Amanhecer

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[Branch Pov;]






O resto do caminho até a delegacia foi percorrido em silêncio. Mesmo com a possível culpada algemada no banco de trás, não me parece natural que minha parceira esteja tão quieta. É quase como se estivesse adormecida ou algo assim. Olho discretamente na direção dela e vejo que sua cabeça está levemente apoiada no vidro, os olhos fechados como plumas. Scarlett também não diz nada, mas posso vê-la pelo retrovisor. Ela mantém um semblante sério e o rímel que formou uma massa escura em seus olhos se mistura aos cabelos desgrenhados pela embriaguez. Não posso acreditar que ela e Poppy se beijaram. Quer dizer... por que isso importa? Minha parceira provavelmente  imaginou que sua personagem faria algo assim, ou que isso teria alguma relevância para o caso. E de certa forma, houve. Pelo que ela me disse antes de adormecer, Scarlett tem inveja de Jillian Taylor. Digo, tinha. Talvez não esteja diretamente envolvida no crime, mas pode muito bem ter contratado alguém para dar um jeito na sua rival. E também há a possibilidade – mais intrigante – de sua mãe ter sido a autora de ato tão tenebroso. Bom, claro que já vi casos piores. Acho que tenebroso não é uma palavra aplicável a este.

Só consigo me sentir grato pelo Cap. Hale ter designado Nina e Bitelo para o interrogatório, pois o cansaço da madrugada em claro está começando a nublar não só meus pensamentos, como também os outros sentidos. Não posso evitar; estou amortecendo. Considerei parar e comprar um café – algumas lojas estão abrindo nesse instante, pois há quem saia muito cedo para o trabalho – mas simplesmente não tenho energia nem para isso. Minhas pálpebras estão cada vez mais pesadas e manter os olhos abertos é extraordinariamente cansativo. A necessidade de apagar aqui mesmo é tão implacável quanto a chuva que começara a cair mais cedo.

Está chovendo bastante ultimamente. No céu, onde a mudança da luz anunciava os primeiros traços fracos do amanhecer, o ar ficava turvo. Não acho que uma garoa fina seja tão detestável, mas o tipo de chuva que está caindo sobre a cidade é aquela chuva intensa que se assemelha a um grande paredão de água, castigando quem quer que esteja nas ruas. Mal posso distinguir as luzes nos semáforos desse jeito, e ficar preso no trânsito depois de passar a noite inteira sem dormir não é a minha melhor ideia de diversão. Talvez fosse só uma tempestade passageira, mas não era o que estava parecendo.

Meu relógio marca 05:40.

Em uma manhã razoável a essa altura, o céu já estaria disposto em suas cores vibrantes de tons alaranjados, com o Sol se dispondo sobre ele. Sua luz reluziria nas ondas, cujo mar se tornaria ouro derretido.
Solto um grunhido irritado. Manhãs devem boas, tranquilas e adequadas. Não como essa. O céu está horrível. Não é nada como um dia nublado comum. As nuvens obscuras lançam suas maldições sobre nós enquanto uma luz prateada troveja no ar. Vejo alguns clarões. Depois ouço os rugidos dos trovões, anunciando nosso cruel destino. É como se o dia nunca tivesse começado para início de conversa. Como se ainda não houvesse amanhecido. Está tão escuro que só me dou conta que há um carro buzinando atrás de mim quando vejo a lanterna.

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