Capítulo 2

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Bel

Os passos do homem eram como uma manada de elefantes na floresta. Estava andando nitidamente bêbado, sem se importar com quem o ouviria destruindo a flora embaixo dos seus pés quase moribundos de tão embriagado que ele estava. Que alvo fácil.

Lembrei dos olhos da mulher que me encontrou na taverna aquela noite, relatando que aquele homem em questão era seu namorado e estava olhando errado para sua filha.

- Você compreende? - Ela me perguntou aos sussurros - Ela só tem sete anos!

- Sete? - Murmurei - Seu namorado está cobiçando uma criança, senhora White?

Ela torceu as mãos, nervosa. Levantei a cabeça e vi o terror em seus olhos quando me encarou. Aquela mulher na minha frente estava desesperada... Tão desesperada que estava apelando para um assassino de aluguel como eu. 

- E-Eu não tenho muito - Ela gaguejou, pegando uma pequena bolsinha de couro do decote do vestido - Trinta moedas de ouro servem?

Lembrei dela andando no centro da cidade e nos cultos de domingo ao lado de uma menininha de cabelos cacheados muito bonitos, olhos amendoados e pele branca como a neve. Ela estava sempre muito agitada, correndo sem parar, feliz como uma criança deveria ser... E aquilo tudo seria perdido por um monstro em pele de homem. Pousei a mão na bolsinha de couro e a empurrei gentilmente de volta para a mulher na minha frente.

- Vou levar a cabeça dele para você amanhã a beira da floresta norte - Prometi, com a voz baixa - Meu pagamento será a menina comparecer a escola, ou corto sua cabeça também. Entendeu?

As lágrimas rolaram pelo rosto da senhora White. Ela envolveu minha mão com a dela e meu instinto natural me faria puxar para evitar o contato, mas não pude resistir a uma mãe aflita.

- Obrigada, muito obrigada - Ela disse, sorrindo em meio as lágrimas - Mas, por favor, me deixe lhe dar algumas moedas de ouro.

- Apenas dez. Para a comida da semana. - Falei, deixando transparecer o sorriso.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, então soltei a mão dele e limpei a garganta.

- Até amanhã, senhora White. Me aguarde a noite toda se necessário. Eu aparecerei.

A senhora White levantou-se e foi embora, ainda sorrindo.

O sujeito cambaleou entre as folhas e murmurou algo em meio a um arroto. Nojento, absurdamente nojento. Apertei o cabo da faca e levantei lentamente quando ele passou por mim, com o manto escuro fundido ao escuro. Devagar como uma pantera, me esgueirei por trás do homem. Ele cambaleou novamente para trás, então aproveitei para lhe dar uma rasteira. Ele caiu no chão e mais que depressa montei em cima dele.

- Que p...

- Então você gosta de mulheres jovens - Falei, incapaz de segurar meu ódio naquele momento - Muito mais jovens que o comum.

O homem tentou se mexer embaixo de mim, mas sem sucesso. Ele tentou ver meu rosto oculto pelo capuz, mas sem sucesso. Pressionei mais ainda os joelhos em cima dos braços dele.

- Sua mulher me mandou acabar com você, para que você não acabasse com a vida da pequena dela.

- Eu não fiz nada! - Ele gritou, com a voz arrastada - Ela é uma doida ciumenta, minha senhora, pois eu não fiz absolutamente nada!

REDENÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora