Capítulo III: Perdão

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Vocês acharam que eu não ia rebolar a minha bunda hoje, né? Boa leitura!


Arrastando-se como um condenado ao corredor da morte, Obito cruzou o segundo andar de sua própria casa naquela manhã. Depois de uma noite de longa conversa com Kakashi, se deu conta do quão estupido foi no dia anterior, e soube que devia desculpas a duas pessoas, uma delas sendo o jovem rapaz atrás daquela porta.

Bateu na porta como forma de anunciar-se, mas como de costume não esperou qualquer sinal para que girasse a maçaneta. Foi com surpresa, porém, que a percebeu trancada, ouvindo o riso de Kakashi do corrimão como quem dissesse "Pois é, ele cresceu e quer agora a sua privacidade".

Revirando os olhos, Obito esperou pacientemente que a porta se abrisse, e quando finalmente aconteceu, revelando um rapaz de recém completos dezoito anos ainda de pijama e cabelos numa grande desordem, sorriu com carinho. Era como vê-lo há anos atrás quando era só um garotinho andando por aí com seu dinossauro de pelúcia.

— Sasuke, o tio pode conversar com você um pouquinho?

Torcendo o nariz certamente ao lembrar-se do ocorrido no dia anterior, Sasuke estava pronto para oferecer uma resposta malcriada quando avistou Kakashi acima dos ombros de Obito, o corpo recostado ao corrimão quando os lábios se moveram sem som algum ao confiar nos talentos de leitura labial do sobrinho. Não seria a primeira vez que se comunicavam daquela forma, afinal, tamanha cumplicidade que adquiriram ao longo daqueles últimos anos.

"Ouça o que ele tem a dizer." Sasuke traduziu mentalmente, mesmo que já fizesse uma ideia a respeito do que lhe seria pedido.

Dando de ombros, o rapaz então cedeu espaço para que Obito adentrasse em seu quarto.

— Eu quero me desculpar pela cena de ontem. — Ele foi breve, fazendo Sasuke erguer uma sobrancelha em confusão genuína.

Não esperava por isso. Definitivamente.

— Então não veio tentar me proibir de ver Itachi? — A voz ainda rouca de sono murmurou, não fazia sentido para si que o tio houvesse desistido assim tão fácil.

Sorrindo pequeno, Obito levantou os olhos que anteriormente miravam as próprias mãos.

— E desde quando você escuta o que dissemos?

E espelhando o sorriso do tio, Sasuke o desculpou. Diferente de Kakashi, era assim que se entendiam, muitas palavras não sendo lá tão necessárias quando os olhos negros se encontravam.

Aproveitou então para contar o que ele e Shisui tinham a dizer quando foram grosseiramente interrompidos pelo descontrole do tio. Obito o ouviu com atenção, mas Sasuke não soube dizer o que se passava em sua mente.

Podia parecer estranho, mas seu tio Obito, embora tão transparente na maioria das vezes, sabia muito bem camuflar as suas emoções e reações quando assim desejava, e parecia fazer exatamente isso naquele momento. Por vezes, tinha a sensação de que ele sabia mais do que dizia, inclusive.

— O que houve com a mão? — Perguntou quando percebeu que o tio dera o assunto como encerrado.

Não tiraria mais nada dele, e sabia disso.

— Seu tio querido me bateu. — Dramatizou, ciúme temperando cada sílaba.

Sasuke riu.

— Vou fingir que não sei que socou a parede de novo.

Levantando-se da cama, Obito tocou o ombro do sobrinho antes de deixar o seu quarto, tinha o tom de voz carinhoso quando declarou:

— Sabe que amo você e estarei contigo independente de qualquer coisa, certo?

Três Palavras (Shiita)Onde histórias criam vida. Descubra agora