capítulo 9: o ser e o nada.

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Estou vagando sozinha o tempo todo.

Eu sou como um fantasma

Estou ficando cada vez mais ansiosa.

O dia todo, o dia todo, o dia todo, o dia todo

Ghosting, TXT

☁️

Tudo na vida de Jennie era meticulosamente planejado.

Ela sempre levantava às cinco da manhã, não importava o quão cansada ou sonolenta estava. Gastava vinte minutos no banho, sempre vinte, nunca mais, nem menos e se vestia com a roupa previamente separada na noite anterior. Demorava dez minutos para secar o cabelo e dez para passar maquiagem, os quinze restantes Jennie usava para arrumar cama e deixar o quarto organizado.

Só, então, ia tomar café e sua escolha era sempre a mesma: cereal com leite, exatamente nessa ordem.

Era seguro.

Se acordava às cinco, não se atrasava. Se ficava vinte minutos no chuveiro, o corpo despertava mais do que se ficasse apenas quinze. Se deixava a roupa separada na noite anterior, não perdia tempo procurando uma combinação de manhã. Se deixava o quarto arrumado antes de sair, sua mãe não o invadiria para limpá-lo, nem mexeria em suas coisas. Se comia cereal com leite, não ficava com fome durante as aulas, mas também não tinha indigestão.

Tudo que ela fazia, fazia por um motivo. Era o que Jennie gostava de pensar, pelo menos.

Fazer as coisas sempre do mesmo jeito afastava sua ansiedade, ela estava no comando. Mas, consequentemente, isso significava que qualquer coisa que fugia do habitual a fazia sofrer.

Na manhã seguinte à festa de Rosé, Jennie estava exausta, mas sua rotina não mudou por mais que chovesse do lado de fora. Não era um bom dia para sair da cama, mas ela precisava, afinal, tinha prova e um trabalho para apresentar.

A festa.

Jennie tinha tantos sentimentos e pensamentos sobre aquela noite que ficava exausta só de pensar. Ou o cansaço era por não ter dormido nada?

Depois de fugir de Rosé, encontrou sua mãe na entrada da casa e elas foram embora. 

Chegaram em casa às três e ela precisava acordar às cinco. Jennie se recusou a dormir só duas horas, se o fizesse, acordaria ainda mais destruída. Sendo assim, ela preferiu ficar acordada e passar o tempo lendo fanfic no celular até dar a hora de se arrumar para ir para a escola.

Não foi fácil se concentrar, os últimos eventos se repetiam em loop em sua mente.

Chaeyoung chorando não saia da cabeça dela.

Jennie era assim, absorvia tudo ao redor. 

Não importava se era felicidade ou tristeza, raiva ou tédio. Os sentimentos dos outros se transportavam para o corpo dela por telepatia e ela sentia tudo. Ela sentiu a dor de Chaeyoung e foi horrível. Pior ainda foi não saber o que dizer para ajudar, então ela fugiu para tentar escapar daquela sensação angustiante.

Não era incomum Jennie passar a madrugada lendo e ouvindo música durante as noites de insônia, era seu jeito de esquecer os problemas. Se não eram livros, costumava ser fanfics. Ela não era exigente, Jennie lia de tudo. Dessa vez foi uma fanfic do Fifth Harmony chamada As If We Never Said Goodbye que a manteve entretida até o despertador tocar.

Jennie larga o celular na cama e se espreguiça, dando uma olhada no clima pela janela. Chovia bastante, o vento forte sacudia as árvores. De vez em quando, um trovão quebrava no meio do céu e o barulho a assustava.

none. (longfic) | chaennie (pcy + kjn)Onde histórias criam vida. Descubra agora