⌖ Capítulo 2 ⌖

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Serkan Bolat

A dor lancinante queima o meu peito, ainda não acredito que uma simples viagem de negócios resultou em mim sendo baleado. Já estive em diversos conflitos, na linha de fogo com várias máfias e sempre saía sem nenhum arranhão. Minha sorte parece ter mudado desde o dia em que essa morena turca cruzou o meu caminho.

- Irmão, olhe para mim! - Alp grita ao meu lado no helicóptero - Não se mexa iremos te levar para um hospital.

- Não façam isso! - falo em meio a dor - Engin exija que o piloto continue o voo, em menos de três horas estaremos na Itália, quero sair imediatamente deste país!

Efe, um dos meus seguranças, está agora ao meu lado estancando o sangue que jorra do meu peito, dói como o inferno, mas de certa forma estou aliviado que o tiro não tenha atingido meu coração.

- Serkan é arriscado não pararmos agora para ver essa ferida - meu amigo fala preocupado - Você está perdendo muito sangue, e se não controlarmos essa hemorragia tudo ficará mais difícil depois!

- Cala a boca Engin - respondo com esforço - Eu já dei minha ordem!

Olho para meu irmão que parece assustado e tenta segurar o choro.

- Foi tudo culpa minha! - Alp diz enquanto uma lágrima escapa de seus olhos - Me desculpe irmão, se algo acontecer com você não sei o que será de mim!

Eu amo esse garoto, ele é meu protegido e é uma pena que não saiba demonstrar o quanto ele é importante para mim. A única coisa que sei fazer é treiná-lo para ser um homem forte e protegê-lo no processo.

- Pare com isso Alp, homens feitos não choram - mesmo ferido ainda consigo ser autoritário - Apenas uma pessoa tem culpa sobre o que aconteceu e eu vou esmaga-la assim que tiver a oportunidade!

Argh qualquer movimento parece que vai rasgar a minha alma.

- Tahir - chamo o rapaz que faz parte dos meus soldados - Você já esteve no exército e com certeza entende de primeiro-socorros melhor do que nós.

Suspiro agoniado de dor antes de continuar.

- Preciso que você tire essa bala do meu peito, será mais fácil de parar o sangramento!

- Mas senhor Capo eu não sei se posso... - ele tenta argumentar, mas eu o repreendo com um olhar duro.

- Faça o que mandei - estou prestes a desmaiar - Alp ajude-o, sejam rápidos!

Meus homens fazem o possível para seguir minhas ordens no cubículo da aeronave. Quando o líquido é jogado na minha ferida e a bala é retirada eu mordo os lábios para não gritar arrancando sangue deles.

- Me dê a bala - peço um tempo depois em um suspiro fraco - Eu sou um Bolat e nada nem ninguém poderá me derrubar!

Passo o restante do trajeto sentindo calafrios e vez ou outra perco a consciência. Em um desses momentos minha mente é jogada para um sonho conflitante.

Estou deitado em uma espécie de pergolado de madeira em uma praia deserta, esse lugar lembra muito a minha casa nas ilhas Egadi na Sicília, o sol começa a se pôr no horizonte. Estranho o sentimento no meu peito, é uma paz que nunca senti antes. Então surge na minha frente uma mulher com silhueta delicada, ela fica por trás das cortinas brancas me impedindo de admira-la.

- Você voltou para mim capitão?! - a voz melodiosa fala - Tantas saudades eu senti amore mio.

Eu tento me levantar e arrancar o tecido que a esconde, mas a mulher foge rindo.

STRANI AMORI Onde histórias criam vida. Descubra agora