Her eyes - Rosattaz

06.

Carol Gattaz On: Quando entrei na sala, senti o ódio me consumir por agir assim. Até quando eu deixaria de lidar com as pessoas? Até quando eu ia ser fraca e fugir? Depois de pensar um pouco, fui até o meu celular e liguei numa chamada de vídeo para minha casa, buscando notícias de Elena.

- Mamãe? Como estão as coisas? - perguntei assim que vi o seu rosto.

- Oi, filha, tudo bem por ai! Elena está elétrica novamente e quer falar com você - ela disse rindo enquanto minha filha gritava "Mami" repetidas vezes.

- Pitiquinha? - Perguntei quando vi seus cabelos loiros do outro lado.

- Cadê a frô? Cadê a miga? - Meu Deus, era só o que me faltava.

- Está trabalhando, amor, mas olha, a mamãe está aqui querendo saber notícias de você! Está tudo bem?

- Sim, mas e a miga frô? - ela disse sem muitos desvios.

- Tudo bem, vou chamar ela e a senhora por favor, entenda que aqui é o trabalho da mamãe, certo? - perguntei e a minha pequena confirmou com a cabeça.

Deixei o celular em cima da mesa e pude ver uma pequena Elena aguardando ansiosa, ri daquela cena, mesmo percebendo que essa amizade me traria problemas. Fui até a porta e vi Rosamaria com a mesma expressão triste e a chamei.

- Rosamaria? Ligação para você aqui - falei tentando amenizar o clima que eu poderia ter instalado.

- Para mim?

- Sim, é uma pessoa muito impaciente, favor adiantar logo - disse ainda em tom de brincadeira e ela se levantou nervosa.

- Cadê a ligação? - Perguntou e eu apontei para o celular em cima da mesa.

- Aqui, frô - pude escutar minha filha gritando como se fosse a última coisa que ela faria no mundo - tô aqui, miga frô

- Oh meu Deus! Oi, Elena, como você está, meu amor? - ela disse sorrindo, dessa vez, verdadeiramente.

- Estou bem. Vamo papar?

- Eu vou almoçar aqui mesmo, meu amor, eu estou no trabalho com a sua mamãe - disse ela calmamente.

- Naum, na noti

- Ah, a noite? - Ela disse e a minha filha concordou, rosamaria me encarou como se buscasse uma resposta.

- Você quer que Rosamaria vá jantar com você hoje, pitiquinha? - Falei e um sorriso abriu em seu rosto confirmando que sim - você pode ir, Rosa, podemos sair daqui juntas, caso você não tenha nenhum compromisso.

- Não, não tenho. Mas, não quero incomodar!

- Se fosse incomodo eu diria, tenha certeza - falei séria - filha, agora vamos desligar e pode ficar tranquila que a sua amiga jantará com você hoje, certo?

- Mamãe! Frô! Se num vielem logo, vo comê tudinho sozinha - ela disse sapeca.

- Meu Deus, então precisamos correr, Caroline, esse monstrinho vai devorar tudo!

- Caloline mamãe, que engaçado - disse Elena aérea.

Depois desligamos a ligação e Rosamaria estava com uma expressão mais serena, ela ficou uns segundos ainda rindo do que a minha filha havia dito e conversamos sobre Elena.

- Rosamaria, queria te pedir desculpas por mais cedo - falei, por mais difícil que seja pedir desculpas para mim - Não que seja justificativa, mas eu realmente não estou num dia muito bom hoje.

- Quase nunca está, né? - Ela disse mais para si do que para mim - eu entendo, Caroline, mãe solteira não é fácil e eu te admiro por ter tudo que tem mesmo com todas as adversidades. Mas, acho que essa bolha um dia deveria estourar quando você observar que não é só você que tem "dias ruins" e problemas - ela disse como se estivesse com aquilo guardado.

- Tudo bem, acho que começamos com o pé esquerdo. Não te garanto ser a pessoa mais fofa todos os dias, mas prometo que tentarei ser melhor.

- E eu sei que você pode, porque quando você está com a Elena, você mostra uma versão que você deixa invisivel para outras pessoas.

- Mas é a Elena, né? Acho que ela derrete qualquer coração de gelo - eu disse rindo.

- Realmente, ela é especial.

Encerramos nosso assunto e ela seguiu para a sua mesa e eu voltei aos meus afazeres. Me senti mais leve, acho que Rosamaria não é uma pessoa ruim, talvez valesse a pena saber mais sobre ela. Mas, já foi um bom caminho meu pedido de desculpas. Me sinto orgulhosa e espero não andar dois passos para frente e cinco para trás.