Piña Colada

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[Poppy Pov:]

Eu já não conseguia me manter muito bem equilibrada naqueles saltos que machucam meus pés e me sinto desorientada pela música, mas quando abro os olhos, tenho um vislumbre absolutamente mágico.

A cobertura.

Quando chegamos ao último andar?

As estrelas cintilam, intangíveis, na imensidão do céu obscuro. Estiquei minha mão de forma quase inconsciente, para tocá-las. É óbvio que isso não aconteceu. Fiquei na ponta dos pés e quase tropecei, mas Scarlett fez a gentileza de me segurar. Ela foi capaz de sustentar o peso do meu corpo com bastante facilidade.

— Nossa, Lucy! Você nem tocou na bebida. Como já está caindo pelos cantos assim?

Ela riu e eu me lembrei a razão pela qual estava aqui. A essa altura, Branch já deveria estar nos procurando. Precisava encontrar uma maneira prática de tocar no nome de Jillian, mas sem parecer intrigada com o assunto. É difícil me concentrar quando o cômodo parece estar girando... e girando. E girando.

— É que eu liguei para a Jillian algumas semanas atrás — Choraminguei. Acho que não precisei fazer muito esforço. — E queríamos nos encontrar aqui hoje. Mas ela... não apareceu.

Scarlett afastou uma longa mecha de cabelo do rosto, que caiu como um véu sobre seus ombros nus. O negrume era de uma escuridão profunda, abstrata e sensual. Mas a expressão nos olhos da garota se manteve. Ela não pareceu surpresa à menção do nome da vítima, ou se o esteve, não demonstrou.

— Jillian? — Ela balançou a cabeça, como se estivesse em busca de algum rosto familiar na memória.

— É! A Jill Taylor — Suspirei, acrescentando em um tom ingênuo: — Ela me prometeu que viria...

Agora Scarlett aproximava suas mãos das minhas, apertando-as como se tivesse a intenção de me confortar. Não sei se estava funcionando, mas ela também não parecia particularmente preocupada. Não havia qualquer aflição em seus olhos ou sinal de culpa que eu pudesse identificar. Talvez nem soubesse que Jillian tinha morrido.

Mas uma coisa me incomodou. Suas mãos estavam geladas.

Talvez seja porque estamos na varanda.

Quando meus olhos a encontram novamente, seus lábios vermelhos como o alvorecer estão entreabertos. Ela parecia pensativa, e agora sua voz soava distante.

— Eu sei quem ela é. Trabalha comigo em um seriado... mas não nos encontramos recentemente. Tenho estado ocupada esses dias, com as gravações dos últimos episódios. O diretor não sai do meu pé.

— Oh.

Faz-se um silêncio estranho. Há um estampido alto, e eu tenho um sobressalto. Mas não passa de um rapaz abrindo uma garrafa de algo que parece champanhe. Ele serve várias taças, a pedido do barista. Quando passa uma para Scarlett, observo seu rosto, e sua expressão me provoca um calafrio. O que há de errado com ela? Não pode ser por causa de Jillian, será?

Mas ao invés disso, a garota olha para mim e ergue sua taça.

— Talvez na próxima ela venha com a gente. Não desanime, Lucy! Ainda vamos nos divertir bastante hoje. Farei desta a melhor noite da sua vida!

Criminal RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora