Capítulo oito

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Mantenho-me abraçada com Thomasina, sentido o calor de seu corpo, o seu cheiro, sua respiração, e até mesmo seu coração batendo.

Vou quebrando o abraço aos poucos, ficando de frente para ela.

Eu conseguia sentir sua respiração bater em meu rosto, e provavelmente ela sentia a minha.

Thomasina retira uma de suas mãos da minha cintura e a coloca em minha nuca.

Sinto minhas bochechas arderem, eu estava novamente corando enquanto a olhava.

Thomasina se aproxima lentamente juntando nossas testas.

Sinto uma ansiedade tomar conta do meu corpo, minhas pernas tremerem, meu corpo se arrepiar, meu coração acelerar e minha respiração ficar frenética. Logo sou acalmada com a sua mão, fazendo carinho em minha nuca.

Foco em seus olhos e noto que eles estão fechados.

Fecho meus olhos também quando percebo que seu rosto está se aproximando mais um pouco do meu.

- Senhoritas? - Uma a voz de Mary, o que me faz retornar aos meus sentidos e empurrar Thomasina.

Olho para Mary e a vejo com um olhar de dúvida enquanto nós encara.

- Han... Eu, eu adoraria conversar a sós com a senhorita Abigail. - respira fundo e segue como se não tivesse visto aquela cena.

- Claro. - Respondo, tentando trazer a calma novamente para meu corpo.

Olho Thomasina, que me olha e desvia logo em seguida.

- Eu vou para o quarto, preparar algumas aulas. - diz e se retira da cozinha.

- Senhorita... - Antes que Mary complete eu a interrompo

- Não aconteceu nada. Não... - respiro fundo. - Não houve nada...

- Eu não vi nada. - Mary completa. - Agora, sente-se. Tenho notícias sobre sua mãe.

“Notícias sobre minhas mãe?” eu não ouço falar dela desde os meus 17 anos, quando ela simplesmente sumiu de Thornhill, do dia para a noite. Como desculpa a Mary falou que ela havia viajado, mas isso não funcionou por muito tempo.

O James que era mais apegado a ela, eu nunca fui. Mamãe era mais rigorosa comigo por eu ser uma mulher que necessitava aprender a cuidar bem de uma casa, enquanto tinha que preservar  a reputação e o legado Blossom, já que James por ser uma homem nunca levava a culpa por seus erros, mas eu não o culpava por isso.

Apesar disso, ainda sinto sua falta.

- O que tem ela? - Me sento na cadeira e ela fica ao meu lado, em pé.

- Fui alertada pelo xerife Keller de uma mulher ruiva rodando Thornhill. - diz.

- E você acha que pode ser minha mãe? Por quê? - a olho.

- Não tem sentido ser outra pessoa. Ela provavelmente veio atrás de alguma coisa, talvez algo que ela tenha deixado aqui em Thornhill, que não levou com ela a 5 anos atrás.

Tento digerir toda essa situação, o que não funciona, o que seria essa coisa que ela deixou para trás? Por que ela nós deixou antes? Por que ela simplesmente não vem falar comigo?

- Você a conhece melhor do que eu, Mary. O que seria essa coisa? - pergunto, recebendo uma expressão de dúvida em seu rosto.

- Eu realmente não sei. - Responde. - Talvez ela esteja aqui para a visitar...

- Não. Se ela quisesse isso, já teria o feito. - Me levanto. - Me dê um tempo para pensar. Isso não pode ser possível.

Saio da cozinha, sem olhar para trás, mas percebendo o olhar de Mary a cada passo que eu dou.

Minha mãe não voltaria assim do nada. Eu já aceitei o fato de que ela foi para nunca mais voltar. Pode ser apenas alguma outra pessoa, é raro encontrar pessoas ruivas nessa cidade, mas provavelmente tem alguém que não seja minha mãe.

É incrível como minha vida é uma verdadeira montanha russa, quando eu cheguei no topo, tenho que descer tudo de novo.

Abro a cortina da janela e olho para fora.

“Se realmente tem alguém rondando Thornhill eu tenho que tomar cuidado, sejam lá quem for.”

O Cometa Bailey - Thabigail Onde histórias criam vida. Descubra agora