.

Eu sentia meu coração em pedaços.

(...)

Eu avisei, não vou pagar a terapia de ninguém.
:( :( :(

THIRD TIME | YURI ALBERTO Onde histórias criam vida. Descubra agora