Capítulo I: Visita

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Olá, estou com uma nova proposta hoje, longe do fluffy. Espero que gostem! É pra Cris, porque eu to no devo com ela kkkkkkk, amo você, safada sonsa!


Shisui foi invadido por um arrepio incômodo ao cruzar o pátio naquela tarde de fim de outono. O vento frio espalhava as folhas das árvores pelo chão, e o homem se encolheu em seu blazer cinza chumbo, mesmo sabendo que o arrepio que sentia nada tinha a ver com o clima da estação.

Não importa quantos graus marcassem no termômetro, ou quanto tempo se passasse, sempre seria tomado por aquela sensação quando atingido pelo peso daquele lugar, daquele caso em específico, daquela pessoa.

A rotina já se repetia por três anos, tal habitualidade certamente julgada um tanto quanto suspeita pelos agentes penitenciários. Não era como se lhe insinuassem algo, obviamente, mas Shisui sempre foi bom em ler olhares, comportamentos. A mente humana era realmente fantástica, e ele se encantava em descobrir as suas diferentes nuances.

As paredes pintadas de cinza frio tornavam o ambiente ainda mais sem vida, exatamente como tudo ali. Daquela vez, no entanto, andando pouco atrás de si e com passos ainda incertos, um jovem rapaz contrastava com todo aquele ambiente.

Sasuke vestia um suéter de tom rosa claro, o que lhe acentuava ainda mais o vermelho das bochechas, coloridas pelo frio. A desculpa de tê-lo como seu estagiário felizmente se mostrara bem sucedida, de modo que não foi difícil trazê-lo consigo, não da parte dos agentes, ao menos.

Era uma pena não poder dizer o mesmo da parte de Sasuke, uma vez que aquela seria a primeira visita do jovem Uchiha. E não era como se Obito, seu tio, estivesse de acordo com isso. Ainda podia se lembrar do homem andando pelo escritório como um animal enjaulado quando soube que seu sobrinho seria levado por Shisui até um presídio, e a lembrança fez com que soltasse um bufo irônico.

Felizmente, até o momento tudo corria conforme o planejado, e Shisui esperava que as coisas continuassem desse jeito.

Com um movimento de mão, o mais velho indicou que Sasuke aguardasse na porta, um ponto cego entre o local em que Itachi se sentaria e o vidro frio que o separaria de Shisui. Ele suspirou ao ver Itachi se sentar à sua frente, o olhar perdido de sempre que era capaz de traduzir toda a sua falta de esperança, a espelhando também em si, mesmo que sem querer.

Naquele dia, porém, Shisui não se mostrou afetado. Uma fagulha de esperança ameaçava queimar o seu peito a cada segundo desde que adentrou aquele lugar com Sasuke em seu encalço. Ele então apertou bem os punhos escondidos no bolso do blazer e se preparou mentalmente: Era chegada a hora.

— Você ainda está doente? — Perante à crise de tosse alheia, não houve tempo para os cumprimentos de praxe.

Com certo pavor, o advogado observou o seu assistido tentar esconder o sangue que tossiu, fazendo o seu próprio subir à cabeça, seu pescoço e rosto se tornaram rubros em puro nervosismo ao acusar:

— Itachi, você não está tomando os seus remédios, não é? — Shisui afrouxou a gravata, como se com tal gesto o nó em sua garganta pudesse se desfazer. Tinha um tom sério, diferente do gentil que costumava usar com Itachi.

O homem do outro lado do vidro nem mesmo se mexeu, ou tampouco indicou que responderia o mais velho. Seu peito magro subiu num suspiro que o advogado teve dúvida a respeito de sua motivação, se de cansaço físico ou mental.

— Você pode falar alguma coisa? — Sabendo que não conseguiria nada de Itachi daquele jeito, Shisui tentou uma abordagem diferente, vendo o homem de vinte e dois anos lhe mirar nos olhos pela primeira vez.

Três Palavras (Shiita)Onde histórias criam vida. Descubra agora