Apoiada em uma das bancadas da imensa cozinha do castelo, Mattie cantarolava baixinho, enquanto trabalhava a massa de pão com habilidade. Kagome, por sua vez, estava com os braços mergulhados até os cotovelos em água quente e sabão. A sua direita, achavam-se os pratos limpos; à esquerda, os inúmeros que ainda tinham que ser esfregados. Levantando os olhos da segunda pilha desanimadora, deparou com a figura robusta da sra. Kaede bloqueando a porta. Bastou um olhar para seu rosto para perceber que a governanta estava lívida de raiva.
— Kagome! Venha comigo! — esbravejou.
Ela sentiu um nó no estômago. A velha bruxa, de algum modo, soubera de sua transgressão na biblioteca e pretendia puni-la. Secou rapidamente as mãos e os braços num pano de prato e tratou de segui-la como lhe ordenou. Enquanto atravessava a cozinha, deu de ombros ao ver Mattie arqueando as sobrancelhas. A cozinheira estreitou o olhar e apertou os lábios, mas não disse nada. Kagome sabia que não haveria como contar com sua ajuda.
Seguindo a sra. Kaede pela porta escondida dos criados, ela olhou, maravilhada, para a vista deslumbrante do interior do castelo. Nunca passara por aquela porta à luz do dia e estava boquiaberta com tanto luxo. Atravessando o amplo vestíbulo de entrada, subiram as elegantes escadarias e percorreram corredores com portas intermináveis, onde retratos de família adornavam as paredes. Enfim, a governanta conduziu-a ao interior de um quarto.
— Esses vão ser os seus aposentos de hoje em diante. Vou providenciar para que suas... hã, coisas sejam trazidas para cá — anunciou uma sisuda sra. Kaede para a garota de expressão aturdida. — Kagome, lorde Taisho decidiu fazer algo totalmente contrário ao que julgo sensato, mas como não nos cabe questionar nossos superiores, devo obedecer. O marquês deu ordens para que você seja instruída nos refinamentos e traquejos sociais, da exata maneira como seria feito à filha da casa, se houvesse uma. Embora eu ache que ele estará dando a você ares de nobreza que não lhe condizem, deve se empenhar ao máximo para demonstrar que merece a confiança, para provar que os interesses dele no seu futuro não serão desperdiçados. Compreendeu bem?
— S-Sim, senhora... E-Eu devo...
— Vejo que entendeu. Agora deve se trocar e estar pronta para almoçar com o marquês dentro de uma hora. Tomei a liberdade de estender um vestido adequado em cima da cama para você e designei Eri para atendê-la no que for preciso. — Com seu ar mais austero, a governanta retirou-se abruptamente do quarto.
A coragem de Kagome ameaçou deixá-la ante a enormidade de tudo aquilo. Nada poderia tê-la preparado para isto. O opulento quarto adornado de seda e cetim estava além de qualquer sonho que sua imaginação pudesse ter concebido. O que tudo isso poderia significar? Quando a porta se abriu para admitir uma criada de quarto, ela virou-se, sobressaltada. Lançou um olhar nervoso para a garota robusta em seu impecável uniforme preto e aguardou que se aproximasse, tentando recobrar-se o bastante da surpresa para não parecer uma tola. A criada, de uns vinte anos, estatura baixa e ar alegre fez-lhe uma pequena mesura. Abriu-lhe um largo sorriso e deu-lhe uma piscadela jovial. Kagome retribuiu a mesura e mordeu o lábio inferior em incerteza. Já a vira nas dependências dos criados, mas sendo suas funções diferentes, só a conhecia superficialmente.
— Meu nome é Eri, senhorita. E estou aqui para servi-la, se for de seu agrado.
— Eri? Sou eu... Kagome. — Ela enfatizou o nome e apontou para si mesma como que para esclarecer o óbvio fato.
— Oh, sim, eu sei, mas a sra. Kaede disse que, de agora em diante, devo chamar você de senhorita e tratá-la como tal — sussurrou Eri, com um tenso olhar por sobre o ombro, como se temesse que a governanta adentrasse pelo quarto a qualquer momento para repreendê-la. Abriu mais a porta para dar passagem a dois lacaios carregando baldes de água quente. — Achei que quisesse tomar um banho antes do almoço, senhorita. Para se livrar dos odores da copa antes que se vista.
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Sou Inocente.
FanfictionLorde Sesshoumaru Taisho não imaginou que se apaixonaria por Kagome, a misteriosa órfã com quem fora obrigado a casar. Aprisionado por rebeldes irlandeses, Sesshoumaru soube que a esposa fazia parte do bando e que tramara sua morte para se apossar d...