Capítulo VI: Descoberta

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Bom diaaaaa, preparados para mais um capítulo? 

Papai vem aí e é 13 neles, hein! No mais, boa leitura!


Obito apagou o cigarro imediatamente quando o viu chegar. Como não poderia ser diferente desde que colocara os olhos em Kakashi pela primeira vez, ele o admirou. O andar tranquilo somado ao sobretudo era quase poético, e a finalização com o chapéu de feltro trazia ao visual algo de dramático, além de elegante.

— Parece diretamente saído de um dos seus livros. — Sorriu ao abraçar o esposo, a expressão se tornando culpada no instante em que percebeu o olhar acusatório que lhe era direcionado por certamente ter sido denunciado pelo cheiro do cigarro. — Onde esteve? Você demorou...

— Com uma amiga. — Kakashi o respondeu antes que aceitasse os lábios do amado, ainda que com gosto de cigarro.

Erguendo uma sobrancelha apenas, Obito deu de ombros perante o mistério contido na resposta, mas não o questionou. Sabia que ele diria seja lá o que fosse no momento certo. Apenas não contava que tal momento chegaria tão cedo, porém.

Com um suspiro cansado de quem visivelmente se incomodava com o assunto no qual entrariam a partir dali, Kakashi fez o primeiro movimento. Seu olhar cinzento era sério quando declarou:

— Precisamos conversar.

Mesmo sem que soubesse exatamente qual assunto tratariam, Obito se sentiu tenso, a mandíbula automaticamente se contraindo ao que sua expressão antes tranquila endureceu de imediato. Não esboçou surpresa, no entanto, como se já houvesse esperado por algo assim durante todo o tempo em que estiveram juntos.

A saliva desceu pesada, evidenciando ainda mais o pomo de adão já protuberante, e sua voz falhou um tom quando convidou o marido para que entrassem. Se fossem ter aquela conversa, esperava fazê-lo direito.

— Pela sua reação, acho que já faz ideia do que quero dizer. — Kakashi disse quando adentraram o escritório.

Mas Obito não cedeu. Ele apenas sorriu, escondendo suas emoções como sempre costumava fazer quando entrava em seu modo defensivo ao trancar a porta atrás de si.

— Não, eu não sei, Kakashi. Será que poderia me explicar? — O tom passivo agressivo sugeria o contrário, no entanto.

— Por que nunca disse nada sobre Mikoto? — Hatake foi direto.

Como marido apaixonado que era, podia dizer que amava todas as versões de Obito, a não ser uma delas. E esta era, justamente, a que se apresentava diante de si naquele instante.

Existia algo de selvagem ali, quase como perigoso, mesmo que Kakashi jamais o tenha temido. Era como se a sua característica imponência transpassasse o limite do elegante costumeiro e se tornasse voraz. A raposa matreira que habitava os tribunais, não o seu Obito. Olhos de ébano com um brilho diferente do comum, como chamas em meio à noite escura.

Olhos que já havia visto antes em outra pessoa...

— Eu tive vergonha, porra! Como você acha que seria pra você? Ia querer divulgar algo do tipo? — Esbravejou.

Hatake recuou, não por medo, mas por saber que de nada adiantaria entrar numa discussão num momento como aquele. Precisava que o marido se acalmasse, ou não conseguiriam se entender. Apesar de tudo, o compreendia.

No segundo seguinte, porém, Obito já não era mais o mesmo, e as chamas em seus olhos foram apagadas pelas lágrimas. Ele fechou os olhos e respirou fundo, as mãos se agarraram ao carvalho da mesa do escritório como se com aquele movimento buscasse força. Por mais que soubesse que cedo ou tarde o passado viria à tona ao ter o caso de Itachi reaberto, ainda não se sentia pronto para aquele momento.

Três Palavras (Shiita)Onde histórias criam vida. Descubra agora