BEM ME QUER, MAL ME QUER?

Capítulo IV

É exaustivo estar no mesmo lugar mesmo depois de ter corrido por horas.

Every conquest I had made would make me more of a boss to you
I'd be a fearless leader
I'd be an alpha type
When everyone believes ya
What's that like?
I'm so sick of running as fast as I can
Wondering if I'd get there quicker if I was a man
And I'm so sick of them coming at me again
Cause if I was a man, then I'd be the man
I'd be the man

The Man – Taylor Swift

KATHERINE COLD

Quando as portas se abriram, e apareci novamente no saguão, um certo grupo específico de funcionários já estavam a minha espera, como se estivessem ali esse tempo todo, apenas me esperando para que pudessem dar um próximo passo. Assim que sai de lá de dentro do elevador e caminhei em direção ao corredor principal, não me preocupei em me atentar em quem quer que estivesse do meu lado, apenas entreguei meus óculos e minha bolsa a primeira pessoa que me recebia ali em prontidão.

Caminhei em passos largos e nada graciosos, ainda com a raiva latejando por entre meus poros. Se não me conhecessem ainda, hoje com certeza eles me conheceriam. Porque eu estava cansada de correr o que parecia ser a merda de uma maratona, e mesmo assim sentir que fosse como se eu nunca tivesse nem ao menos dado um mísero passo. Enquanto para alguns, em especial, correr nem fosse necessário.

Estava exausta que me taxassem, como arrogante, grossa, amarga, sem coração,fria. Talvez eu até fosse realmente tudo isso, mas se eu tivesse um pênis entre minhas pernas, eu não seria apenas temido, mas seria respeitado. Eu teria muito mais credibilidade. Eu seria foda, extraordinário. Eu seria o cara.

Mas eu não era o cara, eu era uma mulher, apenas tendo o comportamento que a maioria dos grandes executivos possuíam. Mas ao invés de ser aclamada por isso, eu era julgada. Porque era assim que eu me sentia. Me sentia julgada o tempo todo, com olhares julgadores por todos os lados. Olhares de pena. Olhares discriminatórios. Eles me olhavam como se eu fosse uma megera.

"Me disseram que ela nem sequer chorou até agora."

"Como ela consegue ser tão indiferente? É o pai dela"

"Tenho certeza de que ela não vai aguentar, é muita coisa de uma vez, não vai dar conta"

Estava cansada de ouvir esses murmurinhos pelos cantos, como se eu não estivesse aqui.

Eu só estava lidando como qualquer outro líder lidaria com uma situação parecida. Mas não, eles queriam que eu fosse fraca, que eu desistisse, que eu caísse. Era inadmissível eu não demonstrar minha vulnerabilidade. Enquanto para Jason, meu querido irmão, os olhares não transmitiam nenhum resquício de insulto.

Ele tinha que ser forte pela família, afinal era o que esperam dele mesmo. Homens não precisavam demonstrar sua dor, na verdade, eles tinham que demonstrar apenas poder e confiança, para que fossem estimados. E por que eu era discriminada por fazer exatamente isso?

Senti o meu sangue esquentar mais uma vez dentro de mim, eu só conseguia enxergar vermelho. Estava cega, tinha tantos sentimentos reprimidos de uma só vez, que sentia que a qualquer instante tudo fosse estourar bem ali.