Após minha pergunta permanecemos em silêncio por um curto período, que pareceu uma eternidade.
- Ontem realmente aconteceu? - pergunta em tom baixo.
- Aconteceu. Podemos fingir que não. - retruco. - Contanto que você saiba que pode contar comigo... - vou falando e andando em sua direção. - Para qualquer coisa. - fico na sua frente. E coloco uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.
- Não quero falar sobre ontem. - Se afasta. Com um sorriso sem graça.
- Não vou insistir. - dou de ombros. - Mas, se caso acontecer de novo... Meu quarto tá liberado para você. - digo e ela começa a rir
- Você é uma graça, Thomasina - Noto suas bochechas rosadas. - Obrigada, mas não acho que irei precisar disso novamente. - assim espero. Odiei ver ela naquela situação.
Apesar de eu não ter dormido nada, a noite com Abigail foi boa...eu pude notar coisas como; A respiração dela no meu pescoço; O coração batendo perto do meu; Seus cabelos cacheados contornando seu rosto. Ela é incrivelmente perfeita.
- Eu adoraria te ajudar agora, mas percebi que daqui a pouco as meninas chegaram - Abigail fala. Quebrando o silêncio.
- Ah, Claro. Você pensou sobre as aulas? - Lanço um olhar esperançoso para a ruiva.
- Pensei. - responde
- E? - faço um gesto com a mão, para que ela continue
- Eu irei querer mais aulas particulares antes de ensaiar as meninas. - diz em tom completamente provocativo.
- Ok, senhorita Blossom. Irei te dar aulas particulares. - respondo no mesmo tom, o que faz a mesma sorrir. E eu me deparo também com um sorriso bobo em meus lábios.
“Poder Blossom.” respondo para mim mesma.
Abigail sai da biblioteca e eu sigo a mesma, isso até esbarrar com uma mulher loira. Sinto que já havia a visto por aqui, mas não lembro de onde.
- Desculpe-me. Eu lhe conheço? - noto que seu traje era de uma serviçal.
Não obtenho minha resposta.
- Thomasina! Thomasina Topaz! - digo meu nome. Uma quase falha tentativa de parecer gentil.
- Eu sei seu nome. - me responde, sem demostrar nenhuma expressão. - Sou Mary. Mary Sullivan. Eu lhe mostrei o caminho da mansão Blossom antes, não lembra? - me fixa com um olhar sem brilho
- Lembro, o que faz aqui? Eu pensei que Abi.. - sou interrompida.
- Você não acha que a senhorita Blossom limpa tudo isso, acha? - Pensando bem, agora faz sentido. - E suas refeições não foram preparadas sozinha, garota. - Como alguém poderia ser tão grossa falando coisas tão normais?
Respiro fundo. A olhando.
- Só tome cuidado. - fala pegando seu carinho de limpeza e indo embora.
- Com o quê? - pergunto, mas não sou respondida.
A cada dia que se passa eu sinto que a mansão Thornhill fica mais estranha.
Me dirijo para a sala de aula. Onde eu vejo metade das meninas me olhando estranho. Era meu segundo dia dando aula, não podia esperar que todas já estivessem acostumada.
- Está atrasada! Por acaso não tem os horários? - uma garota loira, de olhos verdes diz. Olhando fixamente para mim.
- Charlotte Cooper! Tenha modos! - Abigail a repreende.
- Desculpe-me, Mestra Abigail... - abaixa a cabeça, mas não me aparenta mostrar nenhum remorso.
- Não são para mim essas desculpas. - Abigail diz, rígida.
- Desculpe-me, Mestra Thomasina - seu tom de voz me pareceu de alguém que estava se sentindo humilhada, não culpada. Sinceramente, eu não ligo.
- Tudo bem! Eu não guardo rancor. - digo de forma descontraída. E me posiciono ao lado de Abigail.
- Alguém sabe no que iremos nos aprofundar hoje? - Abigail pergunta.
- Por que não falamos sobre escravos? - Charlotte pergunta provocativa, olhando para mim. Eu não estou surpresa de comportamentos assim, virem de pessoas como ela.
Abigail caminha, com um sorriso suspeito em seus lábios, até Charlotte. Se aproxima da menina e diz algo que apenas ela ouve. Em seguida volta para sua posição anterior.
- Bem, e o que achas sobre isso? - Abigail pergunta, olhando fixamente para Charlotte.
- Que minha cor de pele não me faz superior a ninguém. - Charlotte fala e Abigail sorri para ela.
- Exatamente! Agora, vamos continuar nossa aula. Sem mais enrolação. - Me olha e eu entendo o sinal. Vou para o armário e pego os livros de filosofia, entregando um para cada menina.
A aula seguiu normalmente. Percebi que as meninas tem muitas dúvidas, e obviamente muitos limites – por serem mulheres –, Abigail tenta quebrar esses limites, mas sempre em sua zona de conforto. Eu sei que no fundo nem ela gosta disso.
Falando na mesma. A observo voltar para a sala e me olhar com um sorriso de orelha á orelha.
- Já foram todas. - diz se aproximando. - E, me desculpa pela Charlotte, te juro, ela não é dessa forma. Ela só... - fala baixinho, se sentindo culpada pelo ocorrido.
- Está tudo bem! Aprendemos com a vida. Eu sei que ela está aprendendo a cada dia também. - falo. E vejo seu sorriso voltando.
- Olha, eu poderia dizer que as meninas estão te adorando - diz me olhando. - principalmente a Kelly.
- Deixa eu adivinha. Aquela de cabelo castanho e uma personalidade bastante... Agitada? - Abigail sorri e concorda com a cabeça. - Ela é uma fofa! De que família ela faz parte mesmo? - pergunto
- Keller. Da família Keller. - responde - A família Keller é responsável por anos pela segurança de Riverdale, mas acredito que o próximo papel de xerife vai para o irmão mais novo dela, apesar de que ela amaria essa profissão. - completa
- Isso não é justo. - rebato.
- Realmente. Não é, mas essa é a nossa realidade atual - suspira e volta a me olhar
Concordo com a cabeça.
- Posso te falar uma coisa? - pergunto e a vejo se aproximar ainda mais de mim
- Pode. Se não for um plano de revolução. - diz se forma irônica
- Poderia ser, mas não é. Só queria ressaltar que você é uma ótima professora. Eu fiquei te observando, e você fala tão bem com as meninas, explica tão bem, cada gesto seu é tão... - respiro fundo. - Encantador. - completo.
A olho e vejo suas bochechas vermelhas, seus dedos tocando um no outro e um sorriso em seus lábios. Seus olhos brilhavam me olhando, e aquilo me prendia totalmente nela.
- Obrigada, Thomasina... - se aproxima de mim, envergonhada, e naquele momento eu só queria a abraçar. Então o fiz.
Quebrei a distância dos nosso corpos. Envolvi meus braços em volta da ruiva, que no momento fica sem entender, mas logo retribui. Sinto ela deitar seu rosto em meu ombro e vejo como um sinal verde para fazer o mesmo. Seu cheiro era um doce apimentado, como algo que “Ou você gosta, ou você odeia”. Não consigo imaginar o porque odiariam a Abigail, mas sempre tem um.
Continuo assim por um tempo, até sermos atrapalhadas.
- Sra. Blossom? - Mary aparece de repente na sala.
Abigail se assusta com a voz dela e se afasta imediatamente.
- Pois sim? - pergunta. Eu noto seu rosto totalmente vermelho, o que me faz ri baixinho.
- Archie Andrews - Mary diz preocupada. - Eu fiz de tudo para tentar impedir ele...
- Está tudo bem. - diz e sai da sala, me deixando sozinha com a senhora Sullivan.
Esse seria o momento perfeito para perguntar sobre hoje mais cedo, mas não perguntei. Fui atrás de Abigail, mesmo que ela não tenha me chamado, eu só não confiava naquele homem e não a deixaria sozinha com ele.
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O Cometa Bailey - Thabigail
RomantikComo seria amar uma outra mulher em uma década que você poderia ser morta por isso? Abigail Blossom teve que lutar até o último instante para poder ter seu amor, Thomasina, ao seu lado, mas a história de ambas não acabou tão rápido assim, tudo graça...