8. Obrigações

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— Nossa, ela é cabeçuda, né?

Yumi disse ao olhar com atenção a bebê no colo do pai.

— Isso é ciúmes, Mimi? — Saymon bagunçou os cabelos da irmã, a segurando encaixada em sua lateral enquanto também olhava com atenção. — Sabem que ela não pode ficar sem nome pra sempre, certo?

— Seu pai ainda não conseguiu decidir. — Azriel revirou os olhos, embalando a filha nos braços. — Ela é tão linda. Tem os olhos estreitos dele, igual você, Sam.

— Posso segurar um pouquinho?

— Sente ali.

Saymon sentou-se na poltrona e pegou a irmã no colo, encantado por aquela coisinha pequena ter sido gerada e nascido tão perfeita, toda delicadinha. Parecia uma bonequinha de porcelana.

— Ela é manchadinha que nem você, Sam. — Yumi apontou para o nariz da bebê. — Mas eu sou mais bonita.

Azriel abraçou a filha, a beijando o rosto e fazendo cócegas. Yumi já era uma adolescente e estava tornando-se fêmea feita a cada ano que passava. Já iria fazer quinze naquele ano, mas Azriel ainda lembrava-se com clareza quando a pegou no colo pela primeira vez.

— Você vai ser sempre a minha bonequinha, meu amor.

— Ai, pai, para. Que brega. — Limpou o rosto, mas só para receber mais beijos molhados do illyriano.

— Pai... Ela tá acordando... Ah, merda, pega, pega, pega.

— Calma. — Riu, pegando a filha desperta no colo. Ela abriu as bolotas azuis límpidas, o mirando séria. — Céus, que carinha brava, minha pelotinha. — Beijou o pescocinho com cheiro de bebê e a colocou no ombro, dando batidinhas no bumbum pequenino.

Andou pelo quarto, a embalando e murmurando uma canção qualquer com a garganta. Saymon, vendo que o pai iria ocupar-se com a neném, afirmou que iria até o quarto de sua tia Nestha para ver como ela estava e para checar seu pai Luci.

Yumi apenas voltou para o seu quarto, emburrada e com cara de poucos amigos.

— Pai? — O garoto sussurrou depois de bater duas vezes e colocar a cabeça para dentro. — Ela já acordou?

— Oi, Sam. Entra, raposinho. — Foi Nestha quem respondeu.

Lucien segurava a mão da amiga, fazendo carinho nos cabelos castanhos, enquanto Cassian cochilava na poltrona do canto. Havia sido um parto longo e bastante doloroso para a fêmea, então todos estavam muito cansados.

— Oi, tia. A senhora tá melhor?

— Aquela coisa saiu de dentro de mim. O que você acha?

— Não chame a minha filha de coisa. — Lucien resmungou. — Vem, Sam, senta aqui.

O ruivo andou até o espaço vazio da cama e tomou a mão da tia, deixando um beijo no dorso. Os olhos de Nestha encheram-se de lágrimas. Saymon não sabia o porquê dela ter tanto apreço por ele e o porquê de seu pai também ter tanto apreço por ela, mas gostava do amor que ela lhe dava quando estavam juntos.

Corte de Beijos e Estrelas [SPIN-OFF]Onde histórias criam vida. Descubra agora