Prece

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Eileen entra no quarto dos pais silenciosamente sem bater, as luzes estavam apagadas e as cortinas fechadas deixando o ambiente na penumbra, ela se aproxima da cama e observa a mãe que ressona baixinho enrolada numa manta, o rosto da mulher mais velha ainda estava vermelho e inchado o que deixava claro que ela esteve chorando, Eileen suspira com pesar e se encaminha para o lado da cama que o pai dorme, puxa a manta devagar e deita junto a mãe aproximando o corpo da mesma a abraçando por trás pousando o rosto levemente em suas costas. Estava preocupada com ela, sabia que teria que ir atrás do pai e deixá-la sozinha, mas naquele estado em que ela se encontrava para a jovem não era um boa idéia. A mãe era muito sensível e preocupada com a família, imaginava o quanto foi difícil para ela aquela semana tendo que lidar com desaparecimento do marido sem contar aos filhos. A cabeça da ruiva trabalhava a toda, precisava achar um meio termo, a mãe precisava de companhia, alguém que cuidasse dela enquanto eles iam atrás do pai tranquilos. Então o rosto de Jody Mills atravessa o pensamento da jovem, ela sabia que seriam algumas horas de Sells Falls até a casa deles no kansas mas valeria a pena esperar um pouco, paz de espírito pra focar na missão era muito importante naquele momento pois não poderiam cometer nenhum erro afinal era a vida de Samuel Winchester que estava em jogo ali. Nem cogitou a idéia de que tia Jody negaria, afinal quando ela descobrisse que Sam havia sumido ela viria de qualquer jeito. 

Katherine Winchester se remexe acordando aos poucos e ao sentir o corpo quente a abraçando por trás por um segundo pensa ser seu marido, vira-se com o coração aos saltos e apesar de amar muito a filha adotiva seu coração entristece ao ver ela e não o amado marido ao seu lado, seus olhos enchem de lágrimas e a expressão desolada da mãe é como se enfiassem uma faca no peito de Eileen, as duas se abraçam como dá ainda deitadas e a mulher mais velha chora alto desconsoladamente enquanto a mais jovens tenta acalmá-la com carícias nas costas e cabelos dizendo palavras reconfortantes. A porta se abre e Dean e Ben Winchester olham a cena com um aperto na garganta engolindo a vontade de chorar também. Eram uma família muito unida e o centro daquela família era Sam Winchester e nunca na vida aquelas quatro pessoas se sentiram tão impotentes e perdidas como naquele momento. Os  dois  jovens  se aproximam e  cada  um de um lado pousa  a mão no braço da mãe  em forma  de carinho, ficam ali uns  minutos  apenas  ouvindo o choro dolorido da  mulher que  logo pega no sono outra vez  suspirando desolada, o calmante ainda fazendo efeito no organismo dela.  Deixando a mãe descansar o jovens se reunem outra vez na  sala em silêncio absortos nos  próprios pensamentos.  - Vou pedir pra tia Jody vir ficar com a mãe. _ Eileen anuncia quebrando o silêncio fazendo os  dois homens a  encarar, ela  esfrega as mãos no rosto se inclinando para frente sentada no sofá  pousando os cotovelos nos  joelhos apertando as mãos uma na outra olhando as fotos da familia no aparador  embaixo da janela  grande. -  Ela  não pode  ficar sozinha e  não sei o quanto  a  gente  vai demorar  pra  voltar  pra  casa. _ Ela foca em sua foto de formatura, estava segurando um buque de tulipas amarelas que o pai havia lhe dado naquele dia e eram suas favoritas, vestindo a  beca da fomatura e o capelo na cabeça, ostentando um sorrisso gigante, enquanto Sam Winchester estava ao seu lado envolvendo seus ombros com um braço num abraço de lado no seu terno impecável e novo, comprado apenas para aquela ocasião, olhava orgulhoso para a câmera não escondendo a felicidade que aquele momento lhe trazia. A ruiva sentiu uma lágrima descer pela bochecha e logo tratou de afastar bruscamente. Não era hora, não poderia fazer aquilo, não enquanto não achasse Samuel Winchester. Seus ombros são envolvidos e Dean a puxa para mais perto carinhoso.

- Vai ficar tudo bem pimentinha. A gente vai trazer o pai pra  casa. _ o apelido carinhoso que o mais jovem a chamava não tinha nada a ver com a cor recente dos cabelos e sim com o fato de que desde pequena a garota é  esquentada e não leva desaforo para casa, acabando por  se meter em todo tipo de problema, principalmete quando envolvia defender alguém que ela gostava ou considerasse mais fraco. Eileen nunca se sentiu ofendida com o apelido até gostava na  verdade principalmente porque foi Ben que o deu. 

- Eu vou ligar pra Jody fiquem de olho, a tia Rowena vai aparecer a qualquer momento. _ o mais  velho que  os  observava com atenção se levanta falando firme quebrando o silêncio   pesado que se seguiu.  Ben sabia que fosse como fosse mesmo sendo difícil ela não choraria na  sua  frente, não foi sempre assim é claro, quando eram mais novos ela  corria  para ele  sempre que algo acontecia  como se de alguma  mandeira ele  fosse a  defender do problema e acabava que era assim mesmo. Ben sempre a protegeu, sempre assumiu a culpa quando ela  fazia algo errado, sempre correu ao seu encontro caso ela  chamasse chegando até a perder namoradas por isso quando mais jovem, não porque a considerasse sua  irmã ou sua responsabilidade, talvez no começo acreditasse nisso mas com o passar do tempo ele  foi descobrindo que o que sentia pela garota nada tinha de  fraternal, por isso tinha parado de  tentar se  envolver com outras  mulheres ele  sempre  acabava as comparando com ela  ou as  deixando por  ela, porém era um segredo que talvez nunca fosse revelar. 

Quando dá por si Ben está dentro da garagem em pé em frente ao impala coberto por uma lona, o homem sente um aperto no peito ao lembrar do dono do carro. Dean Winchester apesar das poucas lembranças que tinha dele foi um bom pai e Ben nunca o esqueceria ou consideraria menos que isso.  Assim como Sam tinha feito um bom trabalho com os três, mas esse tinha tido mais tempo com eles essa era a verdade. Ben se entristecia sempre que se dava conta de que Eileen nunca veria Dean como ele  via, apesar de ser biologicamente filha de Dean ela nunca o considerou como tal no máximo as vezes o chamava de tio apenas para o agrado de Sam. Ben sabia que no fundo a garota guardava rancor do caçador falecido e isso entristecia o rapaz profundamente. Dando a volta ele para ao lado da porta do motorista e tira a lona com cuidado, passa a mão na lataria do automóvel como uma reverência sentindo um nó na garganta. Tanto ele quanto Eileen e Dean já tinham visto o pai fazendo aquilo como um tipo de ritual sempre que algo acontecia, triste ou feliz. Ele fecha os  olhos e faz uma espécie de prece ao universo para que seu pai onde estiver esteja vivo e bem. 

 

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Eu estou amando essa fic!

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