Aurebrae e Miraella

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No dia que Deus trouxe sua ira aos humanos o mundo tremeu.

Quando ele destruiu seus próprios filhos a natureza chorou por sua dor.

E Deus sofria em silêncio. Com o coração sangrando em amargura e despedaçado pela perda da única pessoa que ele queria ao seu lado.

Deus viveu sempre sozinho, ele via de longe seus filhos desenvolverem seu império. Ele viu Valiria nascer e florescer, viu os dragões crescerem poderosamente e viu as crianças aprenderem a doma-los.

Ele só observa silenciosamente, nunca se envolvendo ou interagindo com eles. Até que um dia uma jovem veio até o templo em que ele morava.

Inicialmente, Deus não deu muita atenção a ela. Tudo que a jovem fazia era limpar a grande salão e colocar oferendas aos pés da estátua dele no altar. A estátua era feita inteiramente de obsidiana e era no tamanho real dele.

A jovem se ajoelhava em frente a estátua e juntava as mãos em oração. Ela passava horas assim até a noite cair, então ela levantava e ia embora para no dia seguinte voltar e fazer o mesmo ritual novamente.

Depois de semanas vendo a jovem continuar nessa mesma rotina, ele passou a prestar atenção nela e a esperar suas visitas ao templo. Nunca alguém passou tanto tempo vindo todos os dias ao templo.

Um dia a jovem parou de vir e passou-se uma semana até ela aparecer novamente. Neste dia Deus resolveu falar com ela, pois estava curioso sobre essa menina.

- Por que você vem aqui?

Uma voz andrógena ecoou pelo salão assustando a jovem ajoelhada em frente a estátua. Ela com medo olhou para os lados procurando alguém, mas não viu nada.

- Não precisa ter medo. - A voz ecoou novamente. - Você vem aqui todos os dias, por que você faz isso?

Deus estava sentado no altar em frente a ela. Ela não conseguia vê-lo, mas ele observava ela. Ele sentava com as pernas cruzadas e com a cabeça descansando em uma mão, com o cotovelo apoiado no joelho, observando o rosto da menina que olhava curiosamente para os lados.

A menina então sorriu brilhantemente e falou olhando para o rosto da estátua:

- Por que aqui eu posso conversar com Deus.

A resposta dela surpreendeu ele. Ele achou engraçado e deu um sorriso perguntando:

- E ele responde você?

- Ele não precisa. Mas eu sinto em meu coração que ele me observa. - Ela respondeu colocando as mãos no peito e sorrindo timidamente.

Deus foi tocado pelo sorriso daquela menina, ele ficou deslumbrado olhando para ela durante um tempo. Até que ela falou olhando para os lados.

- Mas quem é você? Onde você está?

Ele voltou a si e deu uma tosse falsa para se recompor, e disse:

- Eu vivo aqui. Não gosto que os outros me vejam.

- Então você é uma sacerdote?! - Ela perguntou curiosa.

- Algo assim. - Ele respondeu.

- Incrível! - Ela exclamou animada e começou a tagarelar contando sobre o que ela sabia de Deus e o quão incrível ele era.

Deus ouviu a voz primaveril da menina o enaltecendo timidamente. Era um pouco vergonhoso ouvi-la descrever o quão incrível ele era, mas ele ainda assim ouviu atentamente e as vezes a respondia a deixando mais animada ainda.

Os dias monótonos de Deus se tornaram passado desde o dia em que aquela menina começou a visitá-lo. Os dois passavam o dia conversando, ela contava várias histórias fascinantes sobre o mundo humano e ele contava a ela sobre os seres que viviam escondidos pelo mundo, ela ouvia e ficava fascinada com as histórias dele. Seus olhos brilhavam e ela nunca parava de sorrir, e Deus não conseguia tirar os olhos de seu rosto alegre.

Os dois irmãos TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora