2. saturday

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''If one thing had been different , would everything be different today?''

Eu me perguntava quem estava batendo na minha porta às 7 da manhã depois de eu ter uma noite com o total de 3 horas de sono.

Eu descia as escadas devagar para evitar que eu caísse e quebrasse alguma parte do corpo, minha aparência devia estar horrível, se alguém me visse com certeza sairia correndo.

Alguma pessoa sem um pingo de paciência tocava a campainha sem parar.

— Já vai! — Eu berrei indo em direção a porta.

Eu pego a chave da porta e a abro vendo Hailee parada na minha frente com roupas de academia e um sorriso de orelha a orelha.

Minha melhor amiga tinha ido me visitar e estava tão aliviada de ver ela ali que meu coração poderia saltar pela boca.

Eu não tenho tempo de falar nada quando ela vem para cima de mim me abraçando fortemente.

Eu retribuo e abraço ela mais forte ainda, a segurando como se ela pudesse escapar dos meus braços a qualquer instante.

— Ivy, pelo amor de Deus, me solta, você está esmagando meus órgãos — Hailee fala com a voz abafada como se eu realmente estivesse esmagando seus órgãos.

— Então você é a pessoa amarga que me acordou tão cedo.

— Não haja como se você não estivesse explodindo de alegria por me ver — Ela passa por mim entrando na minha casa — É uma casa muito legal, onde você arranjou dinheiro para alugar, roubou um banco, espera, você virou stripper? Pensando bem, não é muito sua cara...

— Meu Deus Hailee — Eu disse dando uma gargalhada. — Meus pais estão pagando pela casa, provavelmente com pena de mim — Eu disse já sem tanta alegria.

— Não faz essa cara, eles só querem ver você alegre de novo. Assim como eu, por isso vim aqui — Ela disse com seu melhor sorriso abrindo seus braços e dando uma volta para se exibir — Você está bem? — Ela disse com um tom preocupado virando meu rosto com suas mãos para poder me examinar melhor.

Eu sabia que estava péssima, com olheiras e a cara toda amassada.

— Vou fazer um café bem forte pra você e então a gente pode colocar as fofocas em dia, ok? mas primeiro tem uma pessoa no carro muito animado pra ver você. — Hailee fala saindo pela porta e voltando alguns segundos depois com seu yorkshire terrier nos seus braços já o colocando no chão.

— Martini! Vem aqui garoto! — Eu digo com uma voz usada apenas quando estamos falando com animais.

Assim que Martini chega até mim eu o pego no colo e começa a acariciar sua barriguinha peluda.

Hailee então vai até minha cozinha e começa a fuçar buscando por comida.

Eu largo Martini no chão e vou até ela para ajudá-la.

— Preciso fazer compras. — Eu torço o nariz olhando para geladeira aberta cheia de potes de sorvetes e algumas outras poucas coisas.

— Tem café e podemos fazer panquecas. Eu acho que temos comida suficiente para o café da manhã.

Ela começa a fazer o café da manhã e eu vou ajudá-la pegando os pães da sua mão para colocar na torradeira até que ela dá um tapa na minha mão.

— Nada disso, eu faço o café da manhã, eu vou cuidar de você hoje. — Ela fala arrancando uma risada minha.

Então eu começo a observar enquanto ela faz as torradas, o café e como já era de se esperar ela pega algumas frutas, Hailee sempre foi uma pessoa muito saudável.

Eu estava atualizando Hailee sobre alguns acontecimentos na minha vida — não que houvessem muitos — inclusive sobre uma certa pessoa de cabelo rosa que eu tinha conhecido em uma festa.

Hailee me lança um olhar de segundas intenções.

— O que? Não é como se a gente tivesse transado. — Eu falo na defensiva.

— Eu não disse nada. — Ela levanta os ombros.

Quando ela termina de preparar tudo, sentamos para comer juntas.

Hailee então fala que conseguiu um novo emprego, ela também fala que minha irmã e meus pais sentem minha falta — ela fofoca muito com minha mãe na verdade — e que eles não veem a hora de me visitar, mas não podem agora porque estão muito ocupados.

Eu sinto como se todo mundo tivesse seguido em frente, mas eu não. Eu me sinto congelada no tempo. É como se o tempo tivesse passado para todo mundo, mas para mim não. E eu não culpo eles, de maneira alguma, na verdade quem eu culpo sou eu mesma. As vezes eu me pergunto, se apenas uma coisinha tivesse sido diferente, tudo seria diferente hoje?

Todos que conheço me falam para seguir em frente, esquecer o passado, mas sempre que eu fecho meus olhos a noite a única coisa que eu enxergo é o passado. Ainda estou presa nele e não sei como sair.

As pessoas também falam que isso não é nada de mais, que isso acontece o tempo todo, com todo mundo, mas, se fosse uma coisa tão simples eu já devia ter esquecido não é?

O que há de errado comigo?

E porque todo mundo não pode cuidar da própria vida?

Xx

Hailee e eu passamos a manhã inteira em casa deitadas no sofá assistindo pelo menos a metade dos filmes de velozes e furiosos com Martini — o cachorro — uma hora dormindo no seu colo e outra hora dormindo no meu. Ela disse que tinha planos de ir para a academia, mas desistiu e resolveu ficar comigo.

Eu amava esse tipo de programa, ficar só em casa assistindo filmes, sem se preocupar com minha aparência, ou com o que vestir, eu também posso gostar de festas, ou tipo de coisas assim, mas não tem nada mais reconfortante do que ficar sem fazer nada com sua melhor amiga, apenas assistindo filme e ficar comentando a cada 5 segundos sobre alguma cena.

Eu vou sentir saudades quando ela for embora.

— Você ainda não me falou onde vai trabalhar — Eu falo parando de prestar atenção no filme e me virando pra ela. — Se for em algum muito longe eu juro que choro na sua frente.

— Isso era uma surpresa — Ela fala rindo. — Eu vou trabalhar aqui, nessa cidade, pertinho de você.

Eu dei um grito e pulo pra cima dela a abraçando.

— A gente vai morar pertinho uma da outra meu Deus! — Eu falo dando um beijo em sua bochecha. — Por quanto tempo? — Eu falo finalmente a soltando e voltando a me sentar ao seu lado.

— Só até o verão acabar, você sabe, até as pessoas daqui cansarem de fazer festas.

Hailee era organizadora de festas, e ela amava seu trabalho.

— E eu arranjei uma casa não muito longe daqui, eu tô dividindo o aluguel com essa garota que trabalha na mesma empresa que nos contratou.

— Eu não acredito que vou passar minhas ferias perto da minha melhor amiga! — Eu falo voltando a abraçá-la.

— Infelizmente não sei se vamos passar tanto tempo juntas porque minha agenda tá cheia, o pessoal daqui é rico e gosta de uma festa, eu tenho uma centena delas para planejar, e tenho certeza de que daqui a pouco alguém vai precisar do seu trabalho.

Era verdade, eu era fotógrafa, e sempre tinha alguém precisando de uma fotógrafa, e principalmente em um lugar tão bonito e fotogênico como Rhode Island.

— Pelo menos algum tempo eu sei que vamos ter juntas — Eu falo a fazendo sorrir.

Parece que o universo realmente nos queria em Rhode Island.

Rhode Island • Michael Clifford Onde histórias criam vida. Descubra agora