8 - Proposta

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Dias depois...

A porta da cave abriu, mas eu permaneci no mesmo lugar onde estava: deitada na cama, depois de puxar ela para o outro lado, e com as pernas para cima, apoiadas na parede.

Olhei para o lado e sorri. Rick me olhava na porta da cela, com uma expressão estranha.

Fechei os olhos de novo e permaneci calada.

- O que você está fazendo? - Perguntou.

- Passando o tempo, até que você chegue á conclusão de que isso é uma perca de tempo e me liberte, me deixando ir embora. Ou então, até que decida, finalmente, acabar com isso de vez.

Escutei ele respirar fundo.

- Estou cansado de tentar, isso é verdade. Mas não vou matar você. Aliás, tenho uma proposta.

Abri os olhos, coloquei as pernas para baixo e sentei, olhando ele.

- Não quero nada desse lugar e nem de vocês.

Rick assentiu. - Sabia que o Daryl sumiu?

Franzi o cenho. Como assim Daryl sumira? Nunca ninguém conseguiu fugir do Santuário, como ele tinha feito isso?

Depois lembrei daquele dia, da Sherry vindo do lado das celas... Ela não faria isso. Não ia arriscar a vida do Dwight.

- Você não sabia.

Olhei Rick. Esquecera totalmente sua presença.

- Estou presa aqui, como iria saber?

Ele assentiu. - Tá. Bom, o Carl me pediu para fazer uma proposta para você.

Eu ri, olhando a janela e depois de novo para ele. - Seja o que for, a resposta é não.

- Muda de lado. - Disse ele. - Fica com a gente, nos ajuda a acabar com o Negan e a libertar seus amigos.

- O quê? Você acha mesmo que... Não.

Ele olhou o chão, sorrindo. - Claro que seria essa a resposta. - Ergueu a cabeça, me olhando. - Eu falei para ele que você iria recusar. Uma vez Salvador, Salvador para sempre.

Rick levantou e deu as costas.

Respirei fundo. - Rick!

Ele parou e me olhou.

Fiquei ali, olhando ele, e depois dei de ombros.

- Sabe o que o Negan vai fazer comigo se eu trair ele dessa forma?

Rick se aproximou da porta da cela. - Você terá a gente.

Sorri. - Só me quer do seu lado porque eu conheço eles e sei como entrar lá, o que eles têm... Sou uma arma que você quer usar.

- Será algo bom para todos: você e aquelas pessoas se livram do Negan, assim como nós. - Ele inclinou a cabeça para o lado. - Escuta, eu estou tentando salvar minha família, e não pensa que gosto dessa ideia, porque odeio na verdade, mas o Carl... Por vezes o Carl vê um pouco mais além e... Por alguma razão ele acha que você merece perdão.

Eu ri, olhei para cima e ri bastante. Depois olhei Rick e me forcei a parar.

- Sei. - Levantei e me aproximei da porta. - Digamos que eu aceito, e aí? Matamos o Negan e os Salvadores idiotas e depois? Daryl me odeia, você me odeia, seu pessoal me odeia... Vocês me matam. E do que adiantou? Eu ganho um bilhete de ida para um novo destino?

- Se você nos ajudasse, não faríamos isso.

- Sei. Já explicou isso para seu povo? - Indiquei a janela e depois neguei. - Não, eu fico aqui.

Rick estreitou os olhos e depois assentiu. - Tudo bem. - Deu as costas e saiu dali.

Revirei os olhos e escutei alguém descendo, vendo um homem de olho claro e cabelo escuro.

Não resisti e comecei a rir, erguendo o dedo e pedindo um minuto. Ele me olhava de forma confusa.

- Ah não. - Falei. - Não acredito que enviaram você. Aaron, não é?

Ele assentiu. - Como adivinhou?

Indiquei a janela. - Minha tv já me permite conhecer alguns de vocês. Mas me fala, veio me fazer mudar de ideias e trair o meu grupo?

- Seu líder matou pessoas nossas. Pessoas boas.

Assenti. - Eu não concordo com isso, se quer saber, mas são as regras dele, não minhas.

- Mas você impediu a Arat de matar o Carl.

Me aproximei da porta e vi ele recuar um passo. Encarei.

- Olha para mim! - Falei. - Olha o meu rosto e vê o que recebi por isso! - Puxei a blusa para cima, mostrando a zona das minhas costelas, onde tinha uma enorme mancha negra. - Olha e me fala se valeu a pena! Porque eu acho que não!

Aaron tirou os olhos da minha pele e me olhou. - Ele... Ele mandou te agredir?

- Não. Ele me agrediu.

Aaron fez uma expressão de pena e eu balancei a cabeça.

- Não tenha pena de mim! Já passei por toda essa história de homem me batendo. Mas dessa vez... Dessa vez era diferente.

Aaron franziu o cenho. - Algum homem batia em você?

Olhei o chão. Mas porque eu fora falar? Ergui a cabeça.

- Meu marido, o pai da minha filha. Agora chega dessa conversa. Vai embora, eu não vou ser uma Alexandrina. Estão perdendo seu tempo.

Sentei na cama, mas Aaron permaneceu ali.

Revirei os olhos. - Misericórdia.

- Você podia ficar. Nós não somos assim. Nós ajudamos as pessoas e estamos tentando fazer algo aqui, algo bom.

Assenti. - Sei. Estão trazendo o velho mundo de volta. Lamento dizer, mas ele já era.

Aaron riu e eu franzi o cenho.

- Rick disse que você era complicada, mas eu duvidei. - Ele sentou no banco. - Eu falei que não poderia ser pior do que o Dixon. Estava enganado.

- Então porque veio?

- Apesar de tudo, você parece diferente dos Salvadores. Tem algo aí dentro. - Ele indicou o meu peito e eu sorri.

- Aqui não tem nada demais, mas posso mostrar se não acredita.

Ele riu. - Tenho um marido.

Sorri. - Que pena.

- Olha a gente pode ajudar você. Só... só precisamos acabar com o Negan.

- Eu não ganho nada com isso.

- Ganha sim. Sua liberdade. Fica livre do Negan.

- Mas nas mãos do Rick.

Aaron sorriu. - Rick é gente boa, ele deixa você ir, se quiser.

- Sei. - Encostei na parede. - Minha resposta se mantém. Eu não ajudo vocês contra o Negan.

Ele assentiu, desapontado. - Tudo bem, então. Eu tinha de tentar, né? Sabe o que eu fazia antes?

Revirei os olhos, cruzando os braços.

- Biscoitos para as meninas levarem na escola?

Ele me olhou. - Não. Era eu quem recrutava as pessoas e trazia elas para cá. Eu costumava saber avaliar o carácter delas. E eu continuo achando que não estou errado em relação a você.

Fiquei olhando com ele, vendo Aaron levantar e sair dali.

Forgiveness - Rick GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora